segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Daqui a pouco

Daqui a meia hora começa a cerimónia dos óscares. Um evento cujos resultados só conhecia nas notícias da rádio despertador, mas que ultimamente me tenho esforçado por acompanhar passo a passo (o que implica sono redobrado no dia seguinte). No ano passado lá consegui ficar até ao fim, para ver as nada surpreendentes atribuições. Este ano a coisa já dá para apostar. Scorcese ou Clint? Swank ou Benning? Ray ou Howard? Shreck ou Incredibles (é assim que se escreve, não é?)? Owen ou Freeman? É mesmo nesta classe de secundários que está uma das minhas maiores expectativas. É certo que Natalie Portman tem uma actuação memorável e arriscada em Closer. É igualmente verdade que não ainda vi O Aviador. Mas de qualquer forma, gostava muito de ver a senhora que encarna esta outra senhora da imagem de baixo com uma estatueta na mão.



Se não fôr possível, fica para outra noite. Mas aí terá de ser a principal. Como as quatro que a senhora de cima ganhou.

domingo, fevereiro 27, 2005

Delgado por ele próprio (mas com alguma razão)

Também Luís Delgado veio esta semana dizer, em defesa do "Pedro", o contrário do que andou três anos a apregoar: que Durão Barroso tinha sido mau primeiro-ministro, que não tinha cumprido as suas promessas, nomeadamente a do choque fiscal, e que por fim tinha abandonado o país depois da promessa de não o fazer. É certo que dos comentários de Delgado pode-se esperar tudo, mas normalmente o seu facciosismo tem certa coerência. Desta vez resolveu renegar tudo aquilo que tinha sido o seu cavalo de batalha nas meses que antecederam a chegada de Santana Lopes ao poder.

Mas incoerente ou não, reconheça-se que tem a sua razão. Durão poucas promessas cumpriu, recorreu ao discurso da tanga ao mesmo tempo que disfarçava a falta de cumprimento da sua promessa de um governo de estrelas, não aplicou nenhuma das medidas a que se propunha, não conseguiu controlar o défice, mas tão somente disfarçá-lo, e por fim teve a edificante conduta que se sabe: depois de uma estrondosa derrota nas europeias (uma "banhada", segundo Marcelo Rebelo de Sousa), e de dizer que tinha "percebido a mensagem do povo português", Durão tansmutou-se em Barroso e abalou para a Comissão Europeia. Para o seu lugar impôs, sem admitir novas eleições nem pedir a opinião a ninguém, alguém que sabia não ter as menores qualidades para o cargo (nem tinha sido eleito deputado nessa legislatura), quando a sucessão só deveria ser feita na pessoa do seu número dois, ou seja, Ferreira Leite. Fala-se em irresponsabilidade e fuga para a frente. Fala-se em vingança pessoal, para queimar um adversário de longa data. Se se trata deste último caso, então é ainda mais grave; Barroso terá andando a brincar com o futuro do país por meras razões pessoais (e de sentimentos que são tudo menos nobres). De qualquer forma, o Presidente da Comissão, que sofreu grandes dificuldades para formar a sua equipa e a quem uma revista alemã recentemente chamou "Sr. Banalidades" não terá vida fácil quando regressar ao país. A memória pode ser curta, mas há actos que pela sua leviandade dificilmente se esquecem.
Santana por ele próprio

É verdade: Santana Lopes, que passou dois meses a queixar-se amargamente da dissolução da AR e da alegada conspiração de Jorge Sampaio veio agora dar-lhe razão, que sim senhor, o povo português demosntrou como a decisão presidencial tinha sido acertada. Se alguém duvidava da volatilidade e alternância das opiniões do Primeiro-Ministro cessante, ficou agora definitivamente esclarecido.
Mas é claro!

No Eixo do Mal desta noite falou-se da sucessão de Paulo Portas à frente do CDS/PP. Entre os vários nomes do costume, ouviu-se, sussurrado entre sorrisos, a mágica solução: Nuno Fernandes Thomaz. Ex-Secretário de Estado do Mar (cujos conhecimentos se deviam ao facto de "gostar de ir à praia e andar de barco"), infeliz candidato a deputado por Santarém (uma ligação devida ao facto de lá ir "para visitar uns amigos"), para o qual queria um Museu da Bíblia e "um parque temático como a Eurodisney, é o candidato ideal para levantar a direita portuguesa do chão. Como é possível que ninguém se tenha lembrado disto antes?
Piadinha pós-eleitoral

Nem com a bênção de Christo, nem fazendo campanha nos EUA com pendões laranja, o PSD conseguiu ganhar as eleições.



(Central Park, New York, Fevereiro 2005)

The Gates: obra de Christo, montada no Central Park, numa extensão de várias dezenas de milhas de estruturas cor-de-laranja. Só até amanhã.

sábado, fevereiro 26, 2005

Agora sim

Dá-me ideia que os problemas técnicos que afectavam este computador (e consequentemente o blog) estão sanados. A melhor notícia do dia (além claro, da confirmação de que Jorge Coelho não fará parte do governo).

A pior é, sem margem para dúvidas, o agravamento do estado de saúde do Papa. Mesmo com as melhoras anunciadas, tenho receio que não sejam as suficientes para que o Sumo Pontífice consiga exercer regularmente as suas funções.

Parabéns ao Sporting, por finalmente mostrar que também consegue bons resultados a nível europeu. O SLB, pelo contrário, saiu de forma inglória, por culpa de um CSKA interessante mas longe de ser um colosso europeu. Segunda joga-se no sempre escaldante terreno do Porto; este Benfica não me dá grande confiança, mas o certo é que o visitado já nem se lembra quando é que ganhou pela última vez em casa, além de que quase que pede licença para marcar um golo, invariavelmente por um jogador que não preenche as características de ponta-de-lança. A ver vamos. De qualquer forma, nesta altura o futebol nem é o que mais me distrai.

Santana demitiu-se, como já tinha dito. Os candidatos a liderança do PSD prometem fazê-lo voltar "ao centro-esquerda social-democrata". Assim sendo, em que é que o PSD se distinguirá do PS?

No CDS-PP continua o tabu. Telmo Correia, Pires de Lima, Nobre Guedes e Lobo Xavier estão indisponíveis para a liderança. A não ser que Nogueira Pinto avance, só mesmo Portas poderá suceder a si mesmo. embora haja sempre a vaga possibilidade de aparecer outra nova geração - como a de Monteiro/Portas - a querer marcar posição (não, não estou a pensar de forma alguma em João Almeida, nem em ninguém em especial) .

Millon Dollar Baby não será o melhor filme da década, mas os velhos Clint e Freeman estão melhores que nunca, já para não falar desse prodígio que surge de cinco em cinco anos chamado Hillary Swank. Em fim-de-semana de Óscares, é uma séria ameaça a Scorcese e ao seu Aviador, que conto ver antes de Domingo.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Noite eleitoral

Ainda com dificuldades técnicas no computador, farei alguns comentários breves à noite eleitoral. Não que sejam assim tão necessários como isso, nem tenham a perspicácia, acerto e pertinência da (soberba) cobertura minuto a minuto feita pelo Blasfémias. Apenas porque me apetece, e nada mais.

O vencedor é claro: Sócrates. Sem fazer muito por isso, levou o PS à maioria absoluta, sozinho, sem necessidade de depender de ora em diante de eventuais acordos com uma esquerda mais assanhada. Ultrapassou a campanha mais maldizente de que há memória, mostrou um partido unido e tem agora a oportunidade de demonstrar o que vale. Não se lhe pedem milagres, mas tão só medidas corajosas e sensatas que tornem o país um pouco mais civilizado.

O PSD, ou melhor, Santana Lopes, é o grande derrotado. Como se previa. As pessoas não são tão distraídas como o quiseram fazer crer e mostraram um enorme manguito à irresponsabilidade e leviandade do PM que tínhamos. A hora é de regenerar. E de rolarem cabeças. Pacheco Pereira e Miguel Veiga ajudam a sustentar o cutelo. Marques Mendes pretende ser o carrasco-mor. Outros surgirão, com as mesmas intenções. Mas o enfant, que de terrible já nada tem, não pretende caír sem luta. Menezes e Jardim ajudá-lo-ão? Morais Sarmento e Arnault serão mesmo fieis, ou não tardarão a assobiar para o ar?

Aqui há uns meses imaginava-se a total derrocada do vetusto PCP. Supreendentemente, Jerónimo de Sousa aguentou-se e aproveitou a boleia da viragem à esquerda. A tal imagem de autenticidade acabou por dar os seus efeitos, sobretudo a Norte, onde o PC teve mais ganhos em deputados. Resta saber por quanto tempo travará a inflexão descendente. Para já, pode dormir descansado.

Sem sofrer uma derrota catastrófica nos números, o PP não atingiu nenhum dos seus objectivos. A ideia de que nada tinham a ver com o desnorte do governo não pegou. Um Paulo Portas de desespero contido resolveu passar a outro ciclo, mas sinceramente não se imagina quem lhe possa suceder. O PP, como a sigla indica, é um one man party. Fora do poder, voltará aos tempos das feiras e da defesa da lavoura? Aproveitar-se-à do apoio do Independente, sempre disponível, voltando a ser um partido de combate? O futuro dos conservadores é talvez um dos assuntos mais interessantes a acompanhar nos próximos tempos.

BE: a maior subida do noite, em votos e mandatos. O movimento composto por neo-trotskistas (mas não só) consolidou-se na AR, e quase que conseguia um nono mandato por Braga. Mas a maioria absoluta do PS deve impedir muitas veleidades. Têm contudo razões para festejar.

Pequenos partidos: mais uma vez, nada.O Dr. Monteiro não faz mesmo a diferença. Garcia Pereira também não. Os únicos a rir foram o PPM e o MPT, depois de terem sido engolidos pelo PSD.
Gozo da noite: Alberto João Jardim, sentindo o peso da derrota (à última da hora, perdeu um deputado para o PS), vociferando contra "os poderes corporativos de Lisboa". Não lhe ocorreu que tivessem sido antes os poderes populares do país a correr com o seu partido.

Mau perder do dia: ver os posts de Paulo Pinto de Mascarenhas, Inês Teotónio Pereira e Jacinto Bettencourt no Acidental. A saída do poder provocou choro, ranger de dentes e sentimentos ressabiados. Discursos do tipo "somos os únicos com honra", ou "num país civilizado o CDS/PP tinha 100% dos votos" provam bem a falta de fair-play e de espírito democrático que por ali se instalou. E já que falam em não saber ganhar, relembro as palavras que Paulo Portas dedicou ao PS nas legislativas de 2002: "Perderam! É bem feito! Vão-se embora!" Apenas encontro paralelo na arrogância de certos elementos do BE, ao referir-se aos derrotados de agora. Só que atitudes destas acabam por ter um custo. Hoje aconteceu ao PP. Amanhã sucederá o mesmo ao BE. Sem a vantagem de ter passado pelo governo antes.

Adenda: tive de colocar umas palavras e corrigir alguns erros. Soube agora que Sanatana decidiu abandonar a liderança do partido. Tomou enfim uma decisão sensata.

sábado, fevereiro 19, 2005

Chatices várias e desabafos

Com alguns problemas no meu pc, não tenho tenho podido actualizar o blog como queria, e muito menos escrever os posts que pretendia sobre a "windy City". No fim da uma semana que simultaneamente marca o fim de uma aborrecida e suja campanha eleitoral, e em que desapareceu a última das testemunhas vivas de Fátima (desaparecimento aproveitado de forma oportunista pela direita, com a patética interrupção de campanha, e pela esquerda radical, com um anti-catolicismo mal disfarçado, sempre a lembrar o Estado laico para se atirar ao luto nacional, como se uma religiosa não fosse simultaneamente cidadã portuguesa e não representasse tanto para tantos portugueses), e estando a passar por uma medonha constipação, vou tentar ordenar textos e imagens para que para a semana já possam constar no ecrã. Até lá, uma última nota, já que hoje acaba mesmo a campanha: dê por onde der, não votarei, seja em que cenário for, em Pedro Santana Lopes; alguém que durante os anos em que ocupou cargos públicos se limitou a promover a sua imagem com óbvios custos para os dinheiros públicos, que demonstrou uma incrível incompetência a todos os níveis, que se deu mal com a imprensa livre, que não mexeu uma palha para chegar ao poder com mérito, que levou o PSD ao seu momento mais baixo de sempre, e que protagonizou uma campanha eleitoral de boatos, acusações infundadas e ameaças à comunicação social e ás sondagens, esse alguém cujos maiores suportes são Jardim e Menezes, merece uma ampla derrota no Domingo. Porque nem o país nem o seu partido precisam dele à frente. De insultos à inteligência estamos todos fartos. Já se consentiu demasiado ao homem que um dia quis vender Serralves aos construtores civis (e impedido a tempo por Cavaco Silva). A mediocridade tem limites.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Regresso (e depressão)

O regresso à pátria não podia começar de forma mais penosa. Já no aeroporto, a comunidade lusa pronta a embarcar era facilmente reconhecível pelos seus "tipical" bonés, bigodaças, por praguejar alto e por um incrível ar de deslocados. Em pleno voo, num compacto de notícias da RTP, apareceram, em lugar de Braga-Benfica dessa noite, José Veiga e Pinto da Costa a trocar os piropos do costume, num registo torpe das duas criaturas. Até à chegada, no entanto, não tive mais percalços do gênero, já que tanto o filme que passavam (Sky Captain, um entertenimento delicioso que me tinha escapado nas salas de cinema) como o livro que lia e até as primeiras páginas do jornal português oferecido à entrada me recordavam a cidade que deixara para trás. Mas é claro que à chegada outras surpresas desagradáveis me estavam reservadas, como a saída do boarding para o voo do Porto (uma coisa mínima), o autocarro que levava ao avião, que demorou um quarto de hora a arrancar, e a patética amostragem dos passaportes ao SEF, à chegada a Pedras Rubras, depois de se ter vindo de ...Lisboa! Sempre gostava de saber como é que é possível exigir-se o documento em voos internos a cidadãos portugueses.
Enfim, ás 9 da manhã, depois de uma noite na ar e em salas de embarque, estava em casa. Mas numa posterior abordagem aos jornais guardados nestes dias, reparei que a campanha eleitoral tem sido a mais rasteira de que há memória, com boatos, calúnias, insultos, incoerências (mas isso já é costume) ou a mais incrível das loucuras, como a de Nobre Guedes apelar aos populares de Coimbra para impedirem Sócrates de entrar na cidade. Felizmente, estive doze dias afastado de todas estas enormidades. Difícil vai ser aguentá-las até Sábado.

Já agora: alguém me explica porque raio é que, havendo nos aeroportos portugueses mangas de embarque para os aviões, se continuam a usar os mesmos velhos e desconfortáveis autocarros de ligação. As mangas servem para quê? Fazer vista ao turista incauto, para mostrar que somos um país civilizado? Se era assim, escusavam de as comprar. Sempre se evitava um pouco mais de défice.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Enfim

Nem esta assim tanto frio, apesar dos resquicios de neve que ainda subsistem. E o Carnaval, nem ve-lo!

PS: como ja devem ter reparado, nao tenho um teclado nacional. Ha que colocar os assentos nos respectivos lugares, SFF.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Por motivos de ausência (para paragens bem mais frias que estas), nos próximos dias vai-me ser difícil actualizar o blog. Provavelmente só mesmo daqui a umas duas semanas. Mas podem sempre passar por aqui, para encontrare pequenos posts escritos à pressa entre o gelo e a neve, e deixar os vossos pertinentes comentários. Nem que sejam anónimos. Contribuam, vá!