quarta-feira, abril 29, 2009

Diane Lane em Streets of Fire



Uma das mais festivas músicas dos anos oitenta. Andei anos a tentar saber qual era, até que a boa e velha rádio me respondeu a essa questão. Nowhere Fast é da autoria dos Fire Inc., um grupo episódico, que só existiu para criar a banda sonora de Streets of Fire, pelo que me é dado a perceber era uma road-ópera-rock-wagneriana-kitsch, envolvendo gangues de motards, glamourosas estrelas de rock e canastrões inconscientes a enfrentar os maus da fita. Só não imaginava que este êxito era interpretado por uma muito jovem Diane Lane, que aqui surgia como uma sensual e fascinante "princesa rocker". Por isso e para recordar mais um hino dos eighties, vale a pena deixar aqui o video.

terça-feira, abril 28, 2009

Os erros de Elisa


Depois de cogitações, rumores, discussões e apelos, Elisa Guimarães Ferreira tornou-se efectivamente na candidata do PS à Câmara do Porto. Reúne o currículo necessário para a empresa: tem experiência política e administrativa como deputada em Estraburgo e S. Bento e como Ministra do Ambiente e do Planeamento, cargos em que mostrou firmeza, convicção e conhecimento das matérias. Não é uma carreirista e, não sendo filiada no PS, não precisa de "ascender no partido". A sua candidatura foi lançada atempadamente. Não é uma populista, mas é conhecida e respeitada na cidade. Será sem dúvida uma candidata temível para Rui Rio. Ou seria.


A candidatura parecia à primeira vista ter todas as condições para triunfar, recolhendo alguma vantagem do desgaste e de alguns anticorpos dos oito anos da administração de Rio. Mas desde o início foram cometidos vários erros que podem afectar a sua credibilidade. Para começar, espalhar uma série de outdoors pela cidade inteira desde Fevereiro não parece ser de muito bom tom, tanto pelos gastos que comportam numa altura de crise financeira e económica, em que o PS deveria ser o primeiro a mostrar sobriedade, como pelas autárquicas ainda estarem longe. Dá ideia que se desvalorizam as europeias e se se dão as legislativas como dado adquirido.


Depois, e mais grave que isso, a candidatura conjunta ao Parlamento Europeu (num lugar elegível) e à CMP são um rude golpe na credibilidade que se exige a alguém que tem reais pretensões a ocupar a Câmara. Tal como acontece com Ana Gomes, para Sintra. Diz Elisa, como justificação, que se for eleita para a CMP não deixará de ocupar o lugar, desistindo do PE. Óptimo. Mas e se perder? Pelo que me disseram, recusar-se-ia a ficar como vereadora (ao contrário do que sucedeu com Francisco Assis) e regressaria a Estrasburgo, dado que o seu estatuto e o seu currículo não lhe permitiriam liderar a oposição. Não vi essas declarações, apenas mas contaram, pelo que carecem de confirmação. Mas caso sejam verdadeiras, são um golpe em qualquer mensagem de seriedade que se queira fazer passar. Além de considerar a Câmara como coisa menor se não for a presidência, a mensagem que fica é que falhada a eleição autárquica terá sempre um lugar à sua espera, e um dos mais cobiçados. Como se não bastasse, faz ver que o seu currículo pesa mais do que a intenção de servir a causa pública, não admitindo ficar na vereação. Considerará o lugar "desonroso", depois de ter sido ministra? Talvez fosse bom olhar o exemplo inverso de Francisco Assis, que ocupou o seu lugar na edilidade, ainda que sem pasta, mesmo tendo permanecido como eurodeputado.


A ser verdade, tudo isto é deprimente e só dá gasolina aos que acusam os políticos de serem "todos iguais" e de "só quererem poleiro". Semelhante atitude não cairia bem entre o eleitorado portuense. Para mais, o PS-Porto, essa farândula de mediocridades em constantes lutas pelas migalhas do poder, que representa o pior dos aparelhos partidários (como se vê pelo episódio Narciso Miranda), não deve ver com bons olhos uma independente a encabeçar a tentativa de conquista da CMP e dificilmente deixará as suas conspiraçõezinhas de lado. Provavelmente não aprenderam nada com o choque da derrota de Fernando Gomes, o melhor autarca que o Porto teve em décadas, em 2001, depois de uma campanha sobranceira em que, tal como parece acontecer agora, se considerou a câmara como mero sucedâneo de poder. E podiam ainda ir buscar outro exemplo, mais antigo, este ao PSD, quando em 1993 candidataram António Taveira à CMP. Já depois do anúncio da candidatura, o senhor tomou posse como Secretário de Estado, para poucos meses depois se auto-exonerar para concorrer às autárquicas, como toda a gente sabia que ia acontecer. Sofreu uma derrota esmagadora perante esse mesmo Fernando Gomes. Curiosamente, Taveira era marido de...Elisa Ferreira, a própria.
É espantoso como os maus exemplos mais próximos não parecem servir de emeda. Depois ainda se admiram de Rio ganhar.

domingo, abril 26, 2009

Santo Condestável



A história portuguesa não tem tão poucos heróis como por vezes se pensa ou se quer fazer crer. Tem os suficientes para que um pequeno país nascido no Séc. XII e que consolidou as suas fronteiras actuais cem anos depois continue a existir e tenha dado um contributo enorme para a História Universal, deixando como traços a língua, os monumentos e arquitectura e os povos miscigenados, além de um sem número de memórias e relações diplomáticas com antigos parceiros e colónias. Entre esses heróis, ocupa lugar de destaque Nun ´Álvares Pereira.


Fazendo ontem arrumação à casa, saiu-me às mãos um pequeno livro de história da minha infância, daquela colecção da ASA, de cor laranja, muito em voga nos anos oitenta. Tive pela primeira vez contacto com a figura do Condestável, e ao longo dos tempos fui conhecendo a sua obra, a sua coragem e lealdade para com o Mestre de Aviz e a causa de Portugal, o seu génio militar, a sua religiosidade e o deu desapego das coisas terrenas no fim da vida. É possível que os seus feitos tenham sido um pouco mitificados e que a falta de documentação além dos escritos do cronista Fernão Lopes não nos mostre de forma mais transparente a vida do Condestável. Mas há coisas que não se podem desmentir: Nun´Álvares foi uma figura fulcral na luta pela independência, venceu os Atoleiros, Valverde e Aljubarrota contra exércitos muito maiores em número graças à sua determinação e à aplicação das tácticas com que a Inglaterra vinha coleccionando vitórias na Guerra dos Cem Anos, participou na incursão a Ceuta, início da grande aventura dos Descobrimentos, e mandou edificar o Convento do Carmo, onde passou os últimos anos numa vida monástica e despojada. Teve ainda outras ocasiões de demonstrar a sua piedade, distribuindo cereais pelo povo faminto em anos de fome, e o seu heroísmo, como na campanha do Minho, reconquistando para a causa de Aviz as praças e castelos que apoiavam D. Beatriz.


É por isso que a canonização de Nuno de Santa Maria deve encher os portugueses e o Estado Português de orgulho. O reconhecimento da sua santidade é a melhor homenagem que podiam fazer aos valores cristãos que sempre o nortearam. Sim, houve outros heróis portugueses, e na sua época, felizmente, eles não faltaram (começando pelo Mestre de Aviz, e prosseguindo com Álvaro Pais, João das Regras, Rui Pereira, sobrinho do Condestável, e tantos outros, conhecidos e anónimos). Mas há algo de diferente, de mais místico, de mais puro, uma aura de cavaleiro medieval que combate em prol dos seus ideais - não por acaso chamaram-lhe o "Galaad português - que tornam o agora São Nuno de Santa Maria uma figura incontornável da mitologia e da História de Portugal.

quinta-feira, abril 23, 2009

Ana Moreira


















Afinal sempre há consequências nefastas quando actores de teatro e cinema se põem a fazer telenovelas. Ana Moreira, provavelmente a actriz portuguesa mais fascinante desde Leonor Silveira, mudou-se para a TVI e desde então ficou com aquele ar horrível da fotografia da direita (onde até está favorecida, vista deste ângulo), que infelizmente carregou para algumas cenas de A Corte do Norte, de João Botelho, em exibição nos cinemas, e que lhe tira grande parte do seu encanto. Não sou adepto da tortura, mas para o/a responsável do novo look de Ana Moreira, para tamanho destruidor de encantos alheios, abriria uma excepção.
(É claro que pode ser opção da própria. Nesse caso, nada há mais a fazer senão chorar em silêncio e estender os olhos marejados de lágrimas balbuciando "porquês".)

segunda-feira, abril 20, 2009

E a cristofobia?
O Secretário Geral da ONU deve andar a ler muito o Arrastão. Só assim se explica que na abertura da conferência sobre o racismo das Nações Unidas, em Genebra, Ban Ki Moon se tenha referido logo à islamofobia. Que eu saiba, o Islão não é raça nenhuma, antes envolve questões religiosas e culturais. Mas se se faz essa interpretação ampla do conceito de racismo, fica a pergunta: então e a cristofobia, que se faz sentir em tantos países muçulmanos, como o Iraque (outrora com uma importante comunidade cristã, que agora foge do país em massa), o Paquistão e a Arábia Saudita (neste caso, é qualquer culto que não o sunita) e não só, caso da Índia? Não lhe merece nenhum reparo?
Um aniversário californiano
Parabéns a José in California. Não ao blogue, que ainda é jovem, mas ao seu autor, que atravessa mais uma primavera agora no eixo S. Diego-L.A. E que descreve de forma sucinta e clara a californian way of life do ponto de vista de alguém que decidiu passar os próximos anos do outro lado do oceano apostando na melhoria da sua formação profissional (Já antes de nível elevado) e em alargar sua vivência pessoal. Não é para todos.
A esperada desforra
Não tenho escrito muito sobre o Benfica, até porque de pouco tem valido a pena, mas faço-o hoje pela vitória gorda e particularmente saborosa. Foram quatro e podiam ser mais, tal a fragilidade da defesa sadina, que convidava a aumentar o marcador. Nuno e Cardozo não se fizeram rogados. Mas além de revelar claras melhorias exibicionais e tirar a barriga de misérias, esta goleada teve também o sabor da vingança: é que não me esqueci daquele osso na garganta que ficou de Dezembro, quando no último minuto do jogo um jogador do Setúbal atirou a bola com tanta sorte que proporcionou a Quim o frango do ano, originando um injustíssimo empate e um ponto literalmente caído do céu. As contas estão saldadas.
Há um ano

mais coisa menos coisa, o reencontro entre GNRs.





Com Pronúncia do Norte na Capital do Império



"Os corpos no lago eram de gente no desemprego"


Infelizmente não estive lá.

sexta-feira, abril 17, 2009

Conhecer a Tailândia em mais de duas linhas
Enquanto assistia nos noticiários nacionais à crise tailandesa provocada pelos apoiantes do ex-primeiro ministro Thaksin, pensava de imediato nos inúmeros testemunhos de Miguel Castelo Branco naquele país há já uns tempos, em especial nos acontecimentos de há meses, protagonizados pelo movimento "amarelo", de sentido contrário. Mas as coisas pareciam assumir agora um tom bem mais violento e insurreccional, como a vergonha do adiamento da cimeira da ASEAN (vergonha para quem a provocou, bem entendido). O Combustões não deixou de cobrir in loco toda a situação, em momentos mais descontraídos e noutros mais aquecidos, entre outras paragens mais bizarras, até ao inevitável estertor da insurreição. Um trabalho reconhecido agora por Pedro Rolo Duarte, e que apenas faz com que conheça e queira conhecer mais coisas sobre este país entre a tradição e a modernidade que é a Tailândia. Uma leitura sempre recomendável, complementado igualmente com o Visto de Bangkok, de Nuno Caldeira da Silva.

quarta-feira, abril 15, 2009

A estranha escolha de Paulo Rangel
Paulo Rangel é um jurista com uma carreira sólida, conhece bem o direito internacional (matéria que leccionou) e comunitário, é um bom tribuno e conhecerá como poucos as grandes questões europeias, sobretudo no que à justiça dizem respeito. É além do mais alguém que pensa pela sua própria cabeça, tanto quanto o seu cargo lhe permite. A sua fulgurante ascensão na política não terá deixado indiferente Rui Rio, que vê o seu antigo conselheiro ultrapassá-lo em notoriedade política, e que por isso mesmo tentou pôr Marques Mendes como cabeça de lista do PSD às próximas eleições europeias. Rangel tem ainda a invejável condição de não ser um ex-jota laranja ou um boy acomodado. E o confronto com Vital Moreira, constitucionalista de outra geração, será certamente excitante. Mas não deixa de ser estranho que meses após o convidar para dirigir a tribuna social-democrata na Parlamento, Manuela Ferreira Leite o alcandore agora a primeiro dos eurodeputados. Com tantas opções no seu partido (entre os quais Marques Mendes, precisamente), apostar um mesmo trunfo para duas funções diferentes - e incompatíveis - no espaço de um ano parece táctica desconexa da líder laranja. Talvez uma tentativa de se afirmar, lançando um nome conotado consigo, mas que corre o risco de abrir ainda mais brechas no PSD. Espera-se agora os seguintes nomes da lista, para que se possa falar do que importa.

domingo, abril 12, 2009

Páscoa

Já ouvi as primeiras Aleluias, na missa pascal nocturna a que tenho ido nos últimos anos, na pequena igreja a meia encosta do Alvão. De manhã cedo, lá terei de me levantar para receber o compasso, ainda antes das nove. Mas sem compasso nem a Páscoa é a mesma. O pequeno grupo que se faz ouvir com uma sineta, trazendo o Menino a beijar, presidido pelo padre ou pelo seminarista de serviço, calcorreando caminhos por vezes sob a chuva, é sempre o primeiro e mais singelo testemunho do anúncio da Ressureição.

Uma Santa Páscoa a todos.
Semana ocupada
Fazer mudanças é sempre complicado, mas fazê-las de um lugar que está associado à nossa memória de sempre e à nossa infância mais remota, lembrando-nos amargas recordações recentes, é ainda pior. Emalar, desembrulhar, transportar, carregar, separar e rearrumar, todo um ritual de gestos e cuidados que moem física e psicologicamente. Cada pequeno objecto traz-nos uma recordação; outros há que nunca vimos e que nos revelam toda uma vida, como se fosse a exploração envergonhada de um diário íntimo que ficou fechado anos a fio numa gaveta. Mas o seu destino, antes mais modesto, vai-se enriquecendo a pouco e pouco. Os livros, esses, têm seu próprio espaço há muito delineado. Coisas que jamais imaginara, autores esquecidos como Francisco Costa ou Manuel Ribeiro, edições raras de Pascoaes, livros ideológicos do integralismo ao marxismo, coisas germanófilas dos anos quarenta, livros do e sobre o Eça, manuais de direito e de agricultura, a enorme História da Administração Pública, policiais, biografias (Maquiavel, Lenine, Albuquerque), etc, etc, etc. Um bom exercício de bibliotecário, de arrumação e catalogação, espera-me nos tempos mais próximos. Hélas, aos soluços.

sexta-feira, abril 03, 2009

Afinal sempre é verdade




Há um novo conselheiro familiar no meio. Tem poderes irresistíveis e promete rivalizar com Karambas e Bambos. Resultados comprovados em qualquer sala de audiências do país.


Mas atenção: é pessoa dada a grandes paixões futebolísticas.