Excelente o artigo de Rui Moreira no Público de hoje. Recomendado a todos os Tocquevillianos que pretendem justificar qualquer acção externa dos EUA com os mais diversos tipos de argumentos, ou o seu inverso. Ou de como o maior entusiasta francófono dos Estados Unidos pode servir como um exemplo para os Americanos fazerem uma grande introspecção, há muito necessária.. Talvez cheguem à conclusão de que a sua Democracia tem degenerado há muito (e desnecessário) tempo, sobretudo por acção de algumas personalidades menos comprometidas com a ideia de liberdade que levou à união de 13 estados coloniais em 1776.
quinta-feira, outubro 28, 2004
quarta-feira, outubro 27, 2004
Nega Caprichosa
Clara Ferreira alves não aceitou a mudança para o DN. Não abandonará, pois, a Casa Fernando Pessoa, nem a crónica "A Pluma Caprichosa". Os motivos para tal recusa, esses, são cristalinos, tal como se depreende das palavras da própria. Mas são igualmente preocupantes, pois apenas confirmam aquilo que no fundo já se sabia: a absoluta falta de isenção dos meios controlados pela PT Lusomundo, gerida pelo infeliz Luís Delgado, e a ausência de uma real liberdade de imprensa em matérias que possam estar de alguma forma ligadas ao Governo. Depois das "calinadas" desse pára-quedista governativo que é Gomes da Silva e das recriminações de José Eduardo Moniz, José Manuel Fernandes e José António Saraiva (não, não vou criticar os seus artigos, desta vez), bem como das declarações pouco felizes do Ministro Morais Sarmento sobre a programação da RTP, esta "nega" é mais um golpe na (pouca) credibilidade do Executivo e dos seus meios instrumentais, como a própria Lusomundo. Havia dúvidas? Não creio. Mas se alguém as tinha, elas ficaram esclarecidas.
Mas não se pense que o esclarecimento toca a todos. Há quem não tenha as menores dúvidas e continue, incompreensivelmente, a defender o grupo de Santana. Na blogoesfera há alguns exemplos. Este é talvez o protótipo do blog governamental, não se sabendo porque é que a PT Lusomundo ainda não procedeu à sua aquisição(até porque dele faz parte Vasco Rato, um dos indefectíveis de Luís Delgado). Críticas ao actual Governo? Jamais. Dali só se esperam floreados elogios e crónicas do "País das Maravilhas" (ou, como dizia hoje Morais Sarmento, fascínio por estes primeiros cem dias). Em alternativa, haverá sempre a exaltação da Administração Bush e a diabolização dos Democratas, como se certas questões, como a do Iraque, decorressem no melhor dos Mundos.
Clara Ferreira alves não aceitou a mudança para o DN. Não abandonará, pois, a Casa Fernando Pessoa, nem a crónica "A Pluma Caprichosa". Os motivos para tal recusa, esses, são cristalinos, tal como se depreende das palavras da própria. Mas são igualmente preocupantes, pois apenas confirmam aquilo que no fundo já se sabia: a absoluta falta de isenção dos meios controlados pela PT Lusomundo, gerida pelo infeliz Luís Delgado, e a ausência de uma real liberdade de imprensa em matérias que possam estar de alguma forma ligadas ao Governo. Depois das "calinadas" desse pára-quedista governativo que é Gomes da Silva e das recriminações de José Eduardo Moniz, José Manuel Fernandes e José António Saraiva (não, não vou criticar os seus artigos, desta vez), bem como das declarações pouco felizes do Ministro Morais Sarmento sobre a programação da RTP, esta "nega" é mais um golpe na (pouca) credibilidade do Executivo e dos seus meios instrumentais, como a própria Lusomundo. Havia dúvidas? Não creio. Mas se alguém as tinha, elas ficaram esclarecidas.
Mas não se pense que o esclarecimento toca a todos. Há quem não tenha as menores dúvidas e continue, incompreensivelmente, a defender o grupo de Santana. Na blogoesfera há alguns exemplos. Este é talvez o protótipo do blog governamental, não se sabendo porque é que a PT Lusomundo ainda não procedeu à sua aquisição(até porque dele faz parte Vasco Rato, um dos indefectíveis de Luís Delgado). Críticas ao actual Governo? Jamais. Dali só se esperam floreados elogios e crónicas do "País das Maravilhas" (ou, como dizia hoje Morais Sarmento, fascínio por estes primeiros cem dias). Em alternativa, haverá sempre a exaltação da Administração Bush e a diabolização dos Democratas, como se certas questões, como a do Iraque, decorressem no melhor dos Mundos.
sábado, outubro 23, 2004
Links
A Cabala Involuntária: um texto hilariante e inderrogável de Eduardo Prado Coelho. Se Gomes da Silva leu isto, deve ter as orelhas de um vermelho explosivo.
Um exemplo da Turquia: um construtor civil condenado a 25 anos decadeia, por negligência na construção de um prédio, cujo desmoronamento aquando do terramoto de 1999 causou quase duzentas vítimas (via Janela para o Rio).
Em certos aspectos, os turcos até estão mais próximos da UE do que nós.
Aliás já ontem tinham aderido ao TPI. Nesse particular aspecto, estão mais próximos da civilização do que os EUA.
A Cabala Involuntária: um texto hilariante e inderrogável de Eduardo Prado Coelho. Se Gomes da Silva leu isto, deve ter as orelhas de um vermelho explosivo.
Um exemplo da Turquia: um construtor civil condenado a 25 anos decadeia, por negligência na construção de um prédio, cujo desmoronamento aquando do terramoto de 1999 causou quase duzentas vítimas (via Janela para o Rio).
Em certos aspectos, os turcos até estão mais próximos da UE do que nós.
Aliás já ontem tinham aderido ao TPI. Nesse particular aspecto, estão mais próximos da civilização do que os EUA.
Quem quer fazer figura de urso?
Esta semana estive a ver o Programa "Quem quer ser Milionário", da RTP 1. Apresentava-se ás câmaras uma menina loura, de ar algo deslocado e gestos coquettes, com a intenção de ganhar uns trocos. Tinha a "paixão pelo mar e pelo surf", além de umas respostas de ocasião sobre quem era e o que fazia. Viu-se desde o início que não podia aspirar a muito mais. A ignorância que demonstrou do princípio ao fim transformou o concurso em programa de humor.
Pode parecer mentira, mas a não muito simpática rapariguinha disse coisas como "acho que a Guarda fica na região de Entre Douro e Minho", ou que as Maldivas ficavam nas Caraíbas, além de outra dúvida estapafúrdia que agora não me vem à cabeça. No fim, lá se safou com 500
Euritos, o que a livrou de um perfeito enxovalho (era notório que o próprio apresentador, Jorge Gabriel, gozava com a situação).
Ao contrário do que se poderia pensar à partida, a menina não tinha apenas a 4ª classe, nem andava a limpar escadas, sem habilitações para ir mais longe. Não. O chocante desta história toda é que era uma estudante de medicina que tinha entrado na faculdade com 19 valores de média!
Se alguém queria exemplo mais cabal da incultura entre estudantes universitários escusa de continuar à procura. Se ainda há quem ache que as boas notas são sinónimo de vastos conhecimentos, lamento desiludir a(s) pessoa(s) em questão. A moral da história está aí, e envolve palavras como marranço, cultura e triste figura (que nada tem a ver com o caballero da Mancha).
Esta semana estive a ver o Programa "Quem quer ser Milionário", da RTP 1. Apresentava-se ás câmaras uma menina loura, de ar algo deslocado e gestos coquettes, com a intenção de ganhar uns trocos. Tinha a "paixão pelo mar e pelo surf", além de umas respostas de ocasião sobre quem era e o que fazia. Viu-se desde o início que não podia aspirar a muito mais. A ignorância que demonstrou do princípio ao fim transformou o concurso em programa de humor.
Pode parecer mentira, mas a não muito simpática rapariguinha disse coisas como "acho que a Guarda fica na região de Entre Douro e Minho", ou que as Maldivas ficavam nas Caraíbas, além de outra dúvida estapafúrdia que agora não me vem à cabeça. No fim, lá se safou com 500
Euritos, o que a livrou de um perfeito enxovalho (era notório que o próprio apresentador, Jorge Gabriel, gozava com a situação).
Ao contrário do que se poderia pensar à partida, a menina não tinha apenas a 4ª classe, nem andava a limpar escadas, sem habilitações para ir mais longe. Não. O chocante desta história toda é que era uma estudante de medicina que tinha entrado na faculdade com 19 valores de média!
Se alguém queria exemplo mais cabal da incultura entre estudantes universitários escusa de continuar à procura. Se ainda há quem ache que as boas notas são sinónimo de vastos conhecimentos, lamento desiludir a(s) pessoa(s) em questão. A moral da história está aí, e envolve palavras como marranço, cultura e triste figura (que nada tem a ver com o caballero da Mancha).
terça-feira, outubro 19, 2004
Enfim descoberto...
...o "Inimigo Público" da blogoesfera: o Irmã Lúcia
(Creio aliás que o autor, Luís Camilo alves, é um dos criativos de serviço do suplemento satírico do Público).
...o "Inimigo Público" da blogoesfera: o Irmã Lúcia
(Creio aliás que o autor, Luís Camilo alves, é um dos criativos de serviço do suplemento satírico do Público).
segunda-feira, outubro 18, 2004
Frase do dia
Mais uma vez poderia falar nas mais recentes loucuras de José António Saraiva e João Pereira Coutinho, nas suas colunas semanais do Expresso, mas seria bater no ceguinho, e sinceramente tais artigos fazem-me apenas menear a cabeça e soltar de quando em quando um ligeiro riso.
Vou cingir-me a mostrar este post do FNV do Mar Salgado, que quanto a mim contém um par de frases de antologia, tão incisivas quanto verdadeiras:
Quinhentos? Diria antes mil. Com sete cabeças e um fato como os do Conde de White Castle.
quinta-feira, outubro 14, 2004
Posts sobre a bola
Como era previsível, à medida que se aproxima o clássico Benfica-Porto, lá teria de vir a polémica do costume, antes do próprio jogo. E para tristeza minha, o maior culpado é desta vez a direcção do meu clube, com uma atitude despropositada e pouco desportiva. As "razões de segurança" apresentadas são muito pouco convincentes, e o argumento de que a SAD do Porto só teria pedido os bilhetes por fax fora de horas, depois de os ter requerido verbalmente, mostra, apesar de alguma razão formal poder ser invocada, que a direcção "encarnada" agiu sem o menor bom senso numa questão que já de si era delicada -um SLB_Porto que, se não é decisivo, será sempre de grande importância em termos de contas para o campeonato. À última hora parece que afinal os adeptos do Porto que de uma forma ou de outra conseguiram ingresso ficarão juntos, embora me pareça um plano muito feito sobre o joelho. Até porque a maioria dos titulares de tais bilhetes são os tristemente célebres SD, um conjunto de delinquentes que se tem mostrado particularmente mediático nos últimos tempos e que exemplifica bem o que de pior há nas claques futebolísticas. Enfim, que venha o jogo. E que, sem problemas de segurança de maior, ganhe o melhor (isto é, o SLB).
Ainda relaccionado com o Benfica, um dos próximos jogos a ser travado nas competições europeias será em Estugarda, com a equipe local, por sinal uma das melhores da Alemanha, e onde se terá a oportunidade de reecontrar o ex-capitão Fernando Meira. O sorteio é bastante desfavorável, já que não só implica um jogo complicado face aos rapazes do grande Mathias Sammer como impede que se faça uma boa bilheteira em casa própria. Mas além dos aspectos desportivo e financeiro há ainda o aspecto supersticioso: é que se as pessoas, e particularmente os benfiquistas bem se lembram, foi precisamente no Daimler-Stadiom de Estugarda que o SLB perdeu aquela final da Taça dos Campeões nos penalties, face ao PSV. Sim, o jogo do penaltie do Veloso (desgraçado, que tal cruz carregas!). A sorte é que desta não há grandes penalidades no fim, Mas talvez uns livres directos a nosso favor ajudassem...
E falando em fantasmas, Alvalade voltou a reviver novo 7-1, desta vez da equipa nacional à Rússia. Depois do empate com o Liechenstein (trocaram os resultados?), nada melhor que a cabazada que os rapazes enfiaram aos abúlicos descendentes de Yashin. Com fogo nas sapatilhas, a Selecção não perdoou e foi ver bomba após bomba à baliza do pobre discípulo de Dassaev, que aliás, do su banco, ostentava um irónico sorriso de total resignação. Os herois voltaram. Pede-se-lhes é que continuem assim, para sempre.
Como era previsível, à medida que se aproxima o clássico Benfica-Porto, lá teria de vir a polémica do costume, antes do próprio jogo. E para tristeza minha, o maior culpado é desta vez a direcção do meu clube, com uma atitude despropositada e pouco desportiva. As "razões de segurança" apresentadas são muito pouco convincentes, e o argumento de que a SAD do Porto só teria pedido os bilhetes por fax fora de horas, depois de os ter requerido verbalmente, mostra, apesar de alguma razão formal poder ser invocada, que a direcção "encarnada" agiu sem o menor bom senso numa questão que já de si era delicada -um SLB_Porto que, se não é decisivo, será sempre de grande importância em termos de contas para o campeonato. À última hora parece que afinal os adeptos do Porto que de uma forma ou de outra conseguiram ingresso ficarão juntos, embora me pareça um plano muito feito sobre o joelho. Até porque a maioria dos titulares de tais bilhetes são os tristemente célebres SD, um conjunto de delinquentes que se tem mostrado particularmente mediático nos últimos tempos e que exemplifica bem o que de pior há nas claques futebolísticas. Enfim, que venha o jogo. E que, sem problemas de segurança de maior, ganhe o melhor (isto é, o SLB).
Ainda relaccionado com o Benfica, um dos próximos jogos a ser travado nas competições europeias será em Estugarda, com a equipe local, por sinal uma das melhores da Alemanha, e onde se terá a oportunidade de reecontrar o ex-capitão Fernando Meira. O sorteio é bastante desfavorável, já que não só implica um jogo complicado face aos rapazes do grande Mathias Sammer como impede que se faça uma boa bilheteira em casa própria. Mas além dos aspectos desportivo e financeiro há ainda o aspecto supersticioso: é que se as pessoas, e particularmente os benfiquistas bem se lembram, foi precisamente no Daimler-Stadiom de Estugarda que o SLB perdeu aquela final da Taça dos Campeões nos penalties, face ao PSV. Sim, o jogo do penaltie do Veloso (desgraçado, que tal cruz carregas!). A sorte é que desta não há grandes penalidades no fim, Mas talvez uns livres directos a nosso favor ajudassem...
E falando em fantasmas, Alvalade voltou a reviver novo 7-1, desta vez da equipa nacional à Rússia. Depois do empate com o Liechenstein (trocaram os resultados?), nada melhor que a cabazada que os rapazes enfiaram aos abúlicos descendentes de Yashin. Com fogo nas sapatilhas, a Selecção não perdoou e foi ver bomba após bomba à baliza do pobre discípulo de Dassaev, que aliás, do su banco, ostentava um irónico sorriso de total resignação. Os herois voltaram. Pede-se-lhes é que continuem assim, para sempre.
quarta-feira, outubro 13, 2004
And Now for Something Completely Different
Na 2 regressaram os périplos de Michael Palin. Depois de uma carreira dedicada aos Monty Python e restantes comédias (quem não se lembra do seu papel de gago filo-piscícola em "A fish called Wanda"?), o incansável viajante deu a volta ao Pacífico de uma ponta à outra, atravessou o Sahara, e ei-lo agora a trepar avidamente os Himalaias a partir do sinuoso e temido passo de Khyber. Como sempre, metido em situações burlescas e inesperadas, como a da corrida de bois no Paquistão acompanhado por um princípe tribal de compridos bigodes, ou da visita ao dentista de Peshawar. A partir de hoje, premindo o botão correcto do zapping.
Na 2 regressaram os périplos de Michael Palin. Depois de uma carreira dedicada aos Monty Python e restantes comédias (quem não se lembra do seu papel de gago filo-piscícola em "A fish called Wanda"?), o incansável viajante deu a volta ao Pacífico de uma ponta à outra, atravessou o Sahara, e ei-lo agora a trepar avidamente os Himalaias a partir do sinuoso e temido passo de Khyber. Como sempre, metido em situações burlescas e inesperadas, como a da corrida de bois no Paquistão acompanhado por um princípe tribal de compridos bigodes, ou da visita ao dentista de Peshawar. A partir de hoje, premindo o botão correcto do zapping.
segunda-feira, outubro 11, 2004
Conversas em família
Tal como se esperava, a mensagem do Primeiro-Ministro ao país não passou de um comunicado soporífero, desfiando medidas promocionais do seu Governo, ou promessas a cumprir (algumas altamente contraditórias). Tudo soou a déja vu, palavras banais, auto-promoção, enfim, o esperado. Com a agravante de se ter dado durante e não depois dos noticiários, como seria regra, no que constituiu um certo "tiro no pé" para quem queria dar uma imagem diferente da de Gomes da Silva na passada semana. Tão previsível era que rapidamente me voltei a concentrar no pacato jantar em família, até me lembrar da mensagem de Sua Exª; era todavia tarde: tão interessantemente como falara, Santana Lopes desaparecera do ecrã para dar lugar ás costumadas e igualmente esperadas reacções políticas.
Tal como se esperava, a mensagem do Primeiro-Ministro ao país não passou de um comunicado soporífero, desfiando medidas promocionais do seu Governo, ou promessas a cumprir (algumas altamente contraditórias). Tudo soou a déja vu, palavras banais, auto-promoção, enfim, o esperado. Com a agravante de se ter dado durante e não depois dos noticiários, como seria regra, no que constituiu um certo "tiro no pé" para quem queria dar uma imagem diferente da de Gomes da Silva na passada semana. Tão previsível era que rapidamente me voltei a concentrar no pacato jantar em família, até me lembrar da mensagem de Sua Exª; era todavia tarde: tão interessantemente como falara, Santana Lopes desaparecera do ecrã para dar lugar ás costumadas e igualmente esperadas reacções políticas.
Mais uma pérola
O Arquitecto José António Saraiva, julgando-se como sempre um iluminado da imprensa, escreveu mais uma pérola na sua crónica do Expresso "Política à portuguesa" (link inacessível, desculpem). Segundo Saraiva, "numa sociedade de mercado em plena Europa, nenhum Governo tem a possibilidade de controlar a informação". Anda sem dúvida mal informado, o que é grave para um directo de um dos mais conhecidos semanários nacionais. É não reconhecer o poder que certos governos da UE têm sobre vastos orgãos da comunicação social, com especial (e escandalosa) incidência em Itália, ou de pressões feitas feitas em França, Reino Unido ou Espanha, como no caso da autoria dos massacres de 11 de Março, por exemplo.
A propósito, o colunista fala de "pressões e ameaças" como se isso constituísse uma situação minimamente normal num estado se direito; mas sim, para Saraiva "todos os comunicadores sofrem pressões", e "o problema não está nas pressões, mas no modo como se lhes reage". Edificante.
Para Saraiva, portanto, pode haver pressões , ameaças e o diabo a sete que fica tudo no melhor dos mundos. Mas o Arquitecto acha que "fazer disto um caso nacional só num país de opereta como Portugal se vai tornando. Um país que perdeu o sentido (...) do ridículo".
Fica-se pois a saber que o director do Expresso achou perfeitamente normal todo este caso, e que o facto de Marcelo saír da TVI é uma ligeira alteração no mercado da Comunicação Social. Não lhe ocorreu o grave que é vermos um Governo a ameaçar ferozmente uma opinião independente, com epítetos como "calúnias mentirosas" quando Marcelo criticou a ponte de 5 de Outubro, ou pressionar intoleravelmente a Alta Autoridade com a farsa do "dever de contraditório". Nem se lembrou da enorme audiência e ainda maiores efeitos que o Professor tinha num vasto número de cidadãos, cujo apagamento jamais seria sentido sem repercussões.Para ele tudo se resume a uma questão de mercado ou de oportunidade, e o caso deveria ter sido quase abafado. Mas é natural que "Portugal tenha perdido o sentido do ridículo", com fazedores de opinião deste calibre. Muitas vezes os colunistas revelam o que de pior há no país. Sobretudo os colunistas de opereta.
Será que Saraiva vai voltar a lançar o tema do Iberismo? É possível. De tal mente há que esperar tudo.
O Arquitecto José António Saraiva, julgando-se como sempre um iluminado da imprensa, escreveu mais uma pérola na sua crónica do Expresso "Política à portuguesa" (link inacessível, desculpem). Segundo Saraiva, "numa sociedade de mercado em plena Europa, nenhum Governo tem a possibilidade de controlar a informação". Anda sem dúvida mal informado, o que é grave para um directo de um dos mais conhecidos semanários nacionais. É não reconhecer o poder que certos governos da UE têm sobre vastos orgãos da comunicação social, com especial (e escandalosa) incidência em Itália, ou de pressões feitas feitas em França, Reino Unido ou Espanha, como no caso da autoria dos massacres de 11 de Março, por exemplo.
A propósito, o colunista fala de "pressões e ameaças" como se isso constituísse uma situação minimamente normal num estado se direito; mas sim, para Saraiva "todos os comunicadores sofrem pressões", e "o problema não está nas pressões, mas no modo como se lhes reage". Edificante.
Para Saraiva, portanto, pode haver pressões , ameaças e o diabo a sete que fica tudo no melhor dos mundos. Mas o Arquitecto acha que "fazer disto um caso nacional só num país de opereta como Portugal se vai tornando. Um país que perdeu o sentido (...) do ridículo".
Fica-se pois a saber que o director do Expresso achou perfeitamente normal todo este caso, e que o facto de Marcelo saír da TVI é uma ligeira alteração no mercado da Comunicação Social. Não lhe ocorreu o grave que é vermos um Governo a ameaçar ferozmente uma opinião independente, com epítetos como "calúnias mentirosas" quando Marcelo criticou a ponte de 5 de Outubro, ou pressionar intoleravelmente a Alta Autoridade com a farsa do "dever de contraditório". Nem se lembrou da enorme audiência e ainda maiores efeitos que o Professor tinha num vasto número de cidadãos, cujo apagamento jamais seria sentido sem repercussões.Para ele tudo se resume a uma questão de mercado ou de oportunidade, e o caso deveria ter sido quase abafado. Mas é natural que "Portugal tenha perdido o sentido do ridículo", com fazedores de opinião deste calibre. Muitas vezes os colunistas revelam o que de pior há no país. Sobretudo os colunistas de opereta.
Será que Saraiva vai voltar a lançar o tema do Iberismo? É possível. De tal mente há que esperar tudo.
domingo, outubro 10, 2004
quinta-feira, outubro 07, 2004
C-E-N-S-U-R-A
O que se passou nos dois últimos dias é demasiado grave para omitir uma opinião. Já era mau que o Ministro Gomes da Silva (o "moço de fretes" favorito de Santana Lopes, e o primeiro nome que vem à cabeça quando se fala de "Santanistas") andasse a pressionar a AACS para aplicar o "princípio do contraditório", termo jurídico erroneamente chamado ao caso, relativamente aos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI sobre a ponte de 4 de Outubro - comentários esses perfeitamente pertinentes sob o meu ponto de vista. Mas o facto de Marcelo se ter hoje desligado da sua actividade de comentador do canal privado sem mesmo dar a resposta dominical a Gomes da Silva, a falta de explicações de fundo para a saída, e para mais com as ulteriores críticas à actuação do governo por parte do marcelista Marques Mendes levam a crer, sem a menor dúvida, que as pressões governamentais deram resultado. Existe mesmo a desconfiança de uma possível "chantagem" negocial com o "patrão" da TVI, Paes do Amaral, personagem que, pelas declarações que proferiu, em especial numa entrevista dada ao Expresso, não hesitará em atirar para trás das costas certas regras de conduta em nome da eficácia negocial.
Se algum contraditório fosse desejável, o governo deveria utilizar os seus porta-vozes e os seus assessores para a comunicação social, e não manipular, de foma autoritária e ilegal, a Alta Autoridade. A única diferença entre o que se passou hoje e casos semelhantes nos tempos do Estado Novo é que agora há a possibilidade de se insurgir e reclamar contra tais arbitrariedades. Mas a conduta do governo tem um nome, e esse sabe-se bem qual é.
O que se passou nos dois últimos dias é demasiado grave para omitir uma opinião. Já era mau que o Ministro Gomes da Silva (o "moço de fretes" favorito de Santana Lopes, e o primeiro nome que vem à cabeça quando se fala de "Santanistas") andasse a pressionar a AACS para aplicar o "princípio do contraditório", termo jurídico erroneamente chamado ao caso, relativamente aos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI sobre a ponte de 4 de Outubro - comentários esses perfeitamente pertinentes sob o meu ponto de vista. Mas o facto de Marcelo se ter hoje desligado da sua actividade de comentador do canal privado sem mesmo dar a resposta dominical a Gomes da Silva, a falta de explicações de fundo para a saída, e para mais com as ulteriores críticas à actuação do governo por parte do marcelista Marques Mendes levam a crer, sem a menor dúvida, que as pressões governamentais deram resultado. Existe mesmo a desconfiança de uma possível "chantagem" negocial com o "patrão" da TVI, Paes do Amaral, personagem que, pelas declarações que proferiu, em especial numa entrevista dada ao Expresso, não hesitará em atirar para trás das costas certas regras de conduta em nome da eficácia negocial.
Se algum contraditório fosse desejável, o governo deveria utilizar os seus porta-vozes e os seus assessores para a comunicação social, e não manipular, de foma autoritária e ilegal, a Alta Autoridade. A única diferença entre o que se passou hoje e casos semelhantes nos tempos do Estado Novo é que agora há a possibilidade de se insurgir e reclamar contra tais arbitrariedades. Mas a conduta do governo tem um nome, e esse sabe-se bem qual é.
quarta-feira, outubro 06, 2004
Dia de Infâmia
5 de outubro.
Quando os orgãos públicos de comunicação social se voltarem a lembrar de referir o 1 de Dezembro, talvez deixe de ser tão contundente em relação à data.
E já agora, podiam recordar um pouco o 24 de Agosto (não é por serem os meus anos) de 1834, em que teve lugar a Revolução Liberal e uma nova mentalidade neste país.
Relativamente ao dia corrente, o melhor frase, da autoria de Pedro Mexia, é esta:
"Sou benfiquista 364 dias por ano. Mas neste dia sinto-me sempre azul e branco."
Faço minhas tão sensatas palavras.
5 de outubro.
Quando os orgãos públicos de comunicação social se voltarem a lembrar de referir o 1 de Dezembro, talvez deixe de ser tão contundente em relação à data.
E já agora, podiam recordar um pouco o 24 de Agosto (não é por serem os meus anos) de 1834, em que teve lugar a Revolução Liberal e uma nova mentalidade neste país.
Relativamente ao dia corrente, o melhor frase, da autoria de Pedro Mexia, é esta:
"Sou benfiquista 364 dias por ano. Mas neste dia sinto-me sempre azul e branco."
Faço minhas tão sensatas palavras.
segunda-feira, outubro 04, 2004
Opiniões sobre um estado crítico
Mais uma vez menciono João Pereira Coutinho, a propósito das suas visões, exprimidas este fim-de-semana no Expresso (sem link). Na sua crónica semanal, Estado Crítico, JPC discorre sobre a eleição de Sócrates para Secretário-Geral do PS, apontando não os seus méritos mas o "fim do prazo de validade " dos seus adversários, "desde 1989". Mas não se limitando ao passadismo de Soares e Alegre vai mais longe: "o ano de 1989 representa o fim de todo um ideal "igualitário", iniciado duzentos anos antes nas tropelias de Paris". Eis de novo a Revolução Francesa posta em causa por mais um colunista (não, não me esqueci do prometido post sobre o anti-francesismo, só que leva tempo), uma vez entre muitas. JPC, que se arroga de importantes estudos sobre os grandes movimentos sociais e políticos não devia cometer erros históricos tão apressados. Pesem todas as violências, prepotências e abusos cometidos pela Revolution, ninguém de bom senso pode apoucar a enormíssima importância social do acontecimento, e das consequências que trouxe para a Humanidade. Embora muitos queiram nomear a Revolução Americana (e a inglesa!) como pioneira dos modernos regimes democráticos, o certo é que as suas bases surgiram precisamente em 1789, com os fundamentais príncípios de "Liberté, Égalité, Fraternité" e o surgimento da política tal como a conhecemos hoje em dia, com as consequentes divisões esquerda/direita - embora este conceito esteja em crise.
A liberdade e o estado democrático em que vivemos foram, repito-o, directamente derivadas da França revolucionária, e relembro-lhes que é um monárquico quem escreve estas linhas. Por muito que isso custe a JPC, os seus efeitos não se esgotaram em 1989, ao contrário dos da Revolução Russa. Mudaram, irreversivelmente, a História e o Mundo, mesmo que nem sempre a prática seguisse a teoria. Não é preciso ser um seguidor de Robespierre para perceber isso.
A seguir, o ex-Infame refere a situação desesperada de Kenneth Bigley, refém do bárbaro grupo do famigerado Al-Zarqawi. Escreve JPC : "ninguém é capaz de parar com os actos criminosos de Al-Zarqawi (...)Segundo opinião geral, o drama (...) é responsabilidade imediata de Blair ou de Bush (...) Pior: se não houvesse ocupação do Iraque, o terrorismo estaria quieto e manso (...) As vozes de acusação só servem para ilibar os responsáveis objectivos." Pois bem, há que dizê-lo: apesar dos assassínios (e não execuções, como lhes chamam) serem perpetrados por criaturas da laia do dito jordano, Bush e Blair tiveram uma imensa culpa nisto tudo. Será demais repetir que ao invadir o iraque, sob argumentos falsos e jogos de bastidores, não só massacraram todo um país como permitiram o caos e a entrada de terroristas da pior espécie, que só esperavam pela guerra para fazer do Iraque o seu quartel-general? A mortandade diária e a anarquia que reinam na Mesopotâmia são da inteira responsabilidade de quem resolveu brincar ás guerras sem o menor projecto nem ideia de organização do território quando derrubasse o regime vigente; o resultado está á vista, com os culpados lavando as mãos na suposta "guerra contra o terrorismo". Como se tal insensatez não fosse um tremendo tiro no pé. A impotência dos ocupantes vê-se quando JPC afirma não ser possível parar Zarqawi. Se assim for é porque não estão minimamente preparados para uma operação de captura eficaz, salvo despejar bombas do ar. O cronista confessa-o, algo inconscientemente: as forças da coligação perderam todo o controlo da situação. E o demónio anda á solta no Iraque, destruíndo-o a cada dia que passa.
Por fim, e destoando da opinião que mantive sobre as anteriores partes da coluna de JPC, há que reconhecer a pertinência do que ficou escrito a propósito dos 100 anos do nascimento de Graham Greene e da sua opção pelo catolicismo, ainda na sua juventude. Diz-se então: "Escolher Deus é escolher também as suas desumanas exigências: a forma como o imperativo moral pende sobre as nossas patéticas carcaças, sempre dispostas à errância e à mundaneidade".
Aqui assino por baixo: a recusa do vazio para abraçar Deus é algo de francamente difícil, ainda que serenamente ponderado. Reconhecer os princípios que sabemos próprios do Criador, ou de uma crença que o represente, e estar consciente das nossas limitações como seres humanos, e portanto imperfeitos logo pecadores, mais pesado se torna. A opção de Greene, numa altura em que todos os totalitarismos se erguiam das sombras, é assim ainda mais admirável. Por isso, pode não ter sido um modelo de virtudes cristãs (teve mais de um caso extra-conjugal), mas tentou respeitar os seus mais fundos princípios, e mais que isso, transpô-los para os livros, que criou de forma admirável, embebidos ora num fundo de espionagem em paragens longínquas ora num clima de romantismo comovente, tão insuperável como as suas páginas.
domingo, outubro 03, 2004
Adenda
Lamentavelmente esqueci-me de colocar no post anterior outro "blog urbano", cujo nome evoca a solidez do granito portuense: o incansável Quartzo, Feldspato & Mica, que há bem pouco tempo completou um ano. O esquecimento está colmatado.
Todos os outros blogs do gênero que se revelem de igual interesse que me perdoem, mas ficarão para um post futuro.
Lamentavelmente esqueci-me de colocar no post anterior outro "blog urbano", cujo nome evoca a solidez do granito portuense: o incansável Quartzo, Feldspato & Mica, que há bem pouco tempo completou um ano. O esquecimento está colmatado.
Todos os outros blogs do gênero que se revelem de igual interesse que me perdoem, mas ficarão para um post futuro.
sexta-feira, outubro 01, 2004
Os blogs urbanos
Apesar da minha simpatia pelo ambientalismo e ecologia, e de apreciar um bom passeio bucólico ou tão só uma tarde de inacção a apanhar raios de sol entre um prado ou uma vinha (perdoem-me a veia poético-lamechas), sou um incansável apreciador das paisagens e ambientes urbanos.
Sejam skylines, ícones, mitos ou atracções monumentais, as cidades são uma fonte inesgotável de interesse, com a sua história - e as suas estórias - e encontro de culturas, onde se misturam personagens bizarras, cidadãos anónimos e estranhos de passagem, enquadrados por pedras seculares, edifícios e betão ou elementos naturais que se imiscuem por entre a vida urbana.
Também a blogosfera se dedicou ao caso, relativamente a algumas cidades portuguesas. O Avenida dos Aliados é um óptimo representante da classe, desvendando mitos e histórias da cidade do Porto, exprimindo sensações, exibindo fotografias luminosas, apesar do granito, ou gravuras de um burgo do passado. Curioso é também o Bateria da Vitória, mais diversificado quanto aos assuntos, e que apresenta algumas ideias interessantes, embora discutíveis. Têm é aquele pequeno defeito de serem portistas indefectíveis, mas pronto.
Outro exemplo, agora Alfacinha, é O céu sobre Lisboa. No início um blog dedicado apenas aos aspectos mais fugidios e despercebidos da capital (e ao seu clima, fazendo jus ao nome), tem vindo ultimamente a divergir para outros pontos do país, nomeadamente ao sul. Também ele um excelente blog que nos revela segredos e curiosidades, contando também pequenas histórias do que melhor Lisboa tem para oferecer.
Esperam-se mais insignes blogs urbanos, sejam nacionais ou estrangeiros. O assunto é vasto, e matéria para escrita não faltará seguramente.
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