quarta-feira, junho 29, 2016

Um parasita descarado


Jean-Claude Juncker pode errar em imensas coisas e ser um rosto da euroburocracia. Mas é também o líder executivo da União Europeia e portanto seu guardião. A forma como se dirigiu a Nigel Farage em pleno Parlamento Europeu tem sido muito criticada por aparentemente demonstrar "arrogância" e outros pecados inomináveis. Já sabemos como Juncker não goza, nos dias que correm, de grande popularidade. Mas a verdade é que se limitou a responder a um provocador oportunista, xenófobo e insultuoso, que ataca a União Europeia e pretende a sua destruição, e no entanto há dezassete anos que é deputado no Parlamento Europeu, vivendo à custa dos que e das práticas que critica. Um parasita, portanto, descaradamente hipócrita. Nem é nenhuma novidade: este é o homem que depois da desilusão das eleições de 2015, anunciou a retirada da liderança do UKIP, para logo a seguir voltar atrás.
Juncker perguntou-lhe o que fazia ali e disse-lhe que era a última vez que ouvia os seus aplausos. Pena que não o tenha posto fora a pontapé. Um tipo que vive à custa dos que quer destruir merecia no mínimo isso. Não é sequer um Cavalo de Tróia ou uma quinta coluna: é um parasita puro e simples, que já que não tem a dignidade de renunciar ao lugar, merecia ser escorraçado, tal como ele gostaria de fazer aos refugiados que fogem das guerras e que nunca na vida imaginaram sequer o que é o salário de um deputado europeu.


terça-feira, junho 28, 2016

Espanha depois de 26 de Junho



A Espanha era, como dizia há uns dias, outro dos pontos quentes da semana que acabou agora. Depois do caldeirão Brexit, os resultados, suficientemente confusos para gerarem dores de cabeça e muitas dúvidas sobre quem governará, foram como que um anticlimax. Afinal, e ao contrário do que diziam as sondagens, que mais uma vez erraram, o PP ganhou com mais lugares do que em Dezembro, o PSOE baixou mas manteve-se em segundo, e o Podemos coligado com a Izquierda Unida não só não ficou em segundo como teve piores resultados do que a soma das duas formações há seis meses. Só o Ciudadanos, como se previa, baixou ligeiramente. Mas os partidos tradicionais aguentaram-se e as novas formações travaram a sua marcha que se pretendia inexorável.

Resultado de imagem para españa elecciones generales 2016

É interessante ver a alterações e os votos divididos geograficamente: se o PSOE quase só se aguenta na Andaluzia, e mesmo assim periclitantemente, o Unidos Podemos domina na Catalunha mas agora também no País Basco, tendo roubado votos ao PNV e às formações de esquerda abertzale existentes. Já o PP domina o resto do país, incluindo em zonas normalmente mais afectas à esquerda, como as Astúrias e a Andaluzia, e tirando as tais zonas bascas e catalãs, vence em todas  as grandes cidades e capitais de província, assegurando um voto predominantemente urbano. É irresistível fugir à comparação com os votos do referendo britânico: também então se escreveu que o voto anti-UE era predominantemente rural ou de cidades pequenas e de eleitores mais idosos. Aqui, não podendo fazer a mesma comparação geracional, nota-se que o PP, provavelmente auxiliado pelos temores dos resultados do referendo, terá ganho bastantes votos nas grandes urbes dos eleitores europeístas.

Neste mapa interactivo do jornal digital El Español, do antigo director de El Mundo, Pedro J. Ramirez, pode-se ver em pormenor a distribuição geográfica dos votos. É curioso observar que embora a divisão ideológica que já estava presente na Guerra Civil dos anos trinta se mantenha na sua grande maioria (a direita com a Galiza e Castela, a esquerda com boa parte da Andaluzia e Catalunha e os partidos nacionalistas com força tanto na Catalunha como no País Basco), houve algumas regiões que mudaram nos últimos tempos. São os casos das Astúrias, outrora um bastião da esquerda e do operariado mineiro, e onde agora o PP vence, ou da supracitada Andaluzia, onde os populares avançaram e venceram em todas as cidades importantes, nalgumas, como Granada, com resultados inequívocos. Em sentido inverso, na Navarra, em tempos a praça-forte do movimento carlista e das suas milícias requetés, que se opunham à autonomia basca e se colocaram ao lado de Franco, as forças autonómicas, o Podemos e a esquerda abertzale estão em maioria. Sinais dos tempos, da mobilidade geográfica e das mudanças sociais e profissionais, incluindo a diminuição do sector primário e da mudança da indústria.

O futuro próximo não parece simples, mas os partidos terão forçosamente de se entender, ou pelo menos não prejudicar a formação de um governo, sob pena de se cair no descalabro de uma terceira eleição. O mais provável é o PP reforçado conseguir formar governo com apoio do Cidadãos e eventualmente da Coligação Canária (fala-se mesmo no Partido Nacionalista Vasco, o que implicaria um entendimento histórico entre dois nacionalismos antagonistas e várias concessões a Bilbao) e uma abstenção amarga por parte do PSOE. A esquerda, dividida por radicalismos e nacionalismos, está condenada a não se entender. Em qualquer dos casos, Rajoy é o principal vencedor desta contenda, o que constitui um caso espantoso de resistência e perseverança, mesmo que os inúmeros casos de corrupção tenham fustigado o PP, a situação económica e financeira tenha potenciado a emergência do Podemos e do Cidadãos e que as caras no seu partido tenham mudado pouco - em mais de trinta anos, Rajoy é apenas o terceiro líder dos populares, e já lá está há 12 anos. Pedro Sanchez, do PSOE, aguentou-se por ora, mas tem a cabeça posta a prémio pelos barões regionais do partido. Pablo Iglesias e Albert Rivera perderam por enquanto, mas deverão dar cartas para o futuro, assim como Alberto Garzon, o jovem líder da Izquierda Unida e do vetusto PCE (é alguns meses mais novo que Cristiano Ronaldo, só para comparar), já que o bipartidarismo, mesmo tendo ganho algum fôlego, terá de ceder espaço aos emergentes, à recuperada IU e aos nacionalistas, sempre importantes.
E entre as várias personalidades que terão responsabilidades no futuro governo, há que não esquecer a que está mais acima na hierarquia do estado e que representa a unidade de Espanha: o Rei Felipe VI, que tem tido um comportamento inatacável durante todo este longo e tortuoso processo.


Ao mesmo tempo, a título de curiosidade, mantém-se um conjunto de partidos anões, como formações regionalistas quase invisíveis, uma miríade de partidos de extrema-esquerda, a sempiterna Falange, e o centrista, UPyD, que prometeu ser a nova força do centro entre PSOE e PP, chegou a eleger vários deputados, mas que se esvaziou completamente com a erupção do Ciudadanos.

sexta-feira, junho 24, 2016

Onde estavávamos no dia do Brexit


Há datas marcantes em que nos lembramos dos sítios onde estávamos e do que fazíamos na altura. Há datas que marcam colectivamente uma época por mais do que uma razão, em que um acontecimento de monta se dá num dia fácil de memorizar.

Daqui a uns anos, recordaremos, provavelmente com mágoa, que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia num dia de S. João. E eu lembrar-me-ei onde estava e o que fazia: em Miragaia, à espera que me servissem uma bifana ao som de música de baile, quando soube que a BBC dava já o "leave" como irreversível. A grande maioria das pessoas que me rodeava não se apercebeu, embalada pelos festejos de S. João, mas houve quem soubesse e não escondesse a surpresa (mais desagradada que outra coisa).

Esperemos que daqui a uns dez, vinte anos, quando recordarmos esse S. João como recordamos o de 1996 como o do "chapéu do Poborsky", ainda exista UE, de preferência menos burocratizada e mais solidária. Veremos se o Reino Unido ainda existirá como tal, com a pulsão independentista da Escócia, que votou "remain", a ganhar novo e fortíssimo alento mas é pouco provável. E assim, desmembrada, fora da UE, sem indústria nem império, perdida a importância estratégica e de parceria com os EUA, com o marcado financeiro da City desvalorizado e ultrapassado, tornar-se-á uma país europeu de segunda categoria?

David Cameron jogou a sua liderança, e o seu oportunismo pode ser o despoletar de acontecimentos gravíssimos. As grandes mudanças na história nascem por vezes de decisões banais, omissões que parecem inócuas ou acasos imprevisíveis. Cameron tinha ganho as últimas eleições gerais com surpreendente maioria, ganhara a manutenção da Escócia, mas desperdiçou o seu capital político neste gesto imprudente e irresponsável. Ficará na história com uma marca trágica, não longe de um Neville Chamberlain. Boris Johnson e Jeremy Corbyn apanharão os cacos de uma mudança para a qual contribuíram. E Nigel Farage poderá a ficar na história como uma personalidade nefasta na história do seu país, um dos arquitectos da sua desagregação, num tempo em que pululam políticos radicais e inquietantes, como Putin, LePen e Trump, todos adeptos do Brexit e do fim da UE em geral.

Esperemos que os tempos futuros não sejam tão negros como parecem neste solarengo dia de hoje. E que tenhamos sempre S. João.

                             
                                                   Alvorada de S. João, 2016. O dia do Brexit.

quinta-feira, junho 23, 2016

Hungria-Portugal


Ah, a Selecção. Não percebo o porquê de tantas críticas. Vi o incrível jogo de ontem cá fora, na inclinação da Passos Manuel (a Fanzone da praça D. João I estava impossível, em boa parte por causa da publicidade; uma coisa a rever), com espírito mais a quente (e o corpo, com o calor que se fazia sentir). Os golos, a emoção, a raiva, a esperança...Não se diga mal da Selecção: marcou três golos incríveis, ultrapassou todas as expectativas, merece todos os parabéns.

Sim, a selecção da Hungria voltou em grande depois de 30 anos de ausência, e até agora, podem ser apelidados de novo de "Invencíveis Magiares". Puskas e Czibor ficariam orgulhosos. Só o Kiraly, que tive oportunidade de insultar há muitos anos no Bessa, numa Boavista-Hertha, desiludiu e talvez não tenha impressionado Meszaros.

Mais a sério: a nossa desiludiu naquele que era o grupo mais fácil do torneio. Bem sei que ontem houve bastante infortúnio naqueles dois golos de ressalto, nos quais Rui Patrício nada podia fazer. E que CR7 voltou a ser o jogador determinante e brilhante que é na maior parte dos jogos. Mas impunha-se mais, sobretudo naquela defesa a roçar o anedótico. Escapámos por pouco, mas não prevejo milagres contra a Croácia, a equipa que melhor futebol mostrou no torneio. Aliás, uma das alarvaidades que se tem ouvido é que Portugal "teve sorte" porque escapou à Inglaterra e apanhou a Croácia. Como se Modric, Rakitic, Mandzukic e restante trupe fossem inferiores ao Rooney, Sturridge, ou Sterling (embora haja nos Three Lions muitas promessas interessantes). A razão terá a ver com os adversários posteriores, que são mais complicados no outro encadeamento, mas se não se passar a Croácia isso de pouco adiantará.

Ao menos que Ronaldo marque um golo. Ou dois. Só para atingir o recorde de golos de Platini em europeus e o deixar aborrecido.

O Pantera Negra ao lado de um dos maiores treinadores que já trabalharam em Portugal. Houve boas influências húngaras no futebol português.


PS: surreal a aparição de Marcelo na zona de entrevistas curtas, reservada a desportistas. Alguém reparou que viktor Orbán também lá estava?

terça-feira, junho 21, 2016

Autarcas 5 estrelas



Chiara Appendino e Virginia Raggi são as novas "sindace", respectivamente, de Turim e Roma, depois de derrotarem o Partido Democrático de Renzi e as não sei quantas divisões de direita. Não sou grande fã do partido que lhes serviu de suporte (o Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, com as suas ideias de "e-democracia directa" e anti-sistema, com muitos aspectos políticos e de linguagem a aproximá-lo do histrionismo mussoliniano), mas é impossível negar que a capital italiana e o motor industrial do país ficaram com melhor imagem. Se serão mais bem governadas, só Deus sabe. Mas o bom gosto dos italianos, esse, permanece absolutamente intacto.

domingo, junho 19, 2016

Uma semana que se prevê quente


A semana que amanhã começa promete ser quente. De facto, a meteorologia prevê a subida acentuada das temperaturas, consentâneas com o início deste Verão adiado. Em vésperas de S. João não se pedia menos. Mas espera-se que suba ainda mais em Londres, Edimburgo e Madrid. E por arrasto, em toda a Europa.

Chegou a semana tão nervosamente aguardada pelo referendo à permanência do Reino Unido na UE. As sondagens falharam redondamente nas legislativas do ano passado, mas ainda assim são um indicador a ter em conta. Até há dias davam uma crescente preferência pelo "não", o tão badalado Brexit, mas o assassínio brutal da deputada trabalhista pró-europeia Jo Cox por um alucinado de extrema-direita parece ter invertido as coisas e dado alento ao "sim" à permanência. As causas emocionais não ganharão eleições, mas podem ajudar a baralhá-las. Nunca se despreze as ondas de choque que podem provocar - e quanto mais perto dos actos, mais levantam. Mas o risco do "não" e do consequente Brexit continua a ser bem real. É-me para mim difícil perceber o  porquê desta opção, salvo, lá está, por razões emocionais, nacionalistas, e de uma mistura da velha desconfiança britânica do "continente" com os anticorpos provocados nos últimos anos pelas instituições europeias. Os britânicos têm muito a perder caso saiam mesmo da UE: irrelevância da City, fim ao livre trânsito de mercadorias, pessoas e capitais, isso numa altura em que o velho império está há muito perdido (e em muitos casos o suplanta) e os Estados Unidos já não têm o mesmo interesse em ver o Reino Unido como aliado preferencial (preferem vê-lo na UE). Pior: pode significar o fim da união. A Escócia por certo não perderá a oportunidade de reivindicar a adesão à UE e de convocar novo referendo. E neste, a independência ganharia com toda a certeza. É portanto com o espectro do declínio (e futura desagregação?) da UE e com o fim do Reino Unido que nos deparamos.


Aqui ao lado, em Espanha, preparam-se novas eleições, cujos resultados prometem não ser substancialmente diferentes dos de Dezembro, salvo pela troca de esquerdas: o PSOE poderá ficar em terceiro, atrás da coligação de esquerdistas radicais com comunistas Unidos Podemos. Ou seja, mais uma vez não haverá maioria para ninguém. O PP, sempre enredado nos seus incontáveis casos de corrupção e num conjunto de dirigentes gasto e ultrapassado (note-se que em trinta anos o partido teve apenas 3 líderes), permanece à frente, mas longíssimo da maioria, e o Ciudadanos, que poderia ser um fiel da balança com gente nova e propostas arejadas, também não parece ganhar muito. A tragédia maior é o afundamento do PSOE em detrimento do Juntos Podemos, em que não faltam militantes que publicamente usam slogans como "(as igrejas) ardereis como em 1936". Isto a semanas de se passarem oitenta anos do pronunciamento que levou à horrível Guerra Civil.

Gozemos o calor e os santos populares, enquanto nos é permitido. Talvez o Verão seja quente mas não insuportável.

                        (Campanha eleitoral em Baeza, Andaluzia, Dezembro 2015)

PS: e claro está, como hoje lembra um dos nossos periódicos na sua versão online, para subir ainda mais, temos o decisivo confronto da Selecção Portuguesa contra a surpreendente Hungria, sem margem sequer para empatar. Se houver alguma competência no ataque e não aparecer o espírito dos "invencíveis magiares" dos anos 50, a qualificação é possível. A alternativa, depois de se cair num dos grupos mais acessíveis do torneio, é demasiado humilhante.

quinta-feira, junho 16, 2016

Conselhos com telhados frágeis


Curioso como depois dos avisos dos americanos de que havia um risco elevado de atentados jiadistas no Europeu de França se dá um atentado do género em Orlando, nos Estados Unidos, na altura em que decorre lá a copa América. às vezes convém olhar para a própria casa antes de se dar conselhos a outros, por muito bem intencionados que sejam.
Mas como a Copa América continuou a decorrer sem que ninguém pensasse em medidas especiais, conclui-se que o tal entusiasmo crescente dos americanos pelo "soccer" é mais aparente do que real. Ou alguém imagina que se algum jiadista tresloucado se pusesse a disparar numa discoteca gay em França isso não teria implicações na segurança (e histeria) do Euro?

PS: claro que o brutal assassínio do polícia e da sua mulher, com o filho ao lado, nos arredores de Paris, por mais um desvariado islamita como muitos outros que por aí andam camuflados, tem de ser contabilizado como atentado.

sábado, junho 11, 2016

Um 10 de Junho despercebido


Quis o destino que o 10 de Junho deste ano, celebrado em Paris entre representantes da "comunidade portuguesa", calhasse no preciso dia da abertura do Europeu de futebol, no Stade de France, ali ao lado, em Saint-Denis. É certo que também houve uma majestosa cerimónia no Terreiro do Paço (e embora o modelo de comemorações descentralizadas seja justo e recomendável, a beleza cénica daquele espaço, com a parada militar no centro e o rio e os navios como fundo, é quase inigualável em Portugal), mas por causa do início do Campeonato da Europa precisamente em Paris, com toda a tensão reinante dos últimos tempos (inundações, greves, ameaças de terrorismo), talvez se tenha perdido muito do impacto inicialmente previsto. O que é pena, porque os portugueses em França e seus descendentes mereciam mais destaque local.



Entretanto, no relvado, a França começou com alguma dificuldade, mas lá conseguiu vencer uma bem organizada Roménia por 2-1. Veio-me à memória um outro jogo entre as duas equipas, no europeu de Inglaterra, em 1996, e vendo melhor, houve imensas semelhanças: também ocorreu num 10 de Junho (há vinte anos, portanto), o técnico romeno era o mesmo (Anghel Iordanescu), e até o golo com que a França venceu a Roménia, na altura, teve muito de semelhante com o primeiro de hoje, com um avançado francês a marcar de cabeça a uma saída precipitada go guarda-redes romeno (antes o "boxeur" Stelea, agora o comprido Tatarusanu). Espero que as semelhanças se fiquem por aí e que o Roménia, equipa que sempre teve a minha simpatia, se qualifique desta vez para a fase de grupos. E que já agora, não haja batalha campal entre russos e ingleses em Marselha, uma cidade já de si pouco pacífica.

sexta-feira, junho 03, 2016

Patrimónios comuns




Portugal, imagem de meados do século passado, ambiente rural, católico, isolado, etc.?


Não. Hébridas Exteriores, Escócia. Ambiente rural, gaélico, protestante, isolado. Fotografia de Paul Strand, 1954.

Afinal há mais semelhanças entre a Europa do Sul e a do Norte do que aquilo que aparenta..