segunda-feira, dezembro 31, 2012

O 2013 possível.

 Aproxima-se o Ano de 2013, a largas passadas, e as principais tradições da noite já estão a postos: as uvas passas, o espumante, a gala do reality show corrente da TVI e os concertos nas principais praças do país.
Não é exactamente a minha comemoração favorita. Este stress com a meia-noite enerva-me. Este ano, ainda para mais, reina o pessimismo e está mau tempo. Aliás, de ano para ano diz-se sempre que será pior que o anterior. Como 2013 não prenuncia grandes acontecimentos que mudem a nossa comunidade para melhor, esperemos é que seja generosos nos sucessos individuais e do dia-a-dia. Ou então, nunca pior que 2012.
 
A única coisa que asseguro é que tenho vários posts em pré-publicação. Um bom ano, dentro do possível.

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Norman Schwarzkopf R.I.P.


Há vinte e dois anos, o Koweit tinha sido brutalmente anexado pelo Iraque de Saddam Hussein, que considerava o emirado uma província iraquiana, e uma extensa coligação militar multinacional, comandada pelos Estados Unidos, que envolvia a maior parte dos países árabes e europeus (sendo Portugal a notável excepção), com base na Arábia Saudita, preparava-se para o fim do prazo do ultimato dado ao Iraque para retirar. Em Janeiro, como tal não acontecesse, desencadeou-se uma fortíssima e rápida operação, com o nome de Tempestade do Deserto, em que esquadrilhas de aviões bombardearam alvos cirúrgicos no Iraque, destruindo os quarteis-generais militares, os palácios de Saddam e a força aérea iraquiana. Tropas terrestres entraram depois em acção, derrotando "o quarto maior exército do Mundo" na "mãe de todas as batalhas", como soberbamente lhe chamava Saddam. Ficaram célebres as imagens de soldados iraquianos pedindo rendição nas dunas do deserto. Em poucas semanas, os iraquianos estavam repelidos, o Koweit livre, e a força multinacional decretava o fim das hostilidades, não sem que antes alguns soldados do Iraque matassem civis e ateassem fogo aos poços de petóleo, por vingança. A Guerra teve uma cobertura televisiva nunca vista até aí, através da CNN. No liceu onde estudava na altura, a excitação era tanta que até se acendeu um aparelho de tv no bar. Os militares da coligação multinacional eram então os nosso heróis de carne e osso.

Norman Schwarzkopf era o chefe desse coligação, o estratega da Tempestade no Deserto, graças à qual se infligiu uma pesadíssima derrota ao temível exército iraquiano e às ameaças de Saddam, mas que soube fazer cessar as operações de guerra quando os objectivos de libertar o Koweit estavam cumpridos. Depois disso, afastou-se da carreira activa das armas, e recusou os lugares políticos que lhe ofereceram. Ainda que republicano, teceu críticas à invasão do Iraque, em 2003, numa guerra à qual faltava a legitimidade que ele tinha quando traçou o estratégia vitoriosa em 1990. Morreu hoje, aos 78 anos, um dos últimos grandes generais americanos, da craveira de um Patton, de um McArthur ou de um Eisenhower. Dificilmente se encontram nos últimos trinta anos outros cabos-de-guerra que se lhe possam igualar.
 
 

Ilusões tidas como verdades

 
O assunto mais discutido neste Natal de 2012 é o do impostor Artur Baptista da Silva, tema de capas de jornais, de posts com muitos pontos de exclamação (no caso de alguns blogues, de credulidade embevecida) e de discussões nas redes sociais. Cheguei a vislumbrar o indivíduo numa repetição do Expresso da Meia-Noite; a princípio pareceu-me João Carlos Espada (que não consta que tenha falsificado as suas credenciais académicas), mas depois reparei que tinha outro nome e nem dei atenção, até porque não é o tipo de programas que se siga em cafés. Antes do programa semanal da SIC Notícias, Baptista da Silva já tinha sido conferencista de destaque em algumas instituições de renome. Só no início da semana é que se percebeu que o seu currículo académico tinha sido aldrabado, o seu cargo e o "observatório" da ONU a que dizia pertencer eram fictícios e que tinha estado até há um ano preso por burlas e falsificações várias. Tal experiência de vida, se fosse qualificada pela Lusófona, podia-lhe dar uma pequena equivalência com o grande catedrático da aldrabice Vale e Azevedo. Para acrescentar mais galões para essa equivalência, Baptista da Silva também esteve envolvido no futebol: presidiu ao conselho fiscal do Sporting ao tempo da presidência de Jorge Gonçalves (outro excelente exemplo, esse antigo presidente do clube do Campo Grande antes de se raspar para Angola). E o nome Artur lembra também o grande falsário Artur Alves dos Reis.

O que espanta é que mesmo depois de se saber isto, ainda haja gente que pense que "ele só disse verdades" e que "há burlões muito piores no governo". Até pode nem ser mentira, mas esta estranha simpatia pela personagem está mais ligada às suas declarações, em que ataca as medidas da Troika, culpa apenas a Alemanha pela crise do Euro, declara que há alternativas e que a ONU está empenhada em segui-las, etc. Muitos tomaram isto como verdade. Também Vale e Azevedo dizia muitas coisas que os benfiquistas gostavam de ouvir, mas não passavam de ilusões. Neste caso, parece que muitos tomam por verdades aquilo que gostariam de ver acontecer. E caem de novo na miragem do caminho menos espinhoso, mas inverosímil, que desde sempre inúmeros charlatães e vendedores de ilusões lhes colocam à frente. A história nada tem de novo.

segunda-feira, dezembro 24, 2012

Resumo


Um Santo Natal a todos.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

O fim do mundo pode esperar


O Mundo acaba amanhã, no dia mais curto do dano? Segundo uma sistema de contagem do tempo atribuído aos maias (e a algumas seitas, histéricos e new agers mais crentes), sim. O problema é que há vários sistemas de contagem em diferentes cidades maias, sem falar nos utilizados por restantes povos da América Central. Assim, o apocalipse segundo os pré-colombianos parece  improvável, sobretudo para quem como eu dê mais crédito aos Evangelhos - como Cristo ainda não voltou segunda vez à Terra, não há que nos preocuparmos.
Mas seria também um tremendo egoísmo por parte dos maias, ou até uma flagrantíssima falta de oportunidade de nos mostrarem melhor as maravilhas da sua civilização. É que mais de vinte anos depois, temos aqui a sequela das Misteriosas Cidade do Ouro, estreadas há pouco nos países francófonos, mas que não têm, tanto quanto julgo saber, data marcada para ser vista em Portugal. Como antigo e saudosos fã da série, é um falta inominável não mostrarmos às novas gerações tão fabulosa série, que combina história (havia sempre no fim um micro-documentário muito didáctico sobre os factos reais que tinham inspirado o respectivo episódio), aventura e ficção científica. Para os maias, então, essa falta deveria dar condenação certa para serem os primeiros a perecer. O pecado da avareza não podia escapar sem punição.

terça-feira, dezembro 18, 2012

Só falta descobrir que Relvas é amigo de Madoff

 
Ao Ministro Relvas, cada cavadela sua minhoca. O negócio da muito anunciada privatização da TAP estava já longe de ser transparente ou proveitoso, quando o único candidato é um duvidoso empresário colombiano-polaco-brasileiro. Os dossiers respeitantes à comunicação social são ainda mais nebulosos e preocupantes: o Sol pertence há muito a angolanos, os jornais de Joaquim Oliveira, entre os quais o DN, o JN e o açoriano Oriental, para lá caminham. E agora, a quase prevista privatização de parte da RTP (e haverá mercado para isso?) parece estar reservada a uma empresa angolana constituída há pouco tempo para o efeito, pertencente aos detentores do Sol. Sim, a RTP, a televisão pública portuguesa, pode estar a caminho de ficar maioritariamente em mãos angolanas. Isto quando nem do governo nem da justiça houve a menor reacção aos artigos absolutamente trauliteiros e insultuosos de um tal Jornal de Angola, reagindo à notícia de que a PGR tinha aberto uma investigação a altas figuras angolanas por branqueamento de capitais. Para além do nível, demonstraram uma ignorância a toda a prova: o Expresso é "o jornal oficial do PSD", antes da chegada de Diogo Cão os indígenas "apenas se moviam para honrar a sua dimensão humana" e aparentemente, desconhecem o que é a divisão de poderes (pudera). O que tem o Ministro Relvas a ver com o caso? Simples, é ele o responsável pelas privatizações de todas estas emblemáticas empresas públicas. Só que agora, a juntar ao seu "extenso currículo", que lhe serviu para obter a licenciatura mais desleixada de sempre, e ao rol de amigos pouco recomendáveis, tem mais um para a colecção: José Dirceu, o ex-número dois do PT, o homem do "Mensalão", a primeira grande condenação penal de um político no Brasil. E é este homem uma peça-chave do governo. A quem estamos entregues, afinal?

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Guterres e Durão: descubra as semelhanças

 
Durão Barroso disse há dias que recusava qualquer responsabilidade do seu governo no actual momento do país. É um claro contraste com António Guterres, que antes tinha assumido exactamente o contrário, ou seja, que os seus anos de governação eram também responsáveis pelo estado actual do país. Sabia que eram dois estadistas completamente diferentes, mas estas duas afirmações cavam ainda mais o abismo entre os dois. Mas há mais diferenças. Ora veja-se:
 
- António Guterres demitiu-se a abandonou a política activa, ocupando hoje um cargo que só em parte se pode considerar eminentemente político. Durão Barroso demitiu-se para não deixar escapar a oportunidade de ocupar o cargo político mais alto que podia alcançar.
 
- Guterres demitiu-se depois de uma derrota nas Autárquicas porque não tinha capacidade para continuar a chefiar o governo, e assumiu-o. Durão via as coisas malparadas também depois de um desaire, nas Europeias, e usou o novo cargo como pretexto para abandonar o governo.
 
- Guterres deixou o caminho livre para a sua sucessão no PS. Durão convidou um sucessor e impô-lo ao partido.
 
- Guterres preferiu que a sua saída fosse resolvida através de eleições, mesmo sabendo que muito provavelmente perderia. Durão escolheu Santana para o substituir no governo sem que se convocassem eleições (ainda que esta escolha dependesse sempre da decisão de Sampaio).
 
- Guterres cumpriu as promessas mais significativas (o célebre "diálogo", o Rendimento Mínimo Garantido e a não subida dos impostos), ainda que estas tivessem levado o país ao descalabro financeiro. Durão prometeu o choque fiscal e pôr ordem nas contas públicas (do primeiro nunca mais se ouviu falar, e as contas foram disfarçadas com receitas extraordinárias e antecipadas).
 
- O feito de política externa (e de toda a sua governação) mais relevante de Guterres foi a gestão do caso de Timor, que acabou com a libertação e posterior independência do território, coisa em que muito poucos acreditariam anos antes. O de Durão foi a famosa cimeira dos Açores, em que posou na fotografia com Bush, Aznar e Blair, e em que se decidiu a desastrosa e infundada invasão do Iraque.

- No caso de Timor, Guterres obteve um rotundo êxito e alcançou todos os objectivos. Durão teve três anos de conversações com a Indonésia e nada conseguiu.

Eis em curta síntese as principais diferenças entre Guterres e Durão Barroso enquanto estadistas e responsáveis pela governação do país (a responsabilidade pelas organizações a que presidem são de natureza diferente e não têm comparação, nem eu saberia fazê-la).



PS: no caso de Timor, diga-se em abono da verdade que durante o governo Guterres Suharto caiu do poder, o que muito ajudou a resolver o problema da ilha. Mas já na época Durão criticava o executivo português pelas opções que tomou, com os resultados bem conhecidos...

terça-feira, dezembro 11, 2012

Os "Abrantes" de Passos e Relvas

 
A ler esta sucessão de cinco posts que o Samuel escreveu no Estado Sentido - este, aquele, aqueloutro, mais outro e ainda outro. Infelizmente, os "Abrantes" continuam aí, os originais e os do actual governo. Depois dos boys socráticos imiscuídos nos blogues e nas redes sociais, temos agora os relváticos (à falta de melhor nome, porque este parece-me simbólico), pagos para a tarefa. Nada mudou no lobbying da net.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Niemeyer, mais próximo de Gaudi que de Estaline


A morte de Oscar Niemeyer, ainda que pouco imprevisível, dada a sua centenária idade e os seus recentes problemas de saúde, suscitou inúmeros artigos, retrospectivas e homenagens póstumas sobre a vida e obra do arquitecto brasileiro. Reviu-se a monumental construção de Brasília, essa nova capital surgida no sertão, que ainda hoje nos parece vanguardista, com a sua Esplanada dos Três Poderes e a Catedral em forma de coroa de espinhos; mostrou-se a conhecidíssima sede da ONU em Nova York e o bairro da Pampulha em Belo Horizonte, que anteciparam Brasília; explicitou-se que afinal o Casino da Madeira não era realmente de Niemeyer, porque segundo o próprio fora outro a acabar o projecto; passou-se ao de leve pela sede do PC francês, que com a leveza das suas linhas tanta carga ideológica lhe tirou, talvez antecipando o "Euromunismo" dos anos setenta; e ainda se chegou às últimas obras, como o extraordinário Museu de Arte Contemporânea de Niterói, que parece ter pousado directamente do espaço em frente à Baía de Guanabara. Houve mesmo espaço para alguma petite histoire curiosa, como a do colégio de Moimenta da Beira, que se inspirou no Palácio da Alvorada, de Brasília, para construir os arcos da sua fachada, tendo na altura recebido uma carta de apoio do próprio Niemeyer face ao desagrado que provocou entre as autoridades da época e à revolta a favor da obra. Aliás, a capital brasileira não cessou de povoar o imaginário por este país fora - em Vila Real, um prédio modernista dos anos sessenta ainda hoje é conhecido como "edifício Brasília"; e não esqueçamos o mítico shopping da rotunda da Boavista, que lá está em pleno funcionamento.
 
Mas também se falou no seu percurso de (longuíssima) vida e na sua orientação ideológica. Niemeyer permaneceu comunista até ao fim da vida, era amigo do histórico líder Luís Carlos Prestes, chegou a presidir ao PCB e viveu exilado durante a ditadura militar. Era autor também de algumas obras emblemáticas de partidos comunistas outora pujantes, como a supracitada sede do PCF e a do seu órgão oficial, L´Humanité, em Saint-Denis. Elogiou mesmo publicamente Estaline há não muitos anos.


Contudo, Niemeyer estava a anos-luz da arquitectura estalinista que se abateu sobre a URSS e os países do Pacto de Varsóvia depois da 2ª Guerra, com edifícios de estado esmagadores e funcionais. Os seus projectos demonstram antes uma leveza, uma preocupação estética que o afasta irremediavelmente dos modelos totalitários vigents nos estados comunistas. Talvez consequência de ser brasileiro e meridional, preferiu sempre a estética à funcionalidade, a leveza à imponência, as curvas ondulantes às rectas precisas e rígidas. Neste último aspecto aproxima-se de Antoni Gaudi, outro génio da arquitectura do século XX, que dizia que "a linha recta é do homem, e a curva de Deus". Não sendo religioso, apesar das suas obras para igrejas, Niemeyer procurou de certa forma atingir também o transcendente através do belo que criava com as suas obras, escapando às convenções arquitectónicas mais utilitaristas. Como ele próprio dizia, "não é o ângulo recto que me atrai. Nem a linha recta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual".

 

quinta-feira, dezembro 06, 2012

A frustração no Nou Camp


 
Um empate em Barcelona seria à partida um bom resultado se outras fossem as circunstâncias. Obrigado a ganhar para não depender de uma eventual "ajuda" do Spartak de Moscovo em Glasgow, o Benfica desperdiçou oportunidades sobre oportunidades de golo e a consequente vitória no Nou Camp, ou Camp Nou (que seria histórica, para contar às gerações futuras) e é assim despromovido para a Taça UEFA, ou Euroliga, ou lá como lhe chamam agora. As culpas devem ser assumidas, e o Benfica não pode deixar de o fazer, até porque se exigia mais em Moscovo e Glasgow. Ainda por cima os culés entraram com muitas reservas (mas de qualidade, sigam bem aquele Deulofeu), controladas pelos "velhinhos" Puyol e Villa, e só depois lançaram Messi. O Benfica também tinha muitas baixas e teve de levar alguns jovenzinhos, mas nem isso basta para justificar a "vitória moral". Empatar ali é bom, seria bom em 1992 e 2006, quando enfrentámos dos dream teams da época. Mas ontem o que se queria era ganhar. Não ganhámos e vimos uns toscos de uns irlandeses que jogam na Escócia a classificarem-se graças a um penalty inventado. É algo injusto, mas que nos sirva de lição para no futuro não ficarmos dependentes de irregularidades que aproveitem a outros e cumprirmos a nossa parte, coisa que deveria ser muito bem explicada aos nosso avançados. Os jogos com Celtic já parecem sina: sempre que os defrontamos, ficamos atrás na classificação, mesmo que não nos provem ser inferiores, ou pior, somos eliminados com base na pura sorte. Espero não os ver tão cedo. Ainda assim, ninguém se ficou a rir em Nou Camp: o Benfica pela eliminação, o Barcelona porque obedeceu aos pedidos dos adeptos e viu Messi lesionar-se. O desejado recorde do maior número de golos num ano civil fica assim adiado...ou ameaçado.
Única coisa a reter de bom, além dos 500 mil euros do empate: Ola John é mesmo um futuro craque.
 
 

terça-feira, dezembro 04, 2012

Quando as qualidades dos portugueses superam os seus defeitos

 
O Banco Alimentar contra a Fome conseguiu reunir no último fim de semana um número de ofertas semelhantes às de 2011. Havia preocupações depois da campanha de insultos a Isabel Jonet, Felizmente, a grande maioria das pessoas, independentemente de concordar ou não com as palavras recentes da coordenadora da federação de Bancos Alimentares, soube separar o essencial do acessório e contribuiu largamente, coisa tanto mais importante numa altura em que aumenta a população em risco de pobreza. Quanto aos inúteis que vieram com a conversa da "caridadezinha" e que se fartaram de prometer que "nunca mais dariam um grão de arroz para essa instituição" (frase curiosamente repetida nas redes sociais sempre com as mesmas palavras), ou nunca tinham dado antes ou então a sua contribuição era muito fraquinha. Como se viu, não fizeram falta e as suas ameaças e impropérios não tiveram qualquer resultado.
No Banco Alimentar do Porto as ofertas de alimentos conseguiram mesmo superar as de 2011. Quarenta mil pessoas ofereceram-se como voluntárias. E a alegria do trabalho própria destas campanhas voltou a ser a regra, nos armazéns ou locais de recolha. Se fosse igual na maioria das empresas, estou certo de que a produtividade seria bem maior. Uma das maiores qualidades dos portugueses é a solidariedade e a partilha em tempos de crise. E um dos maiores defeitos a maledicência e a criticazinha fácil e intriguista. Parece que neste fim de semana aquelas superaram largamente estas. Este país não é tão mau como às vezes se diz.

sábado, dezembro 01, 2012

O último dia oficial da Restauração


Já estamos a 1 de Dezembro. O último em que é feriado. Para o ano não notaremos muito, mas daqui a dois anos sairemos para ir trabalhar neste dia em que durante mais de um século se comemorou a Restauração da independência de Portugal. Em nome da "produtividade", e obedecendo a estudos dessa credível instituição que é a Universidade Lusófona que nos preparou o ministro Miguel Relvas e que juram que cada feriado custa 37 milhões de euros ao país, resolveu suprimir-se quatro feriados, entre os quais o mais importante e simbólico, o da própria independência do país. Nos dias 1 de Dezembro dos próximos anos, as comemorações, que já eram pobres e nem incluíam altas figuras de estado, resumir-se-ão a uns beberetes nos salões nobres de alguns municípios e pouco mais. Haja esperança que futuros governos reponham o 1 de Dezembro como Feriado Nacional. Mesmo Paulo Portas já admitiu que daqui a cinco anos deveria haver uma revisão, como com os religiosos. Não é mais um dia de descanso, é mesmo a memória de um momento fulcral da nossa História que está em jogo.
 
A ironia da coisa é que um dos programas mais aliciantes do dia de hoje é o debry madrileno, entre o Real de Cristiano Ronaldo e Mourinho e o Atlético de Radamel Falcao. E a 1 de Dezembro só podem ganhar os portugueses.