O assunto mais discutido neste Natal de 2012 é o do impostor Artur Baptista da Silva, tema de capas de jornais, de posts com muitos pontos de exclamação (no caso de alguns blogues, de credulidade embevecida) e de discussões nas redes sociais. Cheguei a vislumbrar o indivíduo numa repetição do Expresso da Meia-Noite; a princípio pareceu-me João Carlos Espada (que não consta que tenha falsificado as suas credenciais académicas), mas depois reparei que tinha outro nome e nem dei atenção, até porque não é o tipo de programas que se siga em cafés. Antes do programa semanal da SIC Notícias, Baptista da Silva já tinha sido conferencista de destaque em algumas instituições de renome. Só no início da semana é que se percebeu que o seu currículo académico tinha sido aldrabado, o seu cargo e o "observatório" da ONU a que dizia pertencer eram fictícios e que tinha estado até há um ano preso por burlas e falsificações várias. Tal experiência de vida, se fosse qualificada pela Lusófona, podia-lhe dar uma pequena equivalência com o grande catedrático da aldrabice Vale e Azevedo. Para acrescentar mais galões para essa equivalência, Baptista da Silva também esteve envolvido no futebol: presidiu ao conselho fiscal do Sporting ao tempo da presidência de Jorge Gonçalves (outro excelente exemplo, esse antigo presidente do clube do Campo Grande antes de se raspar para Angola). E o nome Artur lembra também o grande falsário Artur Alves dos Reis.
O que espanta é que mesmo depois de se saber isto, ainda haja gente que pense que "ele só disse verdades" e que "há burlões muito piores no governo". Até pode nem ser mentira, mas esta estranha simpatia pela personagem está mais ligada às suas declarações, em que ataca as medidas da Troika, culpa apenas a Alemanha pela crise do Euro, declara que há alternativas e que a ONU está empenhada em segui-las, etc. Muitos tomaram isto como verdade. Também Vale e Azevedo dizia muitas coisas que os benfiquistas gostavam de ouvir, mas não passavam de ilusões. Neste caso, parece que muitos tomam por verdades aquilo que gostariam de ver acontecer. E caem de novo na miragem do caminho menos espinhoso, mas inverosímil, que desde sempre inúmeros charlatães e vendedores de ilusões lhes colocam à frente. A história nada tem de novo.
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