sexta-feira, dezembro 28, 2012

Norman Schwarzkopf R.I.P.


Há vinte e dois anos, o Koweit tinha sido brutalmente anexado pelo Iraque de Saddam Hussein, que considerava o emirado uma província iraquiana, e uma extensa coligação militar multinacional, comandada pelos Estados Unidos, que envolvia a maior parte dos países árabes e europeus (sendo Portugal a notável excepção), com base na Arábia Saudita, preparava-se para o fim do prazo do ultimato dado ao Iraque para retirar. Em Janeiro, como tal não acontecesse, desencadeou-se uma fortíssima e rápida operação, com o nome de Tempestade do Deserto, em que esquadrilhas de aviões bombardearam alvos cirúrgicos no Iraque, destruindo os quarteis-generais militares, os palácios de Saddam e a força aérea iraquiana. Tropas terrestres entraram depois em acção, derrotando "o quarto maior exército do Mundo" na "mãe de todas as batalhas", como soberbamente lhe chamava Saddam. Ficaram célebres as imagens de soldados iraquianos pedindo rendição nas dunas do deserto. Em poucas semanas, os iraquianos estavam repelidos, o Koweit livre, e a força multinacional decretava o fim das hostilidades, não sem que antes alguns soldados do Iraque matassem civis e ateassem fogo aos poços de petóleo, por vingança. A Guerra teve uma cobertura televisiva nunca vista até aí, através da CNN. No liceu onde estudava na altura, a excitação era tanta que até se acendeu um aparelho de tv no bar. Os militares da coligação multinacional eram então os nosso heróis de carne e osso.

Norman Schwarzkopf era o chefe desse coligação, o estratega da Tempestade no Deserto, graças à qual se infligiu uma pesadíssima derrota ao temível exército iraquiano e às ameaças de Saddam, mas que soube fazer cessar as operações de guerra quando os objectivos de libertar o Koweit estavam cumpridos. Depois disso, afastou-se da carreira activa das armas, e recusou os lugares políticos que lhe ofereceram. Ainda que republicano, teceu críticas à invasão do Iraque, em 2003, numa guerra à qual faltava a legitimidade que ele tinha quando traçou o estratégia vitoriosa em 1990. Morreu hoje, aos 78 anos, um dos últimos grandes generais americanos, da craveira de um Patton, de um McArthur ou de um Eisenhower. Dificilmente se encontram nos últimos trinta anos outros cabos-de-guerra que se lhe possam igualar.
 
 

Nenhum comentário: