segunda-feira, julho 11, 2005

Ainda sobre terrorismo

Sobre os graves acontecimentos descritos no post anterior haveria ainda muit a dizer. Fora, claro, dos comentários do costume quando atentados como este se sucedem (o que infelizmente, começa a ser uma estranha normalidade): o Islão, a América, o Iraque, o diálogo com os terrosristas, a guerra contra os estádios-pária, os comentários de Mário Soares, etc.
A propósito das declarações deste último, ouvi as mais díspares opiniões: que ele está louco, que está senil, ou que não deviam permitir que dissesse todos aqueles disparates; disparates ou não, o certo é que essas opiniões só têm lugar porque vivemos num regime livre graças ao mesmíssimo "louco", Mário Soares. Como ao contrário de alguns indivíduos mais revanchistas ou com oportuna falta de memória não o considero nenhum lunático, bem pelo contrário, terei somente de criticar uma certa leviandade com que falou nos diálogos com o terrorismo. Já a questão da pobreza me parece bem mais pertinente: não obstante muitos dos cérebros e financiadores destas células serem bem abonados, a verdade é que é da miséria, da marginalidade e da exclusão que vêm inúmeros jihadistas prontos a amarrar uma bomba à cintura. É em climas de raiva e pobreza que os cabecilhas islâmicos atraem os seus novos seguidores, virando-os contra todos os valores que considerem "inimigos do Islão", na sua visão fanática e deturpada. Por isso, bem podem bradar que "não há razões para o terrorismo, é preciso é reagir". Sim, não há razões válidas ou racionais. E precisamente, o que é necessário é saber porque é que tantos são atraídos para essas trevas de irracionalidade e morte. Aí sim, há que reagir sabiamente, sem meras vinganças a quente, que poderão ser nefastas para a verdadeira guerra ao terrorismo: aquela que não se esgota na cada vez mais ultrapassada via militar, mas que se realiza nas suas vertentes policiais, sociais e políticas. Não ver isto é atirar gasolina para a fogueira do ódio.

Absolutamente aconselháveis os artigos de Jorge Almeida Fernandes e Timothy Garton Ash no Público de hoje. Quem o tiver comprado que os leia.

Ah, já me esquecia: mesmo que já tenha vinte anos, a música que melhor descreve os acontecimentos dos últimos dias no Reino Unido é Panic, dos Smiths, oportunamente recordada pela Cibertúlia. Reparem que até se fala de Birmingham, também com suspeitas de bombas. Morrissey era um visonário, está visto.

2 comentários:

Freddy disse...

Ainda mexe o atentado por aqui...?

Abraço e a não perder a reportagem fotográfica do Grande Prémio Histórico da Boavista feita pelo Agente Pingú na Zona Franca

João Pedro disse...

Pois é...o atentado ainda mexe. e dos tais assuntos que devia ser objecto de uma discussão constante.
Já dei uma vista de olhos na reportagem; acho que vou pedir emprestada uma foto.