segunda-feira, dezembro 09, 2024

O fim de um regime que já ninguém apoiava

Ontem os rebeldes sírios tinham tomado Homs e estavam literamente, na "estrada de Damasco". Hoje acorda-se com a notícia da tomada da capital, quase sem resistência, e com a queda do regime e fuga do clã Assad e estado maior (tiveram mais sorte que Saddam e Kadhafi). De há uns anos para cá ficou a ideia de que o regime baathista/assadista tinha ganho a guerra e dominado os seus inimigos, pelo menos em boa parte do país. Em poucas semanas o jogo virou e o regime caiu. O que vem aí pode não ser bom; o que acabou não era de certeza absoluta.


Mas isto serviu para uns tira-teimas: o regime de Assad, que muitos garantiam ser imensamento apoiado pelo povo sírio, caiu quase sem ninguém que o defendesse. Viu-se o "apoio popular": uma enorme farsa, mantida pela violência. Só era sustentado pela ajuda iraniana e pelo Hezbollah, que severamente macerados por Israel não lhe puderam agora acudir, e pela Rússia, que virada totalmente para a guerra na Ucrânia também se viu impotente. É a confirmação de que a Rússia, como já se tinha visto ao falhar à Arménia pelo Nagorno Karabakh, não tem capacidades reais para acudir em vários tabuleiros e que é uma potência com pés de barro. Aliás, depois dessa guerra com a Arménia (que por causa disso se virou para ocidente), é o segundo triunfo dos proxys da Turquia sobre os da Rússia.

Os turcos são os grandes vencedores do momento, mas Israel também colhe os louros. O Irão e a Rússia são os grandes derrotados. Veremos o que ganhará ou perderá o Ocidente, já que os curdos, que apoiam, serão com certeza hostilizados pelos pró-turcos, apesar de também eles terem conquistado território e material militar.

Tudo isto, curiosamente, num dia de grande significado para a França, antiga potência administrativa da Síria. Fica-se com a dúvida se o pais se manterá ou se é mesmo para dividir, como aliás era o plano em 1920.



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