segunda-feira, janeiro 19, 2004

Frases que vieram na rubrica "Diz-se", do Público, nos últimos dias:

"...de um bom político o povo espera obras, não espera filosofia."
Pedro Santana Lopes dixit

Temos aqui a perfeita apologia da "obra feita" ( seja útil ou inútil, e sempre em betão) em detrimento do planeamento urbanístico, da aposta na qualidade de vida e da humanização das cidades. Se não era isto que PSL queria dizer, parece. Um qualquer cacique local não falaria melhor.
O que parece confirmar esse sentido das palavras é a "obra" (ou o seu planeamento) do Presidente da CML. O que se viu até agora foram as promessas de recuperação do teatro de Revista (um gênero datado e que, ao contrário do que apregoam não representa qualquer sátira portuguesa mas tão somente uma Lisboa brejeira e popularucha), com o possível projecto do arquitecto Gherry, uma rua dedicada a Amália, a proibição de circulação automóvel em parte do Bairro Alto, o túnel do Marquês (uma obra contestada por todos os lados) e, claro, a jóia da coroa: o Casino, esse indispensável futuro ex-libris da Capital, que já teve logradouro previsto em meia dúzia de sítios. Ah, sim, também os anunciados edifícios do arquitecto Siza em Alcântara, uma promessa de elefante branco que ameaça despoletar uma polémica semelhante à do elevador do Castelo.
Que PSL é um político com certa obssesão pelo "show-bizz" já todos sabíamos. A questão é que o auto-proclamado candidato a candidato do PS à CML, Manuel Maria Carrilho, tem tiques algo semelhantes, como a vaidade, o vício do protagonismo político e uma imagem de "enfant-terrible" no respectivo partido. As grandes diferenças (para além de um ser casado,ainda por cima com quem é, o que ajuda sempre a marcar pontos) serão a maior popularidade de Santana e o facto de Carrilho ter sido muito melhor titular da Cultura (em relacção ao Porto, então, nem se fala, até porque PSL quis vender Serralves e retirou de cá a respectiva SEC), talvez por ser imensamente mais culto. Se forem estes os principais candidatos a avançar, não deixará de ser curiosa a campanha eleitoral entre os dois, tipo "Já reparou como o seu Presidente da Câmara desistiu da corrida presidencial por amor a Lisboa ?", ou por outro lado, "Uma Lisboa com filosofia em cada calçada". Com as garantias de com um a noite estar sempre "a bombar" e com outro o turismo cultural aumentar em massa. Aos alfacinhas a tarefa de decidirem.

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