segunda-feira, janeiro 30, 2006

250 anos com três dias de atraso



Pois é. Os duzentos e cinquenta anos do nascimento de "Woferl" na principesca Salzburgo foram referidos por tudo quanto é orgão de informação, blogoesfera incluída. Não sendo um conhecedor profundo da sua obra musical (apesar da sua curta vida me ter despertado o interesse em tempos remotos), sei o suficiente para reconhecer o carácter Divino que manifestamente a inspirava.
Como não podia deixar de ser, Amadeus, de Milos Forman, passou nos ecrãs nacionais, pouco depois da série de um seu contemporâneo ainda mais libertino, Bocage. Já tinha escrito sobre o filme e as consequências ainda hoje visíveis do anátema de Salieri. Constança Cunha e Sá (invocando Mario de Sá Carneiro num dos seus melhores poemas) e João Gonçalves foram mais além e mencionaram "o talento do fracasso". É justo. Se não servir para reabilitar o Salieri compositor, como o Scalla tentou fazer na sua reabertura, ao menos que reabilite o Salieri reconhecedor da influência Divina pelo milagre da música.

E um conselho: os jovens austríacos, nos seus momentos de boémia, têm o costume de ingerir de um trago uma bebida extremamente alcoólica, parecida com brandy, flamejante como um crepe flambée, com um chocolate Mozart no fundo, justamente chamada Burning Mozart. Pode ser outra forma de homenagear o génio na sua faceta mais estroina, mas deglutir toda aquela massa agridoce em brasa é tarefa complicada e sufocante.

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