Quarenta anos depois da sua morte, é por demais óbvio que Ernesto Guevara não era nenhum santo, excepto para fanáticos e utópicos. Derramou sangue em nome do seu combate total contra o "imperialismo", em especial na Revolução Cubana. Mas compará-lo a um Mao, um Pol Pot a um Hitler, como faz a Atlântico deste mês, parece-me um sumo exagero. Se é certo que o seu lado idealista e combativo foi demasiado realçado por razões políticas e culturais, é bom que não caiamos também no oposto: a diabolização absoluta de um homem com seu quê de alucinado. Nos anos sessenta, um tipo assim, morto aos quarenta anos, só se poderia tornar num ícone. Ironia das ironias, acabou também por tranformar-se num rentabilíssimo produto de marketing, provando que não só o capitalismo está bem mais vivo que o comunismo, mas também que pode aproveitá-lo cinicamente para abrir novos caminhos.
A ver também este artigo de Rui Bebiano
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