Sobre a eleição de Filipe Menezes para líder do PSD estou para escrever desde sexta de madrugada, quando vi os resultados. Não vou dizer que já esperava, como gostam de afirmar muitos comentadores depois dos factos acontecerem. Julgava que apesar de tudo, Mendes triunfaria à rasca, mas ficaria no lugar. Afinal, as "bases" apostaram no autarca de Gaia, e até por larga maioria.
E agora, perguntam muitos, com as mãos na cabela? Agora temos alguém cujo pecado que mais detesta é o da coerência, que muda de discurso conforme os ventos e a disposição, que tem uma velha rivalidade, agora camuflada, com Rui Rio e que até já chorou na televisão. Alguém quem Miguel Sousa Tavares, há já vários anos, quando Menezes usava barba e era líder da distrital do Porto, chamou "O nosso Pacheco", numa alusão à queirosiana figura d ´A Correspondência de Fradique Mendes. O homem tem cumprido de forma satisfatória na margem Sul, é certo. Mas líder do principal partido da oposição, frente a uma governo sustentado por uma maioria absoluta? As suas ideias são algo vagas e arrevezadas, ora sustentando-se em políticas sociais, ora defendendo uma economia mais liberal (uma dualidade paradoxal que prova, afinal de contas, que ele é um PSD dos sete costados). Fora do partido, deixa muita desconfiança. E a inimizade da maioria dos "notáveis" também é uma dificuldade a não desprezar.
Apesar de tudo, acho que a coisa, do lado da oposição, vai ficar mais animada, para mais se Santana lopes, o ex-menino -guerreiro repromovido a grande estadista por causa de uma atitude mais nobre num noticiário, ocupar o lugar de líder parlamentar, como insistentemente se tem falado. Com Portas no CDS, a sonolenta AR terá mais motivos para acordar.
De qualquer maneira, não sei se Menezes terá assim tanta pedalada para liderar o partido, e se se terá apercebido da encrenca em que se meteu. Com Gaia pelo meio e os "barões" atrás, não vai ser nada fácil. o que eu sei é que não é motivo para terrores ou cenários apocalípticos, muito menos para encerrar o blogue. Estou como Francisco José Viegas: apesar de tudo, dá um certo gozo.
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