segunda-feira, maio 05, 2008

A Tragédia da Superga

 
Maio parece ser o mês de todas as efemérides. Algumas há que são mais facilmente recordadas, sejam mais recentes (o desaparecimento de Maddie, por exemplo), ou menos (o Maio de 68). Mas hoje vi no jornal um acontecimento que, embora algo esquecido, comoveu a Europa da altura do pós-guerra.

Aqui há tempos falei do desastre aéreo de Munique que vitimou parte da equipa do Manchester United, em 1958. Mas anos antes tinha havido um ainda pior. Em 1949, a fabulosa equipa do Torino veio a Portugal para um jogo particular com o Benfica, como convidado para a homenagem ao jogador Francisco Ferreira. Os rivais da Juventus tinham na altura a melhor equipa italiana, comandada pelo atacante Valentino Mazzola, muitos dos quais internacionais da Squadra Azurra, e estavam quase a atingir o quarto scudetto consecutivo. No regresso a Turim, depois de jogarem com o Benfica, o avião onde seguiam envolveu-se no nevoeiro, e quando tentava descer para recuperar visibilidade, com deficiente apoio radiofónico, bateu violentamente contra a Basílica da Superga, numa colina perto de Turim. Todos os que seguiam a bordo do avião pereceram.
O acidente provocou viva comoção em Itália e por toda a Europa. Em Portugal, onde os jogadores do Grande Torino tinham realizado a sua última partida, milhares de pessoas acorreram à Embaixada Italiana, na zona do Paço da Rainha, em Lisboa, para assinar o livro de condolências, como atesta o recente livro de fotos dos anos 50 da autoria de Joaquim Vieira. Nas quatro jornadas finais do campeonato italiano, o Torino lançou os jovens da sua formação. Todos os outros clubes os imitaram, e os turinenses venceram o campeonato. Só seriam novamente campeões nos anos setenta, altura em que também ganharam uma Taça UEFA. Depois disso, alternariam subidas e descidas na Série-A. Nunca mais surgiu uma equipa do Torino como aquela dos anos quarenta. O filho de Mazzola, Sandro, tornar-se-ia ele próprio um craque, mas pelo Inter de Milão. A tragédia da Superga seria um choque terrível para o futebol italiano e para o clube que continua, apesar das adversidades, a ser mais popular na sua cidade do que a poderosa Juventus, sua adversária eterna no Derby della Mole.

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