segunda-feira, junho 29, 2009

Pedro e Paulo


29 de Junho é dia de S. Pedro e S. Paulo. Normalmente, associa-se muito mais ao primeiro. É a Pedro que as festas populares são dedicadas, talvez pelo seu estatuto de discípulo de Cristo, de primeiro chefe da Igreja, cujas sandálias cabem a cada Sumo Pontífice; e sobretudo dever-se-à ao seu carácter humano, genuíno e simples, de homem sem grandes conhecimentos (era pescador), que segue Cristo por toda a parte, que desembainha a espada para O proteger, mas a quem por medo O nega três vezes, que fala sempre com o coração, que é o primeiro a reconhecer o Messias e que espalha a Sua palavra depois da Ascensão. No fundo, será o Santo com quem o homem comum terá mais empatia e mais facilidade em se identificar.

Paulo de Tarso é o "Apóstolo dos Gentios", um judeu com cidadania romana, de sólida educação e influências helenísticas, que depois da sua conversão pregou a Mensagem Cristã pela Ásia Menor, Grécia e, crê-se até à Península Ibérica. É o fundador da moral cristã e da separação desta dos velhos hábitos judaicos, que espalhou nas suas viagens e através das suas epístolas. A ele se deve a difusão do cristianismo fora da Palestina e a sua aceitação por vários povos.


Estas duas figuras maiores do cristianismo pouco têm em comum, e Pedro, o líder da Igreja, chegou mesmo a ser directamente repreendido pelo convertido Paulo. Um representa a simplicidade e o desapego de um homem que tudo largou para seguir a Cristo quando ouviu o chamamento. O outro é um carácter mais intelectual, o responsável do Cristianismo ter deixado de ser uma seita de judeus secessionistas, galgando o Mediterrâneo e alcançando novo estatuto em Roma e na Grécia, que lhe seria tão importante daí para a frente. Ambos, porém, tiveram a coragem de divulgar a Boa Nova com todos os perigos que isso acarretava. Ambos foram martirizados na Cidade Eterna. E ambos foram os verdadeiros fundadores da Igreja de Roma, apesar de toda a Cristandade os venerar.


Encerra-se hoje o Ano Paulino, dedicado a S. Paulo. Bento XVI quis assim homenagear o primeiro grande pensador cristão. S. Pedro está sempre presente em Roma, à vista de todos. A S. Paulo faltava alguma visibilidade, que não tem pelo seu próprio estatuto de "intelectual". Embora em alguns casos os dois sejam associados (como em nomes como a fortaleza de Pedro e Paulo, em são Petersburgo), um continuará a ser o santo popular e o outro uma espécie de Doutor da Igreja de estatuto superior. Mas o dia de hoje tem essa dupla importância: a de comemorar aqueles que são provavelmente, depois de Jesus, os dois homens mais importantes do Cristianismo

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