As escapadelas de Monsieur Hollande, esse "presidente normal", deixaram a França meio a rir, meio admirada de ver um tipo com o carisma de um cágado e aparência do perfeito manga de alpaca com um currículo feminino de respeito. Dadas as tradições de casos amorosos dos chefes de estado do hexágono, dos luíses aos presidentes da V República, passando por Bonaparte, os franceses não terão certamente estranhado, bem pelo contrário, e Hollande não terá perdido qualquer voto com as suas aventuras. Aliás, dado esse historial só reforçam o seu estatuto de "presidente normal".
Muito embora o adultério seja um traço deplorável em relação à pessoa com quem supostamente se quer partilhar a vida, a verdade é que, casos extremos à parte, não mancham qualquer actuação do incumbente de um político. Sórdidas novelas como a que vimos à volta de Bill Clinton, e que tivemos a desonra de assistir em finais dos anos noventa naquela terra puritana a que chamamos vulgarmente Estados Unidos, não têm grande audiência deste lado do Atlântico, felizmente. E para ser franco e descer um pouco à conversa de comadre, não sinto pena algum pela actual "primeira dama" do Eliseu, a frondeuse Valérie Trierweiler. Além de possuir um ar muito pouco simpático, é bom recordar que também ela se tinha envolvido com Hollande quando ele ainda se encontrava com Segoléne Royal (aliás muito mais interessante), e que aliás já este ano influenciou a sua derrota no círculo eleitoral para a qual era candidata ao parlamento.
Dito isto, há alguns pormenores que não são exactamente da "estrita vida privada" dos estadistas: por exemplo, os achaques de Madame Trierweiler, que gasta uns bons milhares de euros por mês aos fundos estatais, o mau ambiente que isso possa trazer ao Eliseu. mas sobretudo, as questões de segurança do próprio Hollande. Claro que é cómico vermos a personagem fugindo à socapa do apartamento de Gayet (que a propósito, já não é exactamente uma "jovem", e sim uma quarentona) naquela moa-triciclo, com o capacete a mostra-lhe os olhos assustados. Mas e se alguém menos recomendável - um jihadista, por exemplo, aborrecido com a intervenção no Mali - soubesse quem ia ali? E depois, há ainda a questão do apartamento, ao que parece propriedade de uma amiga da actriz, com relações obscuras com mafiosos corsos. É bom lembrar que a profissão de espião é das mais antigas da humanidade. E que a alcova é das mais clássicas (e eficazes) maneiras de se sacar segredos de relevo, influenciar-se augustas figuras, e assim se moldar o curso da História.
PS: claro que se o normal monsieur Hollande escapar disso, das críticas de todos os socialistas da Europa já não escapa, depois da incrível inversão do programa económico para os próximos anos, ultrapassando Sarkozy pela direita. e pensar que era a "esperança" da esquerda há menos de dois anos. Mas Miterrand teve uma actuação muito semelhante.
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