Fim de semana para cima e para baixo, cansativo, enervante, apenas atenuado por um bom e velho jantar em casa de amigos, neste início de Verão. Mas além de tudo, notícias negras relacionadas com senhoras respeitáveis.
No sábado, já sabia da notícia do internamento de Maria Barroso, mas não imaginava a gravidade. Vi então que tinha dado uma queda, e depois de observações inconsequentes no hospital, uma hemorragia deixá-la-ia em estado crítico, até ao dia em que escrevo. Vi essa notícia precisamente num tasco da rua em que mora, ao Campo Grande. Minutos depois, sob um sol abrasador, passava na entrada do prédio onde imaginei que morasse, e decorridos segundos, reparei que saía de lá João Soares, cabisbaixo, provavelmente depois de visitar o pai. Não pude deixar de sentir pena por aquela família que de repente fica privada da sua matriarca. Tanto se tem falado de quão caído e envelhecido está Mário Soares, e afinal de contas pode sobreviver a Maria Barroso. Resta saber se conseguirá durante muito tempo.
Por essa altura também já sabia do terrível atentado em Sousse, na Tunísia, onde um psicopata sob mando do chamado "Estado Islâmico" baleou todos os que encontrou na praia, matando dezenas de turistas. Entre elas, estava a senhora portuguesa que lá tinha ido recordar outras visitas ao país. A notícia e os pormenores já impressionavam e emocionavam, mas à noite soube por um amigo de quem se tratava e cheguei à conclusão de que eu próprio a conhecera em tempos, salvo erro na feira de Vila Real, que era amiga da minha família e que costumava andar pelos mesmos circuitos, entre o Porto e Trás os Montes. Aliás, um jantar em casa de primos vilarealenses ficou cancelado por serem bastante próximos de Glorinha, como era conhecido por todos. Custa a crer como é que pessoas que conhecemos desses meios e locais, que parecem tão longínquos em tudo dos horrores da maior praga da actualidade, e que não tinham o menor envolvimento com questões religiosas ou políticas, possam ser vítimas dessa violência diabólica. O que só prova a globalidade e a proximidade dessa ameaça. O terrorismo dos jiadistas atingiu-nos agora, ainda que fora de Portugal, na pessoa de Glorinha, que desgraçadamente acreditou como tantos outros que na Tunísia podia fazer umas férias tranquilas.
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