Não tenho falado muito do meu Benfica, mas os tempos não estão para grandes comemorações. A equipa comandada por Rui Vitória já tinha um penoso currículo de jogos fora de casa (tirando o inesperado mas espantoso triunfo em Madrid, no Vicente Calderon), mas na Luz somava os jogos por vitórias. Só que a derrota do último Domingo, quando mais precisávamos de ganhar, lançou sérias dúvidas sobre a equipa, o treinador, as suas capacidades e o futuro próximo. Os sinais de recuperação esfumaram-se com o nevoeiro da Madeira, que adiou o jogo com o União, seguido de uma tremida passagem na Taça frente ao Vianense, uma derrota em Istambul com erros parvos, mas enfim, dado o ambiente e o adversário, desculpável, e agora o desastre em plena Luz, frente ao Sporting de Jesus, que urgia vencer, e sobretudo do infame Bruno de Carvalho, um dos mais nocivos elementos do dirigismo do futebol português que me lembro de ver. Até porque aquilo deveu-se mais a demérito próprio do que a um portentoso jogo dos lagartos. Afinal que é que se passou? Uma diferença assim tão abissal dos planteis? Má táctica? Jogadores temerosos de Jesus? Um jogo táctico perfeito deste? Tudo um pouco, e ainda sorte para o Sporting e o natural desalento para os nossos, já de cabeça noutro sítio, como se pôde ver por aquilo que seria o autogolo mais patético que me lembro de ver desde um Rosenborg-Olympiacos, não fosse a estirada de Júlio César.
O desastre não podia vir em pior altura pelas razões atrás ditas, e numa altura de turbulência de jogos, com campeonato, taça e Liga dos Campões a sobreporem-se, e com jogos em atraso. Para mais, o próximo embate para a Taça é exactamente em Alvalade, frente ao mesmo Sporting, numa altura em que também tem a decisiva recepção ao Galatasaray. Com um plantel limitado e alguns jogadores de fora (quem diria que a falta de Nelson Semedo seria tão sentida), não se prevê um mês memorável. A não ser que o orgulho venha acima, e conjuntamente com alguma cabeça, diferentes disposições tácticas e alguma sorte, se possa atirar esta triste recordação para trás. Depois de ultrapassarmos os traumas com o Porto, era o que faltava ficarmos com outros com o Sporting. Uma vitória em Alvalade seria o melhor tónico. Afinal, quem ganhou na casa do Atlético de Simeone pode ganhar em muitos outros recintos. Mas terá de suar muito para o conseguir. A tarefa é hercúlea, sobretudo a psicológica, mas não impossível. Há alguns jogadores que têm de levar umas reprimendas, outros que deviam passar pelo banco (estou a pensar em Luisão, e para isso mesmo é que lá está Lisandro, que cumpre o papel às mil maravilhas), e outros ainda que podiam jogar mais, além do citado Lisandro (Cristante, por exemplo). Alguma coisa terá de ser feita, e é agora que Rui Vitória precisa de mostrar o que realmente vale.
Para os apaniguados de Bruno Carvalho, que acham que nada os travará, e que terão de recuar muito tempo para recordar triunfo semelhante (já há comparações com o bojudo mas inútil 7-1), recordo-lhes que também em tempos de Vale e Azevedo o Benfica ganhou em Alvalade por 4-1. Caso haja dúvidas, a comparação de presidentes não é forçada.
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