A Áutria vai receber doentes portugueses com covid em cuidados intensivos. Confirma-se É uma ajuda preciosa e um bom exemplo de como pode funcionar a cooperação europeia. Até porque não é a primeira vez nesta crise pandémica que doentes de um país são acolhidos noutro.
Não só não é inédito entre os dois países como até teve exemplos pré-UE. Deve haver quem se lembre de ouvir os pais ou os avós falar de crianças austríacas que vieram para Portugal no fim da II Guerra, para serem acolhidas quando o seu país estava num estado lastimável, e precisava de ser reconstruído. Houve-as em toda a parte, num trabalho organizado pela Cáritas portuguesa, e dinamizado por uma princesa do Liechtenstein. Conheço vários exemplos de acolhimento dos meus familiares de Vila Real. Alguns mantiveram contacto, outros não e outros reapareceram ao fim de décadas, visitando inclusivamente as antigas famílias de acolhimento (em alguns casos nas mesmas casas). Muitas destas crianças vinham ainda com traumas, como o de fugir quando ouviam um simples foguete, pensando que era um bombardeamento, ou olhar pasmadas para as cascas de batatas a ser deitadas fora, como se servissem de alimento. Certamente que deveram muito do seu crescimento ao facto de terem vindo para cá nesse período de reconstrução da Áustria - e de outros, porque ao que me dizem também as houve de França e da Finlândia. Esperemos agora que bem menos portugueses tenham de ser acolhidos pelo chanceler Kurz.
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