Morreu há dias Rui Patrício. Não o guarda-redes, mas o último ministro dos negócios estrangeiros do Estado Novo. Vivia no Brasil desde 1975, por opção própria. Já tinha 91 anos e pelos cargos que ocupou, viu certamente muita coisa. Há uma que certamente não desdenhou: ter sido o representante de Portugal na chamada "maior (ou mais dispendiosa" festa de sempre", a comemoração dos 2500 anos do Império Persa pelo Xá Reza Pahlavi. Provavelmente despoletou sentimentos de frustração no seu país que contribuiriam anos mais tarde para o seu derrube, tal o luxo, verdadeiramente oriental, de que se revestiu. A atestá-lo havia um documentário , como o nome, precisamente, de "A Maior Festa do Mundo".
Mais do que isso, os convidados estavam entre as maiores personalidades políticas do tempo. Não estavam Nixon, Brejnev, Mao ou a Rainha Isabel II, que enviaram os seus representantes (no caso da Rainha era o próprio Príncipe Filipe) e foram boa parte das casas reinantes na Europa ou príncipes, como Juan Carlos de Espanha, ou os líderes do Bloco de Leste, como Ceausescu, e ainda Hailé Sellasié, da Etiópia, o Marechal Tito, Mobutu, Suharto, Rainier e Grace do Mónaco, os presidentes do Brasil, Turquia, Índia, os emires do Golfo, etc, etc. Estadistas, facínoras figuras mais e menos relevantes, havia de tudo. Patrício lá estava, como representante de Portugal, e não deve ter dado o tempo como perdido.
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