O anúncio do novo governo provocou as reacções esperadas. Não houve pavor, mas também não se viram declarações emocionadas. O PSD vogou entre o benefício da dúvida e a crítica pela crítica, mas dos incongruentes Menezes e Guilherme Silva pouco havia a esperar. O Bloco de Esquerda, que ainda não percebeu que é apenas o quinto partido mais votado, desatou a falar nas promessas eleitorais e a fazer uns esgares de dúvida. O PCP, inevitavelmente, acusou o executivo de conter elementos "neo-liberais" (vá lá que não lhes chamou fascistas). O CDS-PP atacou por todos os lados, mas 90% das críticas eram dirigidas a Freitas do Amaral.
A ausência maior é, como não podia deixar de ser, a de Vitorino, que já deixara a ameaça implícita naquela sonante declaração terminada por um "habituem-se". Ninguém percebeu se quererá seguir uma carreira mais "privada" ou mais pública, que vá para além do seu lugar na AR. Já Pedro Silva Pereira e António Costa (novo peso pesado) eram absolutamente previsíveis, assim como Manuel Pinho. Correia de Campos deixou uma boa imagem nos tempos em que ocupou a pasta que a si regressa, e é olhado com bons olhos pelos sectores da saúde. Alberto Costa, pelo contrário, pela inabilidade que demonstrou à frente do MAI é visto com desconfiança, embora Rogério Alves tenha treinado uns elogios de ocasião. Freitas do Amaral, que confesso que foi uma surpresa para mim, é um peso pesado com experiência no cargo e conhecimento de causa. O facto de se afirmar que "é um anti-americano" e "esteve contra a guerra do Iraque" (ele e a maioria da população portuguesa estiveram contra uma guerra baseada naquela armas de destruição maciça que ninguém descobriu) não me deixa minimamente preocupado, até porque a maioria desses críticos tem uma tal admiração por W Bush que imediatamente revelam o porquê das censuras.
Os restantes nomes não conheço, exceptuando Augusto Santos Silva, de quem tenho muito boa imagem, e Jorge Lacão (rotulado com um "yes man"), e a quem foram esntregues pastas mais instrumentais. Espero pois pela actividade governamental. E que só dialogue o estritamente necessário.
A propósito de Freitas: depois das atitudes revisonistas exibidas num qualquer congresso, o CDS-PP revelou de novo os seus complexos edipianos, ao enviar o retrato do seu fundador para o Largo do Rato. Ao que parece, só se conservam os de Amaro da Costa (que nem chegou a ser líder) e de Paulo Portas. Gostava era de saber o que é que terá feito Adriano Moreira para que lhe fizessem a desfeita; talvez por estar contra a invasão do Iraque, pelo que no Caldas reagiram com sentimentos tudo menos cristãos.
Não é preciso escrever mais para dizer que é uma atitude indecorosa, insensata e da mais baixa política. Quem trai as sua origens, perde a sua memória; quem perde a memória perde igualmente os valores que apregoa.
Ainda por falar no PP: Diogo Belfort Henriques postou no Acidental uma piada clara à nomeação de Freitas do Amaral, considerando que o Hezbollah e a França são os novos aliados de Portugal. Se do primeiro bem só exigimos distância, não percebo porque é que o segundo é um "novo" aliado; será que o país com a maior comunidade portuguesa no estrangeiro, e que é provavelmente o nosso maior contribuinte dos fundos comunitários era nosso inimigo e não o sabíamos?
Lamento, mas a posta é muitíssimo infeliz. DBH já escreveu coisas bem mais oportunas e interessantes. É pena que agora se socorra da ligação de um blog estrangeiro assumidamente anti-francófono e, no seu gênero, de um fanatismo repulsivo, que por sentido de decência e respeito para com os leitores não "linkarei". Espero é que agora não venham as desculpas de "não é nada anti-francófono, é só contra o Chirac...", porque o sentido do post não engana. Se no lugar de Chirac estivesse Bush e se falasse dos EUA nos mesmos termos, o que não seria de acusações de anti-americanismo! E, neste caso, com inteira razão.
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