quinta-feira, novembro 09, 2006

condenações de grau diferente

A condenação à morte de Saddam, sendo já esperada, não pode deixar de ser criticada por todos os que se opõem à pena capital e que pensam que a privação da vida não é uma solução justa, mas meramente vingativa. Claro que desse grupo não faz parte o sempre inenarrável W. Bush, que reagiu à notícia com a esclarecedora frase "é uma grande conquista para o Iraque". Como é óbvio, quem se baseia unicamente no coldre e na Bíblia para daí construír as suas únicas concepções do mundo, ou que acredita que Jesus era um filósofo, só se podia congratular com esta sentença. Provavelmente tentando esquecer que o réu era um fiel aliado da Administração da qual o seu pai era Vice-Presidente (para depois se tornar em inimigo directo, em 90).
É claro que depois do dia de hoje, o Presidente americano terá muito mais com que se preocupar. A derrota no Congresso para os Democratas acabou por ser mais expressiva do que o imaginado, mesmo com a agressiva campanha republicana. Também em governadores estaduais houve subidas pelo partido do burro. O Senado está por um fio, e se também o perder, o bloco conservador americano averbará um fracasso em toda a linha, mais visível ainda por uma afluência às urnas maior do que a esperada.
Com este desaire, uma cabeça já rolou: a do ignóbil Rumsfeld, arquitecto da invasão do Iraque, responsável político por Guantánamo, Abu Grahib e outras situações semelhantes. Já vai atrasado. Desde que se soube das torturas nas prisões iraquianas que a decência teria obrigado este homem a ir para a rua. Algum dia tinha que ser. A atoleiro do Iraque acabou por ser a razão maior que o condenou a saír. Sempre é melhor que a do homem cuja mão apertou nos anos noventa.

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