Em 2000 estive naquele que seria o último concerto dos Smashing Pumpkins em Portugal, no Coliseu do Porto. Um momento mágico, quando cheguei ao balcão, e vi a banda vestida de branco, entre névoas da mesma cor, quais anjos do rock, frente a um público completamente rendido que esgotava o recinto. Duas horas que passaram entre os últimos álbuns, clássicos das obras primas Siamese Dream e do enorme Mellon Collie and the Infinite Sadness, essa referência rocker dos anos noventa, canções intimistas e leves e violentas descargas de riffs de guitarras em fúria. E a despedida comovida do líder e compositor Billy Corgan, com a sua cara de bébé e a sua voz inconfundível, largos minutos a agradecer ao público.
A banda já tinha tido outros momentos memoráveis, como o espectáculo na Praça de Touros de Cascais, em 1996, À chuva. Lembro-me ainda no dia seguinte dos comentários sonolentos dos felizardos que lá tinham acorrido, e da sua excitação. Outros concertos da banda houve, menos bem sucedidos, como de resto toda a sua carreira daí para a frente. Em 2000 resolveram pôr um ponto final e fazer uma tournée mundial, que em Portugal culminou nesse tal concerto do Porto (que me custou imenso na candonga, porque um mês antes já se tinha esgotado!). Billy Corgan reuniu os Zwan, de curta duração, e lançou depois um disco a solo. Mas de tal maneira as saudades da antiga banda o atormentavam que resolveu ressuscitá-la.
Voltou agora a Portugal, com nova formação, e novo álbum no forja, chamado Zeitgeist, mais "interventivo" e político, diz-se. Parece não haver mais bandas que resistam ao revivalismo dos "velhos tempos". O espectáculo, em Algés, num cartaz onde pontificavam Peral Jam e White Stripes, terá sido mais morno e acústico que o que era habitual. Mas a chuva não faltou, como no concerto de 1996, em incrível coincidência. Falta que Zeitgeit tenha a qualidade dos álbuns anteriores.
Tenho uma certa pena de já não poder dizer que assisti ao último concerto dos Smashing Pumpkins em Portugal. Mas fico bem mais contente com o seu regresso, fiel à filosofia de tragicomédia do imparável Corgan.
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