terça-feira, fevereiro 02, 2010

Chico-espertismo alfacinhas suportados pelos dinheiros públicos



A ida do Red Bull Air Race para Lisboa provocou as convulsões esperadas, como tudo o que acontece neste género de coisas. Poderia ser uma mera iniciativa da Red Bull, em que Lisboa e Oeiras não se pudessem opor, e em que António Costa, muito solícito, tivesse avisado antes os seus homólogos de Porto e Gaia. A ser assim, não se poderia acusar as entidades locais ou o governo central de "roubarem" a corrida, mas tão somente a empresa austríaca de bebidas energéticas de a mudar de lugar. A indignação portuense deveria ser assim canalizada para a Red Bull, e não para os novos locatários da prova.


Simplesmente, os custos da operação são muito superiores aos que eram suportados pelas autarquias de Porto e Gaia. De 400 mil euros para 3,5 milhões vai qualquer coisa. O Turismo de Portugal dá uma ajuda, é certo, mas porque não se lembrou disso nos três anos anteriores? Esquecimento, ou os seus responsáveis não saem para fora dos gabinetes?

Toda a operação é de um provincianismo que mete dó. A polémica estourou em Dezembro, mas só agora é que se teve um conhecimento mais real dos números. Por muito que não aprecie a figura e as ideias de Santana Lopes, dou-lhe razão neste caso. A transferência da prova com apoios estatais e mais dinheiros das câmaras que a vão promover representam um acréscimo de gastos de dinheiros públicos. O tradicional chico-espertismo português travestido de fato de negócios e ar institucional: como não se atraem novos investimentos de fora, como deveria ser a regra, vai-se buscar a outras cidades do mesmo país. A isso chama-se incapacidade de atrair investimento estrangeiro e concorrência desleal, com o patrocínio do Estado.

E não era Lisboa que há bem pouco tempo tinha as contas em pantanas e um gigantesco buraco orçamental? António Costa diz que o primeiro meio-mandato era pôr a casa em ordem. Por muito boa gestão que tenha feito, é impossível pensar que as contas foram regularizadas em tão pouco tempo. Problemas supervinientes haverá, certamente, mais importantes e que necessitem de mais recursos. Veja-se a quantidade de casas devolutas na Capital, por vezes autênticas jóias desprezadas, creio mesmo que alguns Prémio Valmor. Mas prefere-se levar a Air Race para o Tejo com consequente aumento de custos a recuperar uma cidade desmazelada e ferida. Opções sem nexo, ou disparates que prejudicam uns sem melhorar a vida de outros, com o suporte do erário público.


Comigo não contam para a nova prova no Tejo. Até porque em estuário tão largo, a espectacularidade dos loopings dos aviões, uma prova de concentração mas um movimento belíssimo nas margens abruptas do Douro, perder-se-à seguramente no ar, com pequenos pontos longe da vista dos espectadores.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem investiga o casino estoril e o trafulha do administrador mario assis ferreira, operação furacão feita ao casino, os despedimentos dos 130 trabalhadores a colecção de estatuas de santº antonio os bares e discoteca do casino gerido pela familia .