Era daqueles jogos ditos de alt(íssim)o risco. Um Polónia-Rússia, em Varsóvia, no dia em que os russos festejam o nascimento da Federação, é motivo para qualquer pessoa sensata se afastar da capital polaca, a não ser que seja repórter de guerra. Uma marcha com colunas de russos em direcção ao estádio prometia represálias de fanáticos polacos, evocando o retalhamento do seu país, a repressão czarista e o pesado controlo soviético, que obrigou ao estádio de sítio permanente. Mas o empate e a divisão de pontos serenaram os ânimos, a polícia cumpriu o seu papel, e o saldo final acabou em quinze feridos e cinquenta detidos. Muito positivo, diga-se. Qualquer resultado que não causasse mortos nem feridos muito graves seria sempre bom. Os maiores receios não se verificaram, apesar de algumas escaramuças de rua.
Mas se o empate acalmou as hostes (se tivesse ganho alguém, não sei), traria resultados desportivos negativos a curto prazo. A favorita Rússia perdeu com a sofrível Grécia e os checos impuseram uma derrota à Polónia (em Wroclaw, antiga cidade prussiana de Breslau, muito perto aliás da fronteira checa, pelo que estavam muitos milhares de adeptos desse país). O anfitrião e a talentosa selecção da Federação Russa, que tantas desgraças evocavam e que tanto receio causavam pelo choque dos seus adeptos, ficaram fora do torneio. A pólvora seca entre adeptos contagiou os jogadores. Quem diria...
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