sexta-feira, agosto 30, 2013

Obama e Hollande querem-se mesmo queimar?


Não tenho a menor dúvida de que o regime baathista de Assad, se não lançou um ataque químico, não seria por falta de vontade que evitaria fazê-lo. Afinal de contas, o regime irmão de Saddam divertia-se a gasear insurgentes no Iraque, e o pai Assad nunca teve hesitações em esmagar qualquer revolta através dos meios mais brutais.
 
Mas desconfio das "acções" que algumas potências ocidentais preparam para evitar acontecimentos como os verificados nos últimos dias. Recordo que em 2001 a resolução da ONU destinava-se apenas a criar uma zona de exclusão aérea para evitar que a aviação do regime líbio massacrasse os revoltosos, mas a França e o Reino Unido aproveitaram para efectivamente derrubar Kadhafi, apoiando os "combatentes pela liberdade", e com isso espalhar o caos. Agora observam-se novas complacências para esses mesmos combatentes, desta vez na Síria, mesmo que muitos sejam jihadistas que não hesitam em, por exemplo, executar publicamente frades e outros "infiéis". Isso parece pouco importar a Hollande e Obama - poderia falar em Cameron, mas avisadamente a Câmara dos Comuns recusou qualquer intervenção militar na Síria. Obama e Hollande, tão incensados aquando das respectivas eleições, preferem teimosamente avançar para o terreno. Surpreende sobretudo no francês, que depois de intervir (aí sim, com todo o propósito) no Mali, parece não perceber a nebulosa intensa em que se vai meter. Ou será que o "homem simples" afinal de contas já está acometido da síndrome da "grandeur de France", que desde De Gaulle não cessa de perseguir os presidentes do Hexágono?
 
As nações europeias deviam era preocupar-se com a quantidade de milicianos jihadistas nascidos no seu território, e que depois de doutrinação religiosa  em campos educação e madrassas no Paquistão, seguiram para o terreno para combater o regime de Assad, envolvidos em redes extremistas islâmicas. Novas serpentes podem estar a sair de imensos ovos aqui à nossa porta. Quanto a Obama, arrisca-se a perder todas as credenciais que apressadamente lhe deram (lembram-se do Nobel da Paz?). Entre Assad, o Irão e o Hezbollah, e os jihadistas apoiados pela Arábia Saudita, venha o Diabo e escolha. Mas o demo, que já lá anda há dois anos, parece estar com dificuldades em decidir-se. Esperemos que não tenha soprado ao ouvido de Obama e Hollande.
 
 

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