segunda-feira, abril 28, 2014

O que nos resta dos "Capitães de Abril"


 A propósito dos quarenta anos do vinte e cinco de Abril e das suas comemorações (sem nada de novo, excepto alguns murais), lembrei-me daquela expressão duvidosa "os melhores...são os que estão no cemitério". No caso dos Capitães de Abril isso é mesmo verdade. Foram-se Melo Antunes, Jaime Neves, Vítor Alves, Marques Júnior (estes há bem pouco tempo), e sobretudo Salgueiro Maia, o homem do terreno, que deu o peito às balas, que permitiu que a revolução não fosse sangrenta (houve sangue, mas não por sua culpa) e que se transformasse quase numa celebração, que protegeu Caetano e os ministros, que depois se remeteu ao seu quartel e à sua carreira, discretamente, sem exigir louvores ou promoções, nem constituír a sua própria "força revolucionária", traído por uma doença que o levou demasiado cedo e que, sabe-se agora na altura em que propuseram a transladação do seu corpo para o Panteão Nacional, quis imperiosamente ficar em campa rasa. Em vez disso ficámos com a eterna cara de pau de Otelo, o amnistiado, e as proclamações do inaturável Vasco Lourenço, sempre a ameaçar com nova intentona contra os governos de que ele não gosta e que por acaso têm um suporte eleitoral maioritário. Grandes democratas, como se sabe. Valha-nos que ainda há um ou outro como Sousa e Castro para conservar um mínimo de bom senso.


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