Já lá vão dois meses desde que Portugal ganhou o Euro 2016. Quem hibernasse em Junho e Julho e nada soubesse jamais o adivinharia. Afinal de contas, as proezas desportivas dos portugueses depois disso foram escassas: os Jogos Olímpicos saldaram-se por uma magra medalha de bronze (vá lá que não repetimos o vergonhoso feito de zero medalhas de Barcelona e, 1992), um pecúlio muito pobre, digam o que disserem os defensores dos atletas, com mais ou menos razão. E a Seleccção voltou aos campos com uma derrota bisonha por 2-0 na Suíça, depois de uma falsa partida contra Gibraltar. Ou seja, a onda de euforia não se estendeu aos campos desportivos.
Mas não, não é motivo para perder o entusiasmo. A vitória nos campos de França é bem real, a taça é nossa e deve servir de exemplo, não de memória desgarrada. Por isso, e embora só acreditar não chegue, é bem possível que com mais algumas condições, num futuro próximo os jogos Olímpicos corram melhor. Quanto à classificação para o Mundial, este era em teoria o jogo mais difícil. além de que a caminhada que só acabou em Saint-Denis começou, como muitos se recordam, com uma inimaginável derrota caseira com a Albânia.
E não hão de ser esses percalços a fazer-nos esquecer uma prova que começou sem despertar grande entusiasmo, mas que cativou pelos seus participantes menos usuais, pela performance dos galeses, pela coreografia guerreira dos islandeses (e pela histeria dos seus locutores), pela quebra de tabus e de habituais bêtes noires (França vs Alemanha, Alemanha vs Itália, Portugal vs França), pelos golos de Griezmann, Modric e Shakiri, e claro, pelo ímpeto de Renato Sanches, pelos voos e pela lesão de Cristiano Ronaldo e pelo improbabilíssimo golo de Éder e pela maneira como os portugueses, nessa noite inesquecível de Julho e nos dias que se seguiram, saíram à rua, em verdadeira alegria, comemorando o fim definitivo das "vitórias morais" e do eterno triste fado.
Está tudo condensado neste magnífico resumo da BBC, com uma versão francesa de Heroes, de Davd Bowie, como banda sonora, e que só por si quase podia ser um pretexto para este post. "Quase" porque momentos assim merecem ser lembrados enquanto estão frescos.
Vive le Portugal, como anuncia orgulhosamente a coluna na imagem final.
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