terça-feira, fevereiro 28, 2017

Óscares 2016 (que não vi)


Ao contrário de anos anteriores, quase não dei pela cerimónia dos Óscares. Nem pelos prémios (com excepção do de Melhor Actriz Secundária, entregue a Viola Davis, quando de súbito me lembrei de ligar a televisão para a apagar pouco depois), nem pela passadeira vermelha, nem pelas piadinhas de quem apresentava (e a propósito, não fazia ideia de quem era o "anfitrião", e menos ainda quem era Jimmy kimmel). Perdi assim o momento da que é provavelmente a maior gaffe da história destes prémios, e que apanhou injustamente os gloriosos Warren Beaty e Faye Dunaway, mas que serviu também para dar algum sal à coisa (e logo vieram as piadinhas de que seria uma sabotagem de Trump ou dos russos).
Mas a razão do meu desinteresse era o de não ter visto nem estar grandemente interessado nos filmes postos à nomeação. Tenho alguns em agenda, mas quase nenhum constava na lista da "Academia". E nem sequer sabia que gente estimável como Jeff Bridges ou Viggo Mortensen estava entre os nomeados, até porque os que ganham são sempre muito mais referidos (Meryl Streep também estava lá, mas dá-me ideia que o hábito é de tal forma que qualquer dia a nomeiam por engano mesmo que não entre em nenhum filme)  
O que me fica, olhando para as nomeações e para os premiados, é que esta cerimónia teve um carácter político e social que extravasou em muito o mérito artístico dos filmes que estavam a concurso. Uma mal disfarçada reacção à polémica do ano passado, em que não aparecia qualquer negro nomeado, deu origem a uma cascata de nomeações para actores negros (para actriz secundária, ganho justamente por Viola Davis, em cinco concorrentes três eram negras, uma percentagem bastante maior do que na população americana) e filmes sobre o racismo na América, tendo aliás o galardão principal ido para "Moonligh", exemplo disso mesmo, para mais com a caricata atribuição depois da hora, que ainda realça mais essa hegemonia. O slogan "oscars so white" era muito 2016. 2017 é o "oscars so black". Não há fome que não dê em fartura. E mesmo assim, Denzel Washington falhou a segunda estatueta. é assim, Hollywood.

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