Zahir Shah
Morreu o último Rei do Afeganistão, Mohammed Zahir Shah, aos 92 anos. Conservava apenas o título honorífico de "Pai da Pátria", atribuído por Karzai e pela Loya Jirga. Shah, da etnia pashtun, educado em França e falando persa como língua materna, reinou durante 40 anos no Afeganistão, na altura um país arcaico e pobre, mas bem mais pacífico do que hoje, local exótico por excelência e ponto de passagem para psicadélicos.
Com a sua queda, sobreveio o caos: governos ditatoriais, regimes marxistas, a invasão soviética e a penosa guerra que durou 9 anos, uma república islâmica, os Talibans e o seu "emirado" de trevas, e a invasão das forças internacionais, com o periclitante governo de Cabul. Só aí velho Rei pôde enfim voltar ao seu país, sem que contudo tivesse havido uma solução como no Cambodja.
No Expresso desta semana, José Cutileiro falava no pacífico reinado de Zahir Shah. Não se referiu a contudo um episódio que se passou há uns 15 anos, através do qual ouvi falar pela primeira vez do Rei. No seu exílio em Roma, Shah recebeu um dia a visita de um pretenso jornalista português, que o pretendia entrevistar. No fim da entrevista, apresentou-lhe um punhal, supostamente uma prenda, e tentou matar o ex-soberano. Quase por milagre, a cigarreira que Zahir Shah trazia no bolso interior do casaco aparou o golpe. Os guardas acabaram por acorrer, alertados pelo barulho de luta. O "jornalista" era Paulo José de Almeida Santos, que se convertera ao Islão anos antes, com o nome de Abdullah Yusuf, visitara o Paquistão e Afeganistão e os seus campos de treino e se envolvera com os radicais muçulmanos que formariam mais tarde a Al-Qaeda. O assassinato do Rei era a missão de que estava incumbido por ordem do próprio Osama Bin Laden.
Zahir Shah sobreviveu a essa tentativa de assassinato, a golpes de estado e a alguns acidentes domésticos nos últimos anos, e depois do seu longo exílio acabou os seus dias em Cabul, no palácio presidencial, com as honras do soberano que fora.
segunda-feira, julho 30, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário