sexta-feira, julho 20, 2012

God Forgive America



Talvez tenha passado despercebida a reportagem e a pequena entrevista do Expresso a Jonathan Winer, ex-secretário de Estado de Bill Clinton, sobre o caso de Joe Wright e a sua hipotética extradição para os Estados Unidos. Independentemente da justiça  da decisão dos juízes portugueses (recordemos que essa hipótese não se coloca no caso da haver pena de morte aplicável aos casos imputados), interessam-me os comentários do ex-governante americano, que sugere que caso Portugal (ou seja, o sistema judicial) não queria proceder à extradição, se devem "considerar outras opções". Quais? "Detenções extrajudiciais" (sequestro), engodos, caçadores de prémios; o entrevistado ainda acha que a sorte é não ser no Paquistão, senão dever-se-ia usar um drone para o eliminar, e que o caso é "anormal e injusto". Menos anormal para Winer será usar-se operações secretas para apanhar alguém em território português, uma vez que "não quer saber da lei portuguesa para nada". Sim, mesmo tendo em conta que Portugal é um aliado e fundador da NATO.

Por mais Obamas, okupas de Wall Street e activistas de tudo quanto são "direitos civis" que os EUA produzam, continua a ser a nação que se desenvolveu com a Bíblia e o revólver. Está-lhes entranhado, e quando se tornaram uma super-potência, espalharam a sua particular Pax pelo mundo, ou pelo menos pelas suas zonas de influência. É o excepcionalismo americano em todo o seu esplendor, a "nação indispensável", os Estados Unidos como farol da liberdade (outros consideravam-se o "farol do socialismo"), de democracia e da economia livre, espalhando-as nem que seja à bomba ou ao drone.

A same old America de sempre. A lei do Faroeste, a reminiscência puritana dos Founding Fathers e a sua influência cultural são demasiado fortes para não se aplicarem até aos dias de hoje. É inevitável. Está-lhes no sangue e na pele.


2 comentários:

Zé Maria disse...

Estes gajos são uns palhaços. Acham que ou é à maneira deles ou então é à força. Para ajudar à festa são pouco inteligentes, e não conseguem perceber que um País civilizado como Portugal não faz pactos (leia-se acordos de extradição) quando estão previstas selvajarias como a pena de morte.
Os EUA têm "levado muito na tromba" e suspeito que vão continuar a levar até perderem toda esta sobranceria...

João Pedro disse...

Fala quem conhece de dentro. Eu pensei que depois das últimas aventuras tivessem acalmado e aprendido alguma coisa, mas pelos vistos não, continuam a querer impôr a sua lei.