terça-feira, julho 03, 2012

O Tiki-Takennacio há de acabar



Não conseguimos levar a Espanha de vencida nas meias finais, apesar da excelente disposição táctica de Paulo Bento, e tivemos agora de ver a equipa de Del Bosque ganhar novo caneco europeu depois de dar 4-0 à Itália. Depois da desilusão de ver a equipa nacional falhar o acesso à final, nova desilusão. Jamais pensei que os transalpinos perdessem por tanto, depois de uma primorosa meia-final (também já é hábito vencerem os alemães), e quando até tinham empatado no primeiro jogo com os adversários de ontem. Uma equipa com Pirlo e Buffon nunca deveria perder por quatro. E sobretudo, causa-me espécie esta equipa de Espanha ter ganho três títulos consecutivos, o último com uma goleada final, e ser apelidade agora de "melhor equipa de todos os tempos", e outros disparates parecidos. Ainda por cima, o resultado de ontem é enganador: embora a Itália parecesse estar fisicamente em baixo, viu dois jogadores lesionarem-se, um deles quando já não podiam fazer substituições e com meia hora para jogar. O título caiu no regaço da Espanha com uma facilidade inaudita. Poderiam ficar na fase de grupos caso dois penaltys fossem assinalados a favor da Croácia; podiam perder com Portugal, se Ronaldo tivesse sido mais clarividente e os penaltys pendessem para o outro lado; e como teria terminado o jogo de ontem se os lesionados fossem espanhóis? Impossível adivinhar, mas dizer que esta selecção formada por Aragonês e Del Bosque (técnico com quem até simpatizo e que o Real Madrid, num dia de delírio, substituiu por Carlos Queiroz) é a melhor da história é brincar com o desporto-rei. Bem melhores eram a Hungria de 1954, ou a Holanda de 1974, entre outras, e nem venceram. Ganhariam de caras à Espanha actual, mas nem sempre os vencedores são os mais virtuosos. Infelizmente, o infame Tiki-Taka, ou Tiki-Takanaccio, como brilhantemente lhe chamou o New York times, não só não morreu como deu a ilusão de ser imbatível. Sonho com o momento em que será abatido, e pelas amostras (até a Wikipédia em inglês o demonstra), pode muito bem ser Portugal, caso tenha a oportunidade, a cravar-lhe o golpe fatal.

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