Edite Estrela sempre me pareceu uma pessoa de uma arroganciazinha irritante, num tom de pedagoga que não admite réplica. Agora confirmou isso tudo e ainda conseguiu ir mais além.
A votação desta semana no Parlamento Europeu de um relatório sobre "direitos sexuais" das mulheres, em que se recomendava, entre outras coisas, o acesso livre ao aborto em todos os estados e a introdução de educação sexual desde o ensino primário, da autoria da mesma Edite, acabou com o chumbo por parte do Partido Popular Europeu. Qual a reacção da sua mentora? Ao melhor estilo das radicais do Bloco ou do grupo Femen, queixou-se de que "a hipocrisia e o obscurantismo se tenham sobreposto aos legítimos direitos das mulheres”. A velha conversa, embora nunca tenha percebido como é que pessoas que defendem valores que consideram fundamentais possam ser considerados fundamentais possam ser consideradas hipócritas; e obscurantistas porquê, será Estrela a dona da verdade?
Como Nuno Melo naturalmente respondesse a isto, acusando-a de "democrata de circunstância " por não poupar ao insulto quem discordou da sua recomendação, Estrela conseguiu uma emenda pior que o soneto: a resposta do eurodeputado do PPE dever-se-ia à necessidade de fazer uma "prova de vida", porque a ele ninguém o conheceria, ao passo que ela é "a deputada mais famosa do Parlamento Europeu", e preveniu ainda os eleitores que "no momento da votação não é indiferente eleger uns ou outros deputados".
Pois não. Nisso, e apenas nisso, concordo com Edite. Porque não votar em Estrela traria sem dúvida uma maior higiene democrática ao PE. É que esta triste figura a que se prestou causou-me asco, vergonha e pena. Asco por fazer passar a estafada ideia do aborto sem restrições como um direito fundamental; vergonha por lançar-se em acusações inanes a quem votou de forma contrária; pena por não controlar a sua mitomania e julgar que é, mais do que meramente está escrito no seu apelido, a "estrela" do euro-hemiciclo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário