terça-feira, março 31, 2015

Eleições

 
Este ano tem sido (e vai continuar a ser) fértil em eleições. Uma espécie de tournée eleitoral, que para em quase todos os países ou nalgumas dependências. E nas últimas semanas temos tido um movimento eleitoral bastante intenso. Ficam aqui as modestas opiniões deste vosso servo.

- Israel: quando se pensava que Netanyahu seria enfim apeado da chefia do governo israelita pela União Sionista, coligação entre o outrora dominante Partido Trabalhista e a ex-Likud, ex-Kadima e ex-primeira-ministra Tzipi Livni, eis que resiste e mantém a liderança. O governo vai previsivelmente radicalizar-se e afastar ainda mais a possibilidade de haver dois estados. Os que continuamente se manifestam a favor de Gaza devem estimar bem os seus panfletos, porque previsivelmente vão precisar deles.

- Andaluzia: pode estar soterrado em casos de corrupção, desgastado por décadas de poder e ameaçado por novas formações, mas o PSOE resiste sempre e confirma a sua hegemonia na Andaluzia. Voltou a ser o partido mais votado e formará novo governo regional. O PP, que até tinha ficado em primeiro na eleição anterior (mas não tinha ganho o governo por não ter maioria, vítima da aliança maioritária PSOE-IU) desce em flecha, mas fica em segundo. O Podemos, a mediática esquerda radical camuflada, tem uma boa votação, mas nada do que as sondagens lhe andam a augurar.O Cidadanos, em rápida ascensão fora da Catalunha, alcança também um resultado muito interessante, e provavelmente será o parceiro mais apetecível pelo PSOE. A Izquierda Unida, que em tempos alcançou votações muito altas nesta região, cai para valores pouco relevantes

- França: A Frente Nacional alcançou um resultado robusto, mas nada do que chegaram a prever, e com a concentração de votos na 2ª volta nos partidos tradicionais, acabou por não conquistar nenhum departamento. A Frente de Esquerda teve resultados modestos, o PCF ainda mais (embora tenha mantido uns últimos redutos), e o PSF de Hollande e Valls sofreu uma autêntica razia. Triunfa a "direita republicana "UMP e os seus aliados, com o regressado Sarkozy a atirar-se aos socialistas, já a espreitar a oportunidade para se recandidatar com êxito ao Eliseu.

- Madeira: um pouco à imagem do PSOE na Andaluzia, o PSD resiste ao desgaste, à corrupção, à dívida sem fim e à retirada de Alberto João Jardim e permanece no poder, com maioria absoluta (que entretanto se confirmou, depois de confusões na contagem de votos e de declarações equívocas tanto do PSD como da CDU). O CDS mantém-se em segundo, mas baixa na votação e falha a entrada num governo de coligação. O novo movimento Junto Pelo Povo, de Santa Cruz, obtém um surpreendente quarto lugar. A CDU e o BE (que tinha alguma tradição no tempo da UDP e que desaparecera na última eleição) obtêm votações interessantes, e a Nova Democracia mantém-se à justa. O PS, desta vez em coligação com o PTP de José Coelho, o MPT e o PAN, consegue a proeza de ficar com os mesmos lugares e a mesma votação das últimas eleições, que já tinham sido desastrosas. Em suma, o PS da Madeira continua mergulhado no ridículo, e assim não admira que o PSD continue a ganhar com larga vantagem. mesmo se menor.

- Nigéria: não estou muito por dentro do assunto, mas tanto quanto sei, não houve medidas mais duras para rechaçar o Boko Haram por razões eleitoralistas, pelo que ganhe quem ganhar, não deverá ser grande peça nem trazer grandes melhorias às populações do Norte do país.

Mas as eleições seguem já a seguir. Em Maio, mais uma renhida disputa na democracia parlamentar mais antiga do Mundo, para saber quem irá morar em Downing Street e quantos votos vale o movimento de Mr. Farage.

Nenhum comentário: