O PCP deve estar a passar por um dilema tortuoso. O velho partido marxista-leninista já teve muitas crises, mas não foram com certeza de identidade. Os dias que passam podem ser completamente diferentes. Na possibilidade de haver um governo apoiado pelas esquerdas, ou o PCP assina mesmo um acordo e dá pelo menos apoio parlamentar, correndo assim o risco de não satisfazer o seu eleitorado, geralmente contra qualquer governo e que constitui o grosso dos sindicalistas da CGTP, podendo desta forma descaracterizar-se irremediavelmente, perder a sua identidade e a sua aura de combate "às políticas de direita" e definhar sem retorno (além de deixar a CGTP na dúvida se organiza ou não greves); ou recusa tal acordo, denunciando as políticas do PS e mesmo do Bloco, cabendo-lhe então o ferrete do partido que impediu o primeiro governo constitucional das esquerdas, o eterno partido irredutível do protesto que viabilizou o segundo governo de Passos Coelho. Também aqui há o risco de perder alguns apoiantes, acantonando-se apenas com os mais fieis, com o risco de ir deixar o Bloco ocupar por muitos anos um lugar fulcral à esquerda e de ir fazer concorrência ao MRPP.
Qualquer que seja a opção, será sempre muito complicada e nunca isenta de dúvidas. Pouco se deve dormir por estas noites entre Pirescoxe e a sede da Soeiro Pereira Gomes.
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