sábado, novembro 14, 2015

Paris sous l ´attaque



A noite de horror que se tem feito sentir nas últimas horas em Paris tem, como seria fácil de imaginar, origem em gente que grita "Allah Akbar". O autoproclamado Estado Islâmico já terá reivindicado a série de atentados cometidos hoje na capital francesa. Não se sabe se assim é, mas a probabilidade é mais que muita.
Stade de France, restaurantes cambojanos no centro, um teatro com nome boémio, Les Halles...o centro nevrálgico da rive droite e o maior recinto desportivo francês (quando decorria um jogo entre as selecções alemã e francesa, com a presença do próprio François Hollande, imediatamente evacuado) foram alvos escolhidos a dedo. Note-se que a França organiza o campeonato Europeu de futebol no próximo Verão. E repare-se também que um dos alvos era a Avenue Voltaire. Não será certamente coincidência o nome da artéria e o facto de ter sido por ela que desfilou a manifestação de repúdio aos tentados de Janeiro deste ano.

A França, pela sua centralidade e pelas intervenções contra os jiadistas, é um alvo previsível. Paris é talvez o mais parecido com o que há de "capital da Europa", mais do que a cosmopolita mas insular Londres, a eterna mas estagnada Roma, a libertária Berlim, a administrativa Berlim, a burocrática Bruxelas ou a autoritária e euroasiática Moscovo. E essa centralidade acaba de ser atingida de forma brutal, pelo maior cancro do mundo actual: o jiadismo militante e o seu habitual rasto de terror e sangue. É um ataque à França, à europa e à Liberdade, com dezenas de vítimas como alvo concreto. Pode ser um sinal de desespero da besta acossada, mas será algo de muito perigosos com que teremos de viver nos próximos tempos. Os atentados em Beirute, também com dezenas de mortos, e o possível atentado ao avião russo no Sinai poderão também ser mostras disso.

A esta hora contam-se cerca de 140 mortos, mais os feridos em estado muito grave, o que indicia que número de baixas vai aumentar. A França está em estádio de sítio, as tropas estão nas rua e as pessoas em casa, receosas de sair. Terá de haver uma reacção firme contra os terroristas e quem os apoiar (por exemplo, clérigos que pregam a Jihad nas mesquitas, manifestações de rua com a bandeira do Daesh, além da caça aos criminosos), e ao mesmo tempo evitar bodes expiatórios ou aproveitamentos políticos de grupos xenófobos, que não hesitarão em mais uma vez apontar o dedo aos refugiados da Síria.

Mas até lá, há que enterrar os mortos, cuidar dos vivos, evitar "réplicas" e reflectir. E acima de tudo, mostrar de novo que o medo não vai ser o legado de vermes travestidos de religiosos.


PS: a iniciativa Porte Ouverte é um dos melhores sinais de solidariedade perante o horror: pessoas que dão abrigo a quem andar desorientado nas ruas, sem saber onde se abrigar.

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