A confusão que se vive hoje no Brasil, com as prisões saídas do Lava Jato e do Mensalão, as manifestações anti e pró-PT, a justiça federal tentando a prisão preventiva de Lula, as ameaças deste aos magistrados, a pouca idoneidade dos mesmos, a chico-espertice da actual Presidente ao nomear o antecessor para ministro para lhe garantir a imunidade, a suspensão judicial da nomeação, parece não ter fim. A cada hora há um novo capítulo e um novo caso. O país está sob fortíssima tensão, há quem apele às forças armadas contra o poder executivo de Brasília, outros clamam pelo poder popular, e pelo meio um dos partidos que suportava a presidência de Dilma, o PRB, conotado com a IURD, resolveu oportunisticamente mudar de barricada.
A história brasileira dos últimos cem anos é rica em caudilhismos, tentativas de afastamento de presidentes (algumas com sucesso) e manifestações populares mais ou menos histéricas. A tentativa de empeachment a Dilma e de prender Lula recordam o que aconteceu a Collor de Mello, e muito mais atrás, a Getúlio Vargas, um presidente muito popular que ao pressentir que o podiam prender, no exercício do cargo, por estar supostamente implicado na tentativa de assassínio de um adversário político, se suicidou, "saindo da vida para entrar na história". Não me parece que Lula seja do tipo suicidário, ou pelo menos espero que não. Mas talvez fosse bom mostrar-se mais razoável numa altura tão quente, e logo num ano em que se realizam os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, outra daquelas manifestações de regime decididas pelo PT e que se arrisca a tornar-se num requiem aos anos de crescimento económico que já lá vão. Se a confusão não aumentar no Brasil, Lula ficará talvez impedido de exercer cargos políticos por uns anos, inviabilizando qualquer veleidade presidencial. Não terá certamente o destino de Getúlio. Aqui Marx tinha razão: a história repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa.
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