E pronto, passou o grande dia em que a Pátria recebeu Frau Merkel com pompa e circunstância. O Estado recebeu-a com pompa e os manifestantes com as bandeiras negras (e vermelhas) e os slogans de circunstância, bem entendido.Não sei porque razão é que se protesta tanto com a senhora: nem ela conseguiu ouvir qualquer protesto - de resto, pouco mais que folclóricos e de muito menor escala do que aquilo que se pensava, sobretudo se comparados com os da Grécia (e a que Merkel respondeu bem, dizendo que até era saudável visto que tinha vivido num país em que as manifestações eram proibidas) - nem os manifestantes, com o habitual merchandising de lenços palestinianos, máscaras anonymous do Guy Fawkes e panos negros conseguiram qualquer reivindicação, excepto que Merkel saísse realmente de Portugal, passadas algumas horas, como exigiam. Mas aí reside o maior pecado desta visita: se era para trocar umas palavras de ocasião com Cavaco e Passos coelho, atirar uns doces aos empresários e almoçar em S. Julião da Barra, mas valia uma conferência em directo. Sempre se tinham poupado uns dinheiros ( ainda que não pudesse ver o Tejo luminoso em S. Julião, hélas). Confirma-se que se tratou de uma visita de ocasião, de chá e simpatia, mais para dar a ideia de "trabalho em conjunto", que efeitos práticos teve pouco ou nenhum. Tivesse durado dois ou três dias e a coisa tinha outra relevância.
A propósito, a insistência das manifestantes mais radicais em comparar Angela Merkel com Hitler é, além de profundamente injusta e estúpida, uma prova de falta de imaginação que só comprova a Lei de Godwin apicada aos mesmos. Mas também de estética. A "Chanceler(ou "Chancelerina") de Ferro" só poderia ser comparada, pelo seu cognome, com o original "Chanceler de Ferro" Otto Von Bismarck. Com a bigodaça e o pickelhaube, as caricaturas até ficavam mais corrosivas e engraçadas. Os manifestantes é que não têm conhecimentos nem arte para isso. Até nisso este país está pobre.
2 comentários:
A realidade é bem diferente:
"Merkel, ex-militante da Juventude Livre Alemã a juventude do Partido Comunista da RDA".
Naquele país, quem quisesse subir um pouco na vida ou fazer alguma carreira académica não se podia furtar a essas militâncias (ou às dos partidos satélite).
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