terça-feira, novembro 06, 2012

Sim, também gosto mais de um candidato, mas quem vota são os americanos



À hora a que escrevo ainda se vota nos Estados Unidos para se saber qual será o inquilino da Casa Branca dos próximos quatro anos - e parece que por causa da tempestade Sandy ainda se vai votar mais uns dias em Nova Jérsia.
Em Portugal e presumo, na maior parte das nações mundiais, Barack Obama já teria sido reeleito por larguíssima vantagem. Claro que o voto cabe aos americanos, que por razões culturais, sociais, ideológicas, e tantas outras, dividem o país nas cores azul e vermelha, deixando as migalhas aos outros candidatos, quase sem expressão. É estranho que há oito anos, no dia das eleições, Bush Jr tivesse a sua reeleição praticamente assegurada, e que agora Obama esteja no fio da navalha. é verdade que o actual presidente americano chegou a Washington quase como um Messias que iria resolver os problemas da América e daí consertar o Mundo. O carisma, o talento oratório e o especial facto de enorme simbolismo de ser o primeiro presidente não-branco dos USA potenciaram essa imagem, que acumulou com um estrambólico Nobel da Paz de carácter "preventivo" ou ilusoriamente antecipatório. Como se descobriu depois, Obama não vinha do Olimpo, mas de Chicago, e é um mortal, apesar de excepcionais qualidades. Chegado ao topo no início da terrível crise do subprime, jamais poderia fazer milagres.
 
Conseguiu provavelmente salvar o grosso da indústria automóvel sediada em Detroit injectando-lhe largas somas, lançou as bases de um sistema público de saúde, preparou a saída das tropas americanas do Afeganistão até 2014 e abateu o inimigo nº 1 da América, Osama Bin Laden, numa operação digna de filme de acção. Mas a "revolução conservadora" de Reagan conquistou boa parte dos Estados Unidos, e os americanos, como é sabido, não ligam tanto a questões externas, ou não tivesse Clinton derrotado Bush Sr. (que tivera um grande Êxito no Iraque) com o bordão It´s the economy, stupid. A economia continua com crescimento débil, e parece que a velha máxima de que "o que é bom para a General Motors é bom para a América" já estará desactualizada, menos na decrépita Detroit. Lembremo-nos ainda que muitos americanos acham que Obama é um infiltrado muçulmano, um socialista, e outras vilanias mais.

É notável que Roomney tenha chegado ao ponto de se bater taco a taco com Obama. Mórmon, governador do Massachussets, olhado com desconfiança pelos evangélicos mais fundamentalistas e pelo Tea Party, por não ser especialmente radical e usar um discurso que se aproxima do neoconservadorismo, teve uma árdua luta para vencer adversários mais conhecidos e "mais conservadores". É visto na Europa como um milionário que só tem os votos da gente "fundamentalista", "ignorante" e "rural", como se tal simplismo não fosse também sinal de ignorância.  Agora está a poucas horas de saber se vai ou não viver para a Casa Branca.
 
O meu desejo? Obama, pois claro, porque gosto do homem de que ouvi falar pela primeira vez na noite da reeleição de W. Bush, em que ele próprio conseguiu o lugar de senador, e porque sem necessidade de ser reeleito fico à espera de saber o que faz. Mas eu sou português. Sei lá em que é que votaria se vivesse no Kentucky...
 

PS: Yes, He could again. Hardly, but he could.

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