quinta-feira, janeiro 31, 2013

Jaime Neves, o homem certo na altura certa



O artigo do Público de 30/01, da autoria de Paulo Moura, sobre Jaime Neves, é o mais corrosivo que vi sobre o militar que agora nos deixou (descontando os comentários dos saudosistas do PREC, que o detestavam). Entre os louvores dos Comandos e dos muitos que lhe dão graças por ter provocado o estertor final dos que queriam fazer de Portugal um regime de loucos, e os insultos dos apoiantes desse projecto, refere-se a bravura do militar mas também as suas atitudes impetuosas e o seu carácter violento, nomeadamente na guerra em África, além de uma faceta conhecida: a de boémio, que surge aliás no antetítulo da sua recente biografia, de Rui Azevedo Teixeira (consta que na noite de 24 para 25 de abril de 1974 estava no cabaré Maxime, em Lisboa).
Como em todas as histórias com heróis, as proezas são sempre mitificadas e não se olha a defeitos. Jaime Neves, que comandava regimento dos Comandos, era trasmontano, como a maioria dos Comandos, gente resistente e habituada às contrariedades naturais, de São Martinho da Anta (também a aldeia de Miguel Torga), oficial duro, corajoso, impetuoso, a quem os seus homens seguiam sem hesitar. O homem certo no lugar certo. Na tentação de eliminar os inimigos, que tinham espalhado o caos pelo país, conseguiu controlar o desejo de sangue dos seus "boinas vermelhas". Obteve a rendição da Polícia Militar, guarda pretoriana da extrema-esquerda - se é que não é um contrasenso - e acabou assim com o PREC.

Depois disso, manteve-se nos Comandos, passou à reserva, e mais tarde receberia as mais altas condecorações militares e o posto de General, o que causou muito burburinho. Aí podem-se encontrar claras distinções com Salgueiro Maia. Mas no essencial, teve bastantes semelhanças com o mítico "Capitão de Abril". Tal como Maia, também Jaime Neves, ele próprio um dos militares de Abril, comandou os homens no terreno onde tudo se decidia, deu o peito às balas e tornou-se um símbolo da democracia. Podia não ser um homem de mil virtudes ou despojado, ou um político hábil, mas era um militar bravo, eficaz e competente. E isso era tudo o que no momento concreto se lhe exigia. Audaces Fortuna Juvat, como diz o lema dos seus Comandos. À sua audácia e dos seus "boinas vermelhas" devemos a nossa liberdade. Que descanse em paz.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poste mais delirante!...

A.M.

João Pedro disse...

É, não é? Espero que a sabedoria do caro A.M. me ilumine e me consiga retirar do meu delírio.

editor69 disse...

Bom postal.
QUE DESCANSE EM PAZ.
Parou os fdp´s da extrema esquerda.
Pena que não os tenha erradicado de vez.

Abraço