quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Estalinegrado, setenta anos


Volgogrado é uma cidade como tantas outras da sua dimensão, na Rússia. Cerca um milhão de habitantes, inúmeras fábricas e também ruínas industriais, modernos edifícios mostrando semi-prosperidade, metro de superfície, alguns teatros e um importante porto fluvial, essencial ao tráfego do Volga, o enorme rio que lhe dá nome.

O que a distingue é ter servido de palco da mais terrível batalha que a História regista, que durou cinco meses, em condições infra-humanas (apanhou o terrível inverno russo), no meio de ruínas e trincheiras, provocando cerca de dois milhões de mortos, entre soviéticos, alemães, italianos, romenos e húngaros e outras nacionalidades, mas que mudou decisivamente o curso da guerra contra os alemães.

Essa memória permanece na cidade, considerada talvez a principal das "cidades-heróis" da URSS, pelo seu papel e heroísmo na "Grande Guerra Patriótica", a sub-guerra dentro da II Guerra Mundial entre alemães (e aliados) e soviéticos, que estes venceriam e que tanto influenciaria a Europa nas décadas seguintes. Não faltam monumentos em memória da batalha, alguns edifícios escalavrados da época, e muita simbologia soviética, à mistura com marcos do capitalismo global que invadiu a ex-URSS. Talvez por isso a cidade seja um bastião do Partido Comunista russo, com um presidente da câmara igualmente comunista, se denomine Estalinegrado durante alguns dias específicos do ano, e haja mesmo um movimento que quer que a cidade volte definitivamente à antiga denominação que homenageava o tirano georgiano.
 
 
A 2 de Fevereiro passaram setenta anos desde a rendição dos alemães na Batalha de Estalinegrado. A Rússia obviamente não se esqueceu de uma das datas mais importantes da "Grande Guerra Patriótica", particularmente na cidade onde se deu a batalha, e Putin esteve mesmo nas comemorações que lá se realizaram, assim como a memória de Estaline. Mas não me lembro de ver na nossa comunicação social, sempre carregada com as últimas manchetes bombásticas, qualquer artigo ou sequer uma notícia da data. Nada. Pode ser distracção minha ou então grave lacuna dos jornais e revistas.
 
 
Para relembrar o acontecimento, podiam ao menos reeditar Estalinegrado, de Anthony Beevor, uma biografia da batalha há muito esgotada no catálogo da Bertrand, Será pedir muito?

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