Acabou. Depois do que vi na Final da Taça, não há hipóteses de Jorge Jesus permanecer no Benfica. Não existem condições emocionais nem materiais, os adeptos não o querem, o ambiente entre a equipa não é bom. Sim, já sei, Jesus devolveu o bom futebol ao Benfica, ganhou um campeonato, valorizou jogadores que renderam bom dinheiro ao clube, tudo isso. Mas acabou. Já são quatro anos em que um dos técnicos mais bem pagos do Mundo apresentou escassos títulos, muitas desilusões, e pior que isso, iludiu aqueles que nele tanto confiavam. Esta época de 2013, que chegou a parecer fabulosa naquela semana em que vencemos o Fenerbahçe, acabou em tremendo desapontamento, com zero títulos e derrotas amargas no espaço de quinze dias. Nunca pensei que o caso do Bayer Leverkussen de 2002 (que ficou conhecido como "Neverkussen") se pudesse repetir no Benfica, para mal dos nossos pecados, embora estejamos igualmente bem acompanhados pelo Bayern do ano passado e pelo Real Madrid de 1983, em tudo semelhantes. Jesus não terá toda a culpa, claro, ele que chegou a considerar a competição europeia um estorvo e não teve outro remédio senão continuar nela. Mas as suas reacções, a sua incapacidade emocional e de dar alento aos jogadores (excepto talvez no jogo da final europeia), traçaram o inevitável: agora que acaba o contrato, Jesus deve rumar a outras paragens. Chega de míngua de títulos com enormes condições para o fazer. Chega de salários milionários a troco de quase nada, e acima de tudo, chega de ilusões fulminadas nos últimos minutos. Jorge Jesus esteve quatro anos no Benfica. Toni e Trapattonni estiveram menos e mostraram mais. Voltemos esta página. Contrate-se um novo técnico (fala-se em Rui Vitória, nosso algoz da Taça, que eu há muito queria que fosse o próximo, até porque é homem da casa e lançou promissores talentos). Vendamos Gaitan, já que precisamos de algum encaixe financeiro e já temos quem o renda, e mais alguns emprestados, conservemos a maior parte do plantel e compremos um defesa esquerdo, fazendo regressar jogadores como Nelson Oliveira e Airton. Já agora, um novo guarda-redes também não seria má ideia. Já estou por aqui com os falhanços de Artur em jogos decisivos.
Se Jesus ficar, possibilidade não tão irreal assim pela teimosia de Vieira, não pretendo assistir aos jogos do Benfica ao vivo enquanto ele lá continuar. Tudo tem limites, e quatro anos é mais que tempo para os perceber. De qualquer modo, não pude deixar de sentir uma certa pena de JJ no final da Taça (a que não pude assistir a vivo, por falta de bilhete, que deixei de ver a partir do golo do empate, prevendo o desfecho). Há anos que ele a persegue, por razões familiares e pessoalíssimas. Perdeu uma final contra o Sporting, à frente do Belenenses, perdeu há dois anos numa meia final com um golo em fora de jogo, voltou a perder perto do fim, de novo com um golo em fora de jogo (que não serve de desculpa). É natural que não tenha contido as lágrimas. Espero sinceramente que ganhe um dia o "caneco", para honrar o seu avô, e no Jamor, não num qualquer estádio modernamente asséptico, num nó de auto-estradas. Mas noutro clube que não o Benfica. Há que virar a página.
Nenhum comentário:
Postar um comentário