Pouco se falou disso, mas na última segunda-feira, dia 25, passaram setenta anos da libertação de Paris, com a entrada das força Aliadas na capital francesa e a rendição das tropas alemãs comandadas por von Choltitz. Houve comemorações na cidade, claro, sob o patrocínio de François Hollande, decerto mais preocupado com a crise governamental do executivo Valls, mas por cá pouco se noticiou a efeméride. A verdade é que durante a ocupação alemã, não poucos franceses colaboraram ou toleraram os ocupantes, a par dos que resistiram e a sofreram na pele, enquanto a maioria procurava fazer a vida de todos os dias como podia. Mas é bom não esquecer que para além do simbolismo da libertação de uma cidade como Paris, depois de aos de domínio pelas tropas de um estado totalitário (coisa inédita desde os hunos e vergonha imensa para o orgulho francês), evitou-se a destruição à bomba e pelas consequentes inundações de uma das cidades mais magnificentes do globo. As ordens de Berlim eram claras: Paris só cairia nas mãos das tropas anglo-britânicas em ruínas, depois de se rebentar com a quase totalidade da cidade, a começar pelos edifícios e monumentos mais importantes. Ou seja, só por cima do seu cadáver de escombros fumegantes. Von Choltitz esteve à beira da tentação de cumprir as ordens de um acossado e enfurecido Hitler, com ameaças pendentes sobre a própria família, mas acabou por resistir e ordenar a rendição sem levar avante o terrível plano. O filme Diplomacia, de Wolker Schalondorff, baseado na peça do mesmo nome (e com os mesmos actores), e que esteve há bem pouco tempo nas salas de cinema, baseado na conversa durante a noite de 24 para 25 de Agosto de 1944 entre o general alemão e um cônsul sueco, é um bom instrumento para perceber todas as difíceis decisões que pesaram na rendição das tropas ocupantes e as suas (não) consequências. E que devia te sido tão comemorado como outros acontecimentos da guerra. Infelizmente, a falta de memória e o Verão quente (não em sentido metereológico) que vamos atravessando empurraram essa comemoração para uma quase irrelevância e secundarização que definitivamente não merecia.
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