domingo, setembro 28, 2014

Antes das primárias


Antes de se saberem os resultados das primárias do PS, há que enaltecer um tal processo, inédito na vida partidária portuguesa. É certo que a "fronda" de António Costa é oportunista (ficou claramente à espera do resultado das europeias) e lembra aquilo que já aconteceu antes no CDS, quando Portas apeou ribeiro e Castro (com resultados visíveis) ou no PSD, quando Menezes substituiu Marques Mendes (com consequências patéticas). Mas teve pelo menos a virtude de levar o seu partido a umas eleições primárias, bem mais abertas do que as "directas" que até agora observávamos nos partidos, e que era um solução pior do que as votações em congressos. Além de esvaziarem boa parte da utilidade (e porque não dizê-lo, da emoção) das "reuniões magnas", continham o velho truque de arrebanhar novos militantes para se conseguir determinado resultado político. Estas primárias poderão não ser uma solução milagrosa e tem alguns riscos e contradições (a possibilidade de simpatizantes políticoa adversários tentarem por esta via um resultado nocivo para o partido em questão), mas sempre permitem que a sociedade para lá da estrita militância aparelhista se possa pronunciar.

Quanto à campanha, admira-me que pouco se tenha distinguido de outro qualquer acto pré-eleitoral, além do dinheiro gasto na coisa. António José Seguro bem pode fazer-se de desgraçadinho, mas a verdade é que a postura calimérica, cinzenta e pouco mobilizadora não ajudou, e muito menos aquele patético filme de campanha envolvendo cravos e cortes. Além de que a sua sofreguidão pelo lugar vago logo na noite de 2011, em que o PS de Sócrates perdeu, também não ajuda. E a proposta de dmiminuir o número de deputados é das mais populistas e feitas em cima do joelho de que há memória.

De resto, é inegável que António Costa é dez vezes melhor que Seguro, tem menos cara de pau e é muito mais convincente. E tem a enorme vantagem mediática de sr simpático e não perder a compostura (comparando com Sócrates, então...)Mas devia tomar cuidado com o que propõe nos debates: neste último, ouvi bem ou ele falou mesmo em diminuir o desemprego com base (entre outras coisas), na reabilitação urbana? Não seria melhor olhar primeiro para o município a que preside? É que se a reabilitação urbana for para a frente como tem sido no centro de Lisboa não é de prever grande descida da taxa de desemprego, por essa via.

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