sexta-feira, setembro 26, 2014

Os andores da Senhora da Pena


Falando de novo em romarias e festividades religiosas em Portugal, sublinhe-se outra, em Trás-os-Montes: a da Senhora da Pena, no santuário com o mesmo nome, perto de Mouçós, Vila Real. Todos os anos, em Setembro, as várias aldeias da freguesia (são muitas, como no-lo recorda a sempre prestável Wikipedia) organizam a festa e a romaria. Assim, na envolvente do santuário de Nossa Senhora da Pena, podemos encontrar a habitual parafernália destas festividades populares: restaurantes móveis, barracas de comes e bebes, o palco para as bandas de "música popular" disponíveis, sorteios de prémios, etc. O que carateriza e diferencia esta festividade são os seus andores, que vão desde um metro e meio até aos vinte e tal metros. Umas construções móveis enormes e imponentes, só rivalizados pelos da Senhora da Aparecida. Num lento cortejo, entre fileiras de mirones, os andores avançam devagar, até ao último, o maior de todos, com cerca de cem homens a suportá-lo, e mais uns quantos a equilibrá-lo. O equilíbrio é fundamental, não vá o andor cair em cima de centenas de pessoas. No meio, quase insignificante, a figura da Senhora da Pena.






Os andores dão a volta ao recinto, seguidos de bandas a tocar e de clérigos que, debaixo de um pálio, aspergem de água benta o caminho e as pessoas. Ao chegarem à capela da Senhora da Pena, a última prova de esforço: os carregadores desatam a saltar com o andor em cima, provando que a fé move mesmo montanhas. Enfim, as estruturas são encostadas ao santuário, para serem devidamente admiradas antes de as desmontarem, e a festa prossegue em todo o seu formato profano.

A festa é de tal forma conhecida que até António Costa, em campanha partidária pelo distrito de Vila Real, reservou uma hora para lá ir. Todavia, ao contrário do que alguns poderiam imaginar, não o levaram em nenhum andor.


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