quinta-feira, outubro 09, 2014

Embate marcado para uma segunda volta






Afinal de contas, nem Dilma Roussef está assim tão segura da reeleição nem Marina Silva chegou a ser o fenómeno que muitos previam. O furacão acabou por se revelar uma brisa nas urnas, pouco acima do que as sondagens atribuíam ao candidato Eduardo Campos antes do trágico acidente que o vitimou, em Agosto, de que a comoção que se seguiu levou Marina a trepar nos números. Só que as sondagens falharam rotundamente: Dilma ganha sem estrondo, Marina é afastada por muito e Aécio Neves fica em segundo, muito mais próximo da "presidenta" do que da evangélica ecologista. O ex-governador de Minas Gerais, neto de Tancredo, há muito o candidato dilecto do PSDB para voltar ao poder que perdeu depois de Fernando Henrique Cardoso, volta a ser o adversário directo de Dilma e do PT. Apesar da popularidade junto de largas camadas da população, do apoio de Lula, da imagem presidencial que Dilma granjeou e de ter afastado nomes ligados a casos de corrupção, a frente anti-petista parece ganhar força. O PS que apoiava Marina já deu o apoio formal a Aécio, restando saber se a própria Marina o fará expressamente.


Mas ninguém duvida que a segunda volta será contada até ao último voto. Poderá o PT, apoiado pelo mastodonte do "centrão" PMDB, ser apeado? A possibilidade não é nada remota. Mas ainda assim, mesmo apoiada por nomes que já deviam fazer parte dos caixotes de lixo da política, como Sarney, Collor ou Maluf, a máquina partidária do PT e PMDB, o domínio dos media e a popularidade que ainda têm em largas camadas da população fazem com que apesar de tudo, Dilma seja ligeiramente favorita, sem quaisquer certezas. Dificilmente os votos que Marina recolheu irão todos para Aécio. Mas, ao contrário do que dizia Rui Tavares por estes dias no Público, não estou tão convencido que o candidato dos "tucanos" tenha perdido a vez: mesmo que não ganhe, se perder por muito pouco, será o favorito para daqui a cinco anos. Dilma já não se poderá candidatar, Lula não o fará certamente, por razões de saúde, e Aécio terá, se tudo correr normalmente, o caminho aberto, até porque o desgaste da governação PT jogará a seu favor. Nada de novo: o próprio Lula perdeu três eleições até chegar à presidência. Mas até pode nem precisar de esperar mais quatro anos.

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