quarta-feira, setembro 09, 2015

Guia nada imparcial ou isento dos novos partidos para as eleições de 2015





Depois do Livre (e em certa medida do MAS, que é antes um reaparecimento da FER), temos o PDR e o também já cogitado Nós, Cidadãos, e outros, como formações políticas alternativas ao quadro existente até 2015. Vamos dar uma vista de olhos.


O Livre é a formação que demorou mais tempo a fermentar. É uma ideia com algum tempo, que Rui Tavares ia anunciando nas suas crónicas jornalísticas, desde que rompeu com o BE. Ou seja, um partido que nasceu aos poucos, pretendendo ser uma esquerda com quem o PS se pudesse coligar. Encontrado o nome, juntou-se-lhe alguns "dissidentes" mais moderados do Bloco, o grupo Manifesto, que contava com Daniel Oliveira e Ana Drago, a Renovação Comunista, um conjunto de figuras  públicas - actores, advogados como Sá Fernandes, políticos retirados como José Tengarrinha - e acrescentando o sufixo "Tempo de Avançar" e feitas umas primárias inovadoras mas estranhas (os candidatos a deputados podiam candidatar-se por três círculos diferentes), o Livre aí está, pronto a bater-se à esquerda para poder servir de eventual suporte a um governo PS. A avaliar pelas sondagens, não será fácil. Não há dúvida que é uma alternativa diferente, menos ideologizada, com menos teias de aranha, sem a presença de grupos com heranças de totalitarismos idos, mas a verdade é que o Bloco, no seu início, também apresentava uma imagem semelhante. Em todo o caso, há diferenças entre as duas formações. É importante que haja, já que o eleitor-alvo do Livre é claramente o moderado do BE ou a esquerda desiludida do PS.


O Nós, Cidadãos é um movimento que acompanhei desde a sua génese até à sua legalização, muito recente. Um grupo que partiu do Fórum da Democracia Real, dando origem a um movimento com denominação despolitizada, centrista, reclamando candidaturas de cidadãos ao parlamento, tal como acontece nas autarquias, e baseando-se em parte (como o nome e as cores o comprovam) no Ciudadanos espanhol. Tem como mentores Mendo Castro Henriques, Pedro Quartim Graça (ex-líder do MPT), Rui Rangel, Rosário Epifânio, entre outros, e apoiantes como José Cid. Tem também inúmeros seguidores nas redes sociais, embora, pelo que observei, muitos deles com ideias claramente contraditórias (apelos à abstenção, por exemplo), populistas, ou de simples conversas de café, talvez por em alguns pontos o movimento ser ainda nebuloso ou não se decidir se é europeísta ou não. A ver vamos.


O Juntos Pelo Povo nasceu e alcançou notoriedade na Madeira, conquistando a câmara de Santa Cruz nas últimas autárquicas. Diz-se um movimento nacional por causa da proibição da existência de partidos regionais, por isso as suas possibilidades fora do arquipélago são um enigma. Chegou-se a pensar que concorreria apenas na Madeira coligado com o Nós, Cidadãos.


O PURP - Partido Unido dos Reformados e Pensionistas, criado para defender esse nicho de pessoas, lembra-me outra sigla: PSN, tido no seu tempo, precisamente, como o "partido dos reformados". Chegou surpreendentemente ao parlamento, com Manuel Sérgio, e depois eclipsou-se. Com esse antecedente (até o símbolo, um sol, é igual) e a profusão de partidos que há agora, tenho sérias dúvidas que este PURP tenha grande sucesso.


Depois temos uma das candidaturas mais bizarras que tenho visto nos quarenta anos do actual regime: a coligação Agir. Começou por se chamar Juntos Podemos, uma cópia do partido de Espanha com o mesmo nome, em tudo igual, tendo como figuras de proa Joana Amaral Dias, Nuno Ramos de Almeida e Carlos Antunes (esse mesmo, o das Brigadas Revolucionárias). Mas ainda antes de ser legalizado houve uma cisão com o grupo dos precários de João Labrincha e acusações de que o movimento estava a ser sabotado pelo também recente MAS (a antiga ala esquerda do Bloco, de Gil Garcia), que enviaria militantes para votar nas assembleias do movimento. Amaral Dias e Nuno Ramos de Almeida resolveram então criar o AG!R (assim mesmo, com ponto de exclamação), mas talvez por falta de tempo para o legalizar, coligaram-se com o PTP (sim, de José Manuel Coelho e o do "ninja de Gaia), por sinal fundado por ex-militantes do PSD, ao qual se juntou não oficialmente o regionalista PDA, tido em tempos como de direita, e calcule-se, o MAS e o tal grupo dos precários - após a necessária reconciliação, imagina-se. Para além desta salada russa toda, a notoriedade não vai faltar com a já célebre capa de revista em que Amaral Dias surge nua e grávida, amparada pelo seu namorado, que provocou uma pequena tempestade mediática e desconforto dentro do próprio movimento. Duvida-se é que dê muitos votos. Segunda a própria, a gravidez de risco impede-a de fazer grande campanha eleitoral, por isso perde-se a oportunidade única de a ver em arruadas com José Coelho, até porque é pouco provável que um cocktail partidário deste tipo dure muito tempo.


E por fim, o PDR, Partido Democrático Republicano, do qual Marinho (e) Pinto é dono e senhor. A denominação lembra a de outro partido que dominou Portugal na 1ª república, cujo chefe incontestado era Afonso Costa, que tal como o ex-bastonário, era pouco dado a contraditórios e ideias com as quais não concordasse. Felizmente, Marinho (e) Pinto não domina as forças policiais. Mas além de fundar o novel partido à sua medida, depois de abandonar à pressa o Partido da Terra, pôs todo o tipo de barreiras a listas com as quais não concordava, o que levou à saída de Eurico Figueiredo e a mais uns quantos. Passou assim a dominar a formação (cujo mote é "liberdade, justiça e solidariedade") e candidatou-se por Coimbra, onde reside, garantindo que se fosse eleito abandonaria o Parlamento Europeu (que já zurziu por causa dos vencimentos dos eurodeputados, que continua a auferir). Como as sondagens não o aproximam sequer do número mínimo de votos para chegar a S. Bento, ganhou o pretexto ideal (ou chico-esperto) para permanecer em Estrasburgo. Ainda assim, e dada a notoriedade que ganhou, mesmo que tenha perdido popularidade, é provável que o PDR consiga um ou outro lugar na AR. Veremos por quanto tempo. É que se o PURP parece ser o novo PSN, o PDR assemelha-se a um neo PRD, outro partido semi-populista, constituído por trânsfugas de outras formações, com o objectivo de "moralizar a política portuguesa", e baseado em torno de uma figura com notoriedade. Sucede que o PRD tinha mais apoios e era o partido de Ramalho Eanes, na altura ainda chefe de estado, que tinha bem mais impacto e popularidade que Marinho (e) Pinto. Como sabemos, o PRD teve uma aparição estrondosa, com mais de quarenta deputados, mas esvaziou-se com o rápido passar do tempo, e meia dúzia de anos depois, já sem Eanes, perdia toda e qualquer representatividade, sendo ainda mais tarde tomado pelos nacionalistas (sim, o PNR). O efeito Marinho (e) Pinto pode muito bem ter-se esgotado nas últimas europeias.

Um comentário:

Anônimo disse...

[Shurangama Sutra]
[The Diamond Sutra]
[The Heart Sutra]

[Dhamma]


/Do not beg abhiññā/

Ksitigarbha
Amitābha

"Bhaiṣajyaguru
The Twelve Vows of the Medicine Buddha upon attaining Enlightenment, according to the Medicine Buddha Sutra are:
To illuminate countless realms with his radiance, enabling anyone to become a Buddha just like him.
To awaken the minds of sentient beings through his light of lapis lazuli.
To provide the sentient beings with whatever material needs they require.
To correct heretical views and inspire beings toward the path of the Bodhisattva.
To help beings follow the Moral Precepts, even if they failed before.
To heal beings born with deformities, illness or other physical sufferings.
To help relieve the destitute and the sick.
To help women who wish to be reborn as men achieve their desired rebirth.
To help heal mental afflictions and delusions.
To help the oppressed be free from suffering.
To relieve those who suffer from terrible hunger and thirst.
To help clothe those who are destitute and suffering from cold and mosquitoes."