quinta-feira, setembro 03, 2015

Hipocrisias e "raízes dos problemas"


No meio da vaga de refugiados de África e do médio Oriente que afluem à Europa e por ela tentam circular, nos apelos ao auxílio e nas formas de o fazer, ouço imenso falar na necessidade de atacar na raiz as causas que levaram à actual situação. Não me refiro à guerra no Iraque (que responsáveis políticos como Jerónimo de Sousa e Catarina Martins usaram à exaustão num questionário recente para falar nos refugiados, tentando tirar daí óbvios dividendos políticos), nem sobretudo à guerra na Síria, mas áquela conversa de que "se não tivessem derrubado Kadhafi não havia tanta gente a atravessar o Mediterrâneo". É verdade. O ditador líbio era um tampão à emigração subsariana e tentou usar isso como negociação e chantagem. Mas se não morriam no mar, milhares de pessoas morriam no deserto ou eram recambiados paras as terras de onde fugiam. Falar no antigo regime líbio como um bom instrumento para conter vagas migratórias não passa de outra hipocrisia bem-pensante para acalmar consciências. A diferença é que não teríamos de ver tantas imagens de miséria. Isso mesmo que a Europa esteja longe, bem longe, de ser a única que devia acolher tantos refugiados (outra hipocrisia). Pergunto-me o que farão as riquíssimas monarquias do Golfo Pérsico nestes casos.

Mas falando ainda na resolução deste problema indo às suas raízes, será este um bom exemplo de como o fazer, entre outros?

Nenhum comentário: