O kirchnerismo acabou, finalmente. Já não se aguentava com aquele populismo para os novos "descamisados" de Cristina Kirchner, com a economia a arrefecer, dívidas empurradas para baixo do tapete, uma relação próxima do chavismo e sobretudo alguns casos cuja explicação será no mínimo uma história de terror, como a morte do procurador Nigran, na véspera de ir ao congresso apresentar conclusões arrasadoras que implicavam Kirchner e o encobrimento de investigações a um atentado em 1994 contra judeus em Buenos Aires, ao que tudo indica da autoria do Hezbollah. E o Partido Justicialista, nome oficiall do partido peronista, que assume qualquer ideologia e a sua contrária para se manter no poder, coisa que tem conseguido com assinalável êxito, sofreu também uma pesada derrota, mesmo a nível provincial, apesar dos esforços do seu candidato, Daniel Scioli, de se demarcar de Kirchner.
O candidato Mauricio Macri, representante do centro-direita (mas com apoio da União Cívica Radical, em tempos à esquerda) ganhou em toda a linha e é o novo presidente da Argentina, prometendo uma ruptura. Para já, pediu a suspensão da Venezuela do Mercosul. Mas em termos de populismo, pode não ficar muito longe de Kirchner, noutro espectro, evidentemente. É que Macri distinguiu-se por ser presidente do Boca Juniors - um dos gigantes do futebol argentino - durante uma década. Com imensos êxitos, não haja dúvida, já que durante a sua presidência o clube dominou o futebol sul-americano e conquistou incontáveis títulos. Mas presidir a um clube, com tudo o que isso acarreta, não é a mesma coisa que presidir a um país da dimensão daqueles. Por isso, é bem possível que o populismo não deixe a Casa Rosada. Do que não há dúvida é que a geostratégia da América do Sul pode mudar, até porque daqui a dias há eleições na Venezuela. Um aspecto curioso será o de ver como é que uma presidência que pretende aproximar-se dos Estados Unidos vai lidar com a questão das Falklands/Malvinas.
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