quarta-feira, dezembro 16, 2015

O Palácio da Música que nunca o chegou a ser



Já tinha falado disso, aquando dos dez anos da Casa da Música, mas volto agora ao tema, com novas imagens. Lamentavelmente, pensei que a exposição que celebra os cem anos do nascimento de Agostinho Ricca, na galeria da biblioteca Almeida Garret, ficasse até Janeiro, mas só vai estar aberta até amanhã, 17. Entre várias obras concretizadas e celebradas do arquitecto portuense, como o complexo do Foco (incluindo o antigo e excelente cinema e a igreja), um conjunto de estabelecimentos bancários, igrejas, edifícios administrativos, habitações unifamiliares, e outros com mais ou menos interesse, podem ver-se os planos da alternativa à Casa da Música, e que nunca chegou a ser do papel ou da maquete. Na realidade chamar-se-ia Palácio da Música, teria atrás de si o imenso espaço do Parque da Cidade, e não a rotunda da Boavista, e o arquitecto seria português e não holandês. Como hoje se sabe, prevaleceu o "iceberg" de Rem Koolhas. A Casa da Música será provavelmente um projecto mais bem conseguido e esteticamente mais belo do que seria o de Ricca, mas para além de ser uma ideia arrojada e corajosa, o espaço envolvente talvez compensasse. O Palácio da Música seria mais atarracado, mais brutalista, teria um impacto estético menos vertiginoso, mas o cenário de fundo do Parque da Cidade torná-lo-ia igualmente um ex-líbris portuense. Aquele que seria o último grande trabalho de Ricca não vingou, mas o edifício consagrado à música que nunca chegou a ser pode ainda ser visto amanhã, na biblioteca Almeida Garrett, ou, do mal o menos, ficar com uma ideia pelas fotografias de baixo.



Maquete do Palácio da Música, com imagem do seu mentor em segundo plano.

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